Por Jorge Magalhães [1]
Desde há muito que os números centenários das revistas periódicas, nomeadamente as de carácter mais lúdico, como as que publicam histórias ilustradas (vulgo histórias aos quadradinhos ou banda desenhada), costumam ser assinalados de forma especial, distinguindo-se essa celebração, na maioria dos casos, por melhorias editoriais que tanto podem consistir num aumento do número de páginas como numa apresentação mais garrida (a cores, por exemplo, quando as revistas são a preto e branco) e numa capa sugestiva em que se dá devido destaque à efeméride.
Por vezes, justificando o inevitável aumento de preço, os leitores são presenteados também com um brinde extra — geralmente uma separata com um poster —, regalia só por si suficiente para aguçar o interesse dos habituais compradores e atrair novo público, que passará eventualmente a fidelizar-se ao título, acompanhando-o a partir dessa edição.
Todos estes ingredientes que fazem de um número centenário um marco de especial importância na vida de qualquer publicação periódica — e muito particularmente nas de BD, que costumam ter uma relação mais próxima com os leitores — estão reunidos no Tex Coleção nº 300, mais uma edição brasileira com o selo da Mythos que chegou em Maio às nossas bancas.
Um grande poster duplo (42 x 56 cms), com ilustrações de Claudio Villa e Fabio Civitelli, dois dos mais consagrados desenhadores italianos (e texianos) da actualidade, e uma história completa a cores, constituem as galas com que esta revista triplamente centenária festejou um longo e ininterrupto trajecto de 25 anos, dedicado à reedição integral e por ordem cronológica das aventuras do maior herói do faroeste europeu, criado em 30 de Setembro de 1948 pelos mestres Gianluigi Bonelli e Aurelio Galleppini — e adaptado ao cinema, em 1985, num filme do realizador italiano Duccio Tessari, com o célebre actor Giuliano Gemma como protagonista.
Curiosamente, a aventura incluída nesta edição, com o título Forte Apache, ostenta também os nomes daqueles dois ilustres pioneiros e foi publicada originalmente, a cores, no Tex italiano nº 100 (Fevereiro de 1969), o primeiro marco centenário de uma colecção que no Brasil já ultrapassou o nº 540.
46 anos depois dessa data, e quase sete décadas após o nascimento de Tex Willer, o bom e velho bang-bang ainda marca presença nas bancas, preenchendo as saudades de um tempo em que as revistas com histórias de cowboys eram às dúzias.
[1] (Texto publicado originalmente no Blogue “O gato alfarrabista“, em 8 de Junho de 2015)
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