O Alfabeto do Velho Oeste – Letra D

O Alfabeto do Velho Oeste by VieiraWilson Vieira by Fred-MacedoWilson Vieira:

Desenhador e Argumentista Brasileiro de Banda Desenhada, com mais de 36 anos de experiência, dos quais 7 deles (1973/80), participando como colaborador do estúdio Staff di IF em Génova/Itália, ilustrando também alguns episódios de Il Piccolo Ranger para a Sergio Bonelli Editore, Diabolik, Tarzan e o Homem-Aranha (Octopus desafia o Homem-Aranha). É também o autor da saga Nordestina: Cangaceiros – Homens de Couro e da série western – Gringo, assim como autor de vários outros roteiros. E escreve, escreve…
É também autor do seguinte blogue na Internet:

http://brawvhqs.blogspot.com/

O Alfabeto do Velho Oeste by Vieira1Caros LeitoresGeograficamente falando, como sabem o território dos Estados Unidos da América pode ser dividido em três zonas:
1- O Leste, ou seja, a faixa costeira Atlântica delimitada a ocidente pelas cadeias montanhosas de Allegheny e Apalaches.
2- O Oeste, ou seja, o planalto central ocupado inteiramente pela bacia hidrográfica do Mississipi-Missouri e caracterizado, principalmente em sua parte ocidental, pela imensa vastidão de planícies.
3- E o Far West, ou seja, a região que compreende as Montanhas Rochosas e suas vertentes ocidentais que deslizam para o Oceano Pacífico. Tais configurações geográficas são importantes, para compreendermos bem o desenvolvimento histórico da colonização da América do Norte; a faixa costeira Atlântica foi logicamente a primeira a ser dominada pelos Europeus e por ela surgiram os primeiros vilarejos e as primeiras cidades (1600 e 1700), depois, (início de 1800), o grande planalto central foi, não só atravessado, como colonizado, enquanto que os pioneiros erroneamente o consideraram inapto para a cultivação e preferiram seguir para o Far West, ou seja, o Oregon e a Califórnia. Na segunda metade do século, finalmente também foi retomado o imenso planalto, deixado por tanto tempo antes aos índios e bisontes, transformando-se em objectivo de emigrantes, que lá se estabeleceram e colonizaram. Isso deverá ser recordado, para estabelecer dois conceitos, geralmente confusos. 1- Aquele de “fronteira”. 2- Aquele de “conquista” do West. De facto, desde que núcleos de colonizadores ingleses estabeleceram-se na Virgínia em 1620, a vida dura de fronteira, foi para os predecessores brancos uma realidade quotidiana, com todos os percalços e perigos que ela representava; principalmente a hostilidade natural dos índios nativos diante dos cruéis invasores. Ao contrário, com a expressão “conquista” do West, entende-se somente aquele movimento de massa humana, que teve início nos primeiros anos de 1800 e avançou além das fronteiras, pelas cadeias de montanhas, até o vale do Mississipi e depois, foi até à costa do Pacífico; nesse sentido a “conquista” do West não é mais que, o último período da história da fronteira americana. Sendo assim, para esmiuçar o passado americano, que tanto nos fascina, apresento com imensa satisfação O ALFABETO DO VELHO OESTE propondo esse database western básico, narrado a verbetes, em ordem alfabética, os pormenores sobre tal época. Projecto online penso, pioneiro tanto em Portugal, quanto no Brasil, estimulado a publicá-lo, através do amigo entusiasta José Carlos Francisco (Zeca), o qual me ofereceu generosamente o espaço, neste já renomado Blogue e aceitei. Será um trabalho longo e árduo admito, porém prazeroso, onde a cada letra específica, o amigo leitor encontrará uma variedade de descrições relativas a ela, num período onde homens, mulheres, animais, geografia e clima, entrelaçavam-se na batalha árdua do quotidiano em busca da sonhada sobrevivência o Velho Oeste. Espero que aprovem o conteúdo sugerido e me acompanhem, nessa aventura extraordinária, agora com a letra…

D

DakotaDakota – Palavra em dialecto dos Santee = Aliado. Um dos mais importantes grupos da potente família linguística dos Sioux.

Dally – Cada cowboy do Texas, na Califórnia e em Nevada, que usava um “Lariat” de couro não curtido, era chamado de “Dally-Man”, pois amarrava uma das pontas do seu Lariat em voltas soltas em torno do corno da sua sela, para que não se rompesse a cada movimento brusco com o novilho. Depois da mudança do couro para a fibra em 1868, cordas mais robustas eram amarradas firmemente ao corno da sela. O cowboy que preferia essa técnica era chamado de o “Tie-Man” em oposição ao “Dally-Man”.

Dally you tongue – Expressão das gírias dos cowboys (algo como: amarre a sua língua) e significava: feche o bico.

Dança – Os índios dançavam em inúmeras ocasiões: pela caça, guerra, chuva, cerimónias ou agradecimentos. Tambores, matracas e flautas de ossos ou caniços, eram instrumentos que acompanhavam as suas danças e cantos. As danças indígenas não eram tão simples como se podia crer. Algumas eram difíceis e complicadas de se aprender. Em tempos mais remotos, homens e mulheres dançavam separados e executavam passos diferentes, seguindo o mesmo ritmo. Após a chegada dos brancos, porém, tudo foi mudado. Homens e mulheres dançavam juntos, mas somente em danças normais, durante as festas e reuniões, sendo danças religiosas ou cerimoniais conservavam sempre as danças tradicionais. Na maior parte das tribos, os homens, quando dançavam, levantavam os calcanhares e as pontas dos pés bem altos, para que batessem com força no terreno, emitindo um rumor abafado. Existiam diversos tipos de danças, cada uma com o seu ritmo diferente. Os dançarinos trocavam lentamente as suas posições, enquanto que ao contrário, as mudanças de fisionomias e expressões, eram rápidas e algumas vezes violentas. Em certas danças os executores levantavam os braços, em outras salientavam as suas armas, ou emitiam gritos. As mulheres, segundo a dança, moviam-se com leveza, arrastavam os seus mocassins pelo terreno, saltavam ou davam pulos para a frente. Em algumas tribos elas dançavam para fazer retornar da guerra, são e salvo os seus maridos. Quando os índios começaram a dançar com os brancos, encontraram-se pela primeira vez dentro de um círculo, enquanto que os dançarinos moviam-se em direcção ao sol, acção essa, decididamente contrária, às atitudes da sua tribo.

Dança da serpenteDança da serpente –   A Dança da Chuva, é mais conhecida como a “Snake Dance”. Essa dança até hoje é executada, nos primeiros dias de Março, no Arizona, e, sobretudo em Shogopowhi. Os “Hopis” admitem também visitantes estrangeiros, exigindo deles o silêncio total e o não uso de gravadores, máquinas de filmar, máquinas fotográficas e nem telemóveis. Pois trata-se não de uma atracção turística e sim de uma cerimónia religiosa. Enquanto 60 dançarinos preparam-se no “Kiva”, uma espécie de local sagrado, os visitantes ocupam os seus lugares nos tectos das habitações circundantes, perto está uma pequena cabana na qual contém um cesto cheio de serpentes, entre elas as temíveis cascavéis. Avançam primeiramente 30 dançarinos pintados de branco, os Dançadores-Antílopes, que formam um semicírculo e cantam uma estranha melodia. Aproximam-se deles, 30 dançarinos pintados de escuro, que agitam as suas matracas. Trata-se dos Dançadores-Bisontes, que se dividem em quinze duplas; cada dançarino coloca-se de frente ao outro que segura no seu ombro. Aquele que precede, aproxima-se da cabana, enfia a sua mão no cesto dos répteis e pega um colocando-o na sua própria boca. As 15 duplas avançam com um ritmo regular formando um enorme círculo. Os dançarinos que estão atrás de seu companheiro atormentam as serpentes com penas, enquanto as matracas emitem os seus sons característicos, agitadas por todos os componentes do ritual. Tudo isso dura uma hora. Passado esse tempo, os dançarinos param e colocam ao centro de um círculo traçado no chão, as serpentes que se afastam em várias direcções. Elas são recolhidas por 4 duplas de Dançadores-Bisontes que as seguram e avançando em direcção dos quatro pontos cardeais, chegando à saída do vilarejo, deixam-nas livres. Essa dança serve para implorar ao “Grande Espírito” para que seja concedida a chuva indispensável, para a abundante colheita.

Dança do amor – A chamada “Dança do Amor dos Catamounts”, era a mais barulhenta e espalhafatosa dança dos cowboys. Quanto à referência simbólica ao nome “Catamount”, deve-se a uma anedota típica da vida Texana que significava mais ou menos a “Cavalgada do Gato Selvagem”, ou seja: parece que em 1867 o cowboy Andy Carmichael, tendo que pagar uma aposta perdida, teve que montar na garupa de um gato selvagem e a partir daquele dia, ele foi chamado de “Catamount-Andy”.

Dança do SolDança do sol – Dança de cerimónia que os índios das tribos do norte das pradarias e mais uma dúzia de outras tribos, executavam, com a duração de 8 dias, ao fim da Primavera e início do Verão. O perímetro do campo simbolizava o horizonte e o universo e a grande tenda ao centro, a terra. O governo dos EUA tinha proibido essa dança por algum tempo, em consideração pelas mutilações, que as acompanhavam, mas voltou a liberá-las e ainda hoje é celebrada por algumas tribos.

Danças místicasDanças místicas – Uma dança, célebre foi a terrível “Ghost Dance”. Ela surgiu pela primeira vez em 1888. Um jovem índio, Jack Wilson, cujo nome indígena era Wowoka, que trabalhava num Rancho no Nevada, um dia foi acamado com febre. Ele disse que o “Grande Espírito” tinha lhe aparecido e declarado que os índios, então prisioneiros em Reservas, encontrariam a liberdade e suas terras novamente, se dançassem, invocando-o. Essa profecia foi divulgada “num piscar de olhos”. “Siting Bull”, o grande cacique e “Shaman”, aproveitou-se para criar um grande movimento ao qual se uniram todos os Sioux Dakotas. Os guerreiros e as squaws formaram grandes círculos e dançavam até quando entravam em transe, e caíam ao solo, possuídos e cansados. Um verdadeiro vento de revolta assoprou, quando em 15 de Dezembro de 1890, Sitting Bull foi morto e quando os soldados massacraram em Wounded Knee, na Reserva Pineridge, os índios que pacificamente se entregavam. Seguindo esses horrores, a “Ghost Dance” foi proibida, mas, por certo período, algumas tribos continuaram a celebrá-la secretamente. Entre as principais danças executadas pelas tribos indígenas, são recordadas: a “Buffalo Dance”, a “Calumet Dance”, a “Green Corn Dance”, a “Medicine Dance”, a “Scalp Dance” e a Sun Dance”. Durante as quais os índios enfiavam nos seus peitos, ganchos de ferro ou osso, unidos a longas cordas e permaneciam suspensos da terra por várias horas, apenas sustentados por tais objectos. Essa dança reconstruída de um modo perfeito aparece no filme western “Um Homem chamado Cavalo”. É curioso observar como algumas crenças indígenas se assemelham a algumas histórias dos brancos. Esta, por exemplo: “Um índio navegava em sua canoa, quando foi surpreendido pela chuva. Ela durou tantas luas como hoje se formam quarenta dias. No quadragésimo primeiro dia, finalmente, surgiu o sol, então ele dispensou o seu remo, pegou uma lontra que estava no fundo da embarcação e deu-lhe a liberdade. O animal afastou-se, chegou à margem e voltou para ele, trazendo na sua boca um líquen”.

Danças sacrasDanças sacras – Em muitas circunstâncias o índio rendia homenagem ao Grande Espírito. Ele usava pedir, seja isoladamente quer em grupo, a sua ajuda e o seu apoio, ou então fazia sacrifícios para obter a sua graça. Isso acontecia sobretudo para a iniciação de alguns noviços, pela partida para a caça ou para a celebração de vitórias ou de funerais. Tais cerimónias eram numerosas e variavam de tribo para tribo. Eram caracterizadas por cantos e danças que chegavam ao êxtase, como no caso da “Ghost Dance”, que precedia a batalhas sangrentas.

Dance give way – Dança cultural dos índios Comanches. Quando um jovem guerreiro voltava de sua primeira incumbência, o seu pai organizava para ele essa dança. Naquela ocasião cada membro da família ornamentava-se com tudo o que pertencia à família e os ouros dançarinos tinham o direito de levar tais objectos e conservá-los. Em tais danças uma família podia também recolocar todos os seus bens, mas isso demonstrava ao mundo quanto pouco valesse a propriedade e quanto importante fosse os deveres do homem. Retornando da dança o jovem tornava-se um adulto honrado que prometia de ser corajoso, honesto, cortês e leal diante a sua tribo.

DandyDandy – O cowboy trabalhava duramente, tinha pouco tempo para cuidar do próprio corpo e muito menos dinheiro para vestir-se bem. Chamava-se então arrogantemente “Dandy”, a cada homem que dedicava um cuidado especial ao seu corpo e ao modo de vestir.

Danglers – Pequenos ornamentos metálicos em forma de pêra que o cowboy pendurava nas suas esporas nos dias festivos e que soavam quando as botas se moviam. Por isso eram também chamados de “Jingle Bobs”.

Davis JeffersonDavis Jefferson – Foi um aristocrata Sulista, nascido em 1808 numa cabana de troncos em Kentucky, de uma família de pioneiros. Ex-coronel, em 1861 será o Presidente dos Estados Confederados do Sul e o organizador geral do Exército Sulista.

Day herd – Com o termo “Boiada Diurna”, aludia-se geralmente, no Round Up da Primavera, aquela boiada composta por reses seleccionadas, que eram mescladas a aquelas devidamente marcadas, do vizinho. À noite, ou eram deixadas nos pastos dele, ou eram recolhidas quando o verdadeiro dono as vinha recolher.

Day herding – O “Cowboy do Pastoreio Diurno”, no Round Up, cuidava daquela boiada que era seleccionada para a venda. Durante a transferência da boiada, a sua missão era a de cuidar dos animais mais cansados que ficavam para trás, repousando alguns dias.

Day wranglerDay wrangler – Cowboy a cavalo que durante o Round Up e as transferências de boiadas, ocupava-se exclusivamente da “Remuda” dos cavalos. Se os grupos de cowboys eram muitos para os cavalos de reserva existia então um “Day Wrangler” para a vigilância dos animais e um “Night Wrangler” para a vigilância nocturna.

De boca boa – Um cavalo que reagia ao simples e menor toque do bridão (freio da boca do animal), contrariamente ao cavalo de “Boca Dura”.

De la vueltaDe la vuelta – Frase Espanhola, que designava a acção de envolver em volta ao corno da sela a ponta da corda, quando era preciso derrubar outro animal. Os cowboys a transformaram em “Dolly Weltter” e depois em “Dolly ou Dally”.

DelawareDelaware – Tribo dos Algonkins, que se auto definia: “Lenape” = Nós, o Povo. Sujeitos aos potentes Iroqueses habitaram, até o fim de 1770, uma região delimitada pelos actuais Estados de New Jersey, Pennsylvania oriental e Delaware. Ao fim de 1770, transferiram-se para Miami, Florida e mais tarde estabeleceram-se no Missouri e Ontário. Sua maioria em 1867 fixou-se em Oklahoma, onde continuam vivendo na Reserva dos Wichitas. Os Delawares lutaram nas guerras indianas. Após a Guerra Civil Americana, serviram a muitos generais do Exército dos EUA como leais exploradores.

DentistasDentistas – “Um ambulatório dentário na “Rainha das Cidades dos Bovinos”, rendia mais que um saloon”. Escreveu o dentista de Dodge City, Frank D. Lexington, que tinha o seu na Dodge-House. Com o duro trabalho dos cowboys cuidando de animais, era difícil que não se encontrasse alguém com dentes partidos. O ambulatório dentário ficava aberto 12 horas ao dia e estava sempre cheio. Extrair um dente custava 5 dólares, um tratamento de canal 10 dólares, se por acaso era extraído um dente são, ele não era ressarcido. Quando o Dr. John Holliday colocou pela primeira vez os pés em Dodge City, em 8 de Junho de 1878, quis entrar em concorrência com o Dr. Lexington. Fez publicar o seguinte anúncio no “Dodge City Times” de 8 de Junho de 1878: “J. H. Holliday, dentista, oferece muito respeitosamente a sua assistência aos cidadãos de Dodge City e vizinhança, durante o Verão. Ambulatório no apartamento #24 da Dodge-House. Quem não estiver satisfeito, receberá o seu dinheiro de volta”. Uma breve notícia em 19 de Agosto de 1878, no mesmo jornal dizia: “J. H. Holliday, dentista, deixou hoje a cidade, depois que em dois meses de permanência por aqui, não conseguiu entrar em concorrência com o Dr. Lexington. Contrariamente ao Dr. Lexington, o qual possui um óptimo equipamento, o Dr. Holliday possuía somente uma cadeira no seu ambulatório; como equipamento somente um velho alicate para consertar armas de fogo e recebia os seus clientes sempre embriagado, até quando deixaram de visitá-lo”.

Denver – A cidade, fundada em 1858, teve um imenso desenvolvimento quando da “Corrida ao Ouro”, no Colorado, transformando-se no centro económico e comercial, para a qual eram direccionadas imensas riquezas da região. Quando a veia aurífera acabou, Denver sinalizou um intenso declínio que foi bloqueado somente em 1890, ano o qual ela foi interligada a uma importante linha ferroviária.

DerringerDerringer – Pequeno revólver (ou pistola) de cano curto e de grosso calibre. O seu surgimento no mercado Americano, deu-se em 1848, como revólver de percussão, avancarga, de um só tiro, cujo inventor foi Henry Derringer um daqueles alemães estabelecidos em Pennsylvania. Tornou-se rapidamente popular em toda a América e após 1860 foi modificado como arma de retro carga. O nome do armeiro alemão era tão familiar que esse revólver pequeno de um ou mais tiros, cano dobrável, foi chamado simplesmente “Derringer”, mesmo quando foram produzidos novos modelos por outras fábricas, como os revólveres com dois tiros de Starr Sharps. O efeito dessas armas era em curta distância (de 2 a 10 metros) devastador; a partir do momento em que tanto uma bala como os chumbinhos do cartucho eram fabricados com chumbo macio e no impacto com o corpo eles se deformavam até tornarem-se duas ou três vezes mais grossos. Mesmo quando não eram atingidas partes vitais do corpo, a gordura vegetal das quais eram passadas nas munições, causavam geralmente envenenamento do sangue, febre traumática e rigidez cadavérica. Os primeiros a introduzir essas armas no Velho Oeste, foram os jogadores profissionais “Gamblert Guns” (Armas de Jogadores), mas depois, havendo a proibição do porte de armas em algumas cidades, os cowboys também as procuraram, por seu porte insignificante. Nenhum desses minúsculos revólveres faziam mira com muita precisão. Uma lata de conserva podia ser o alvo seguro somente a distância de 3 ou 5 metros.

DestilaçãoDestilação – Muitos colonos destilavam mesmos o seu próprio “Brandy” feito com milho e cevada. Produzindo muito mais do que consumiam, os irmãos Tilford, de Blanco Canyon, tornaram-se famosos no Oeste. Os descendentes dos Tilford estão ainda nos negócios, produzindo os seus produtos e são conhecidos na Terra dos Novilhos, sob a chancela: “Park & Tilford”.

Determinação da idadeDeterminação da idade1 – A idade do cavalo é reconhecida com a ajuda da troca dos dentes, que começa aos 2 anos e meio e acaba aos 5 anos, e com o canino, o apelidado “Feijão”, que sobre a superfície de atrito mostra uma depressão escura e com isso pode-se definir a idade até os 9 anos. Após, a definição da idade do cavalo é incerta. 2 – O cowboy prático determinava a idade dos bovinos olhando os dentes da mandíbula inferior e também com a ajuda dos tamanhos de seus chifres. Até à idade de 2 anos o novilho troca 3 vezes a sua dentição, aos 5 anos a dentição definitiva já está completa. Do terceiro ano e após os chifres formam cada ano um anel bem visível. O primeiro anel conta 3 anos, cada anel a mais se refere a um ano. Um novilho com 10 anos terá então 7 anéis no chifre.

DimsdaleDimsdale – Thomas Josish nasceu em 1831 em Thirlsby, Inglaterra do Norte, morreu em 22 de Setembro de 1866. Estudou Teologia em Oxford e emigrou para o Canadá em 1852. Em Milbrook, Ontário, ficou doente com tuberculose. Procurando um clima mais saudável, estabeleceu-se em Virginia City, Montana, em 1863. Durante o Inverno de 1863/64, leccionou numa escola particular. Foi o primeiro redactor-chefe do “Montana Post” e em 26 de Maio de 1864, o governador do território, nomeou-o como o primeiro Superintendente da Instrução Pública. Depois escreveu uma série de artigos intitulados “Vigilants of Montana”, que foram publicados em 28 de Agosto de 1865. A publicação em volume foi em 1866 e foi o primeiro livro de Montana. Por mais de 100 anos o seu livro consta entre óperas clássicas, narrando sobre os Vigilantes e linchagens, como método de justiça aplicado no antigo Velho Oeste dos EUA.

Dizeres da sela – Expressão dos cowboys, usada para: “Eu ouvi dizer”.

Dodge City – A “Rainha das Cidades dos Bovinos”, a excitante “Babilónia Bíblica das Pradarias”, a “Cidade dos seis Tiros”, o “Inferno das Planícies”, era a cidade no condado de Fort Kansas, na qual “Existia um Saloon para cada 50 habitantes”. Em seus salões de dança ao grito de “Mãos ao Alto”, ressoava tanto quanto aquele “Abaixe as Mãos”. Em Dodge City existiam somente duas casas fechadas, a prisão e a igreja, e não se passava um dia sem um grande tiroteio. Podia-se encontrar de tudo nela; equipamentos completos para caçadores de bisontes, feiras para a diversão dos cowboys, outros para os soldados, e roletas para os aventureiros. “Era a cidade na qual o Selvagem Oeste queimava em sua maior chama”. Originariamente, Fort Dodge foi construído no meio do caminho entre o Missouri e Santa Fé, para ser o escudo da artéria comercial de Santa Fé, mas depois tornou-se o centro operacional para as expedições punitivas do Exército dos EUA contra os índios; mais tarde foi a base para a caça aos bisontes. Somente depois, surgiram os binários da Ferrovia Atchinson-Topeka-Santa Fé, a Cidade dos Bovinos. Em 1872 os trilhos chegaram em Dodge City. Geralmente, num só dia, eram carregadas 40.000 peles de bisontes. Em 1875 Doc Barton trouxe os primeiros 2.000 Longhorns, mas somente em 1875 teve início a Era de Ouro dos Cowboys e trouxeram 180.000 Longhorns do Texas para o mercado local. Em 1876 eram já 322.000, em 1885 eram 201.471. O ano de 1886 sinalizou o fim das grandes boiadas. A partir de 1879 a Ferrovia havia transportado para a região uma imensa multidão de pequenos colonos, os quais segundo as Leis para os colonos, pretendiam terras do Governo ainda livres em volta da cidade, para plantar. Enquanto nos Estados do Kansas, Nebraska, Dakota, Wyoming e Montana, estabelecia-se uma só técnica de criação de gado, através do cruzamento de raças, as pradarias do Kansas transformaram-se, por pequenas agriculturas diversificadas. Em 1886 quase não se falava mais em Bovinos Longhorns do Texas, e Dodge City estava transformada numa cidade de agricultores. As rumorosas ruas com seus saloons e salões de danças, tinham se tornado ultrapassadas, antes mesmo que o último cowboy deixou aquele local.

Doffunies – Termo usado pelos cowboys para indicar as “Tralhas” que portavam consigo em saco ou no cobertor/leito enrolado, para dormir.

Dogie – Originalmente era chamado um novilho sem a sua mãe, mais tarde para os bois brincalhões que continuadamente saíam de seus grupos e eram reconduzidos pelos cowboys a chicotadas e gritavam: “Venham aqui, pequenos dogies!”. O termo era derivado do Mexicano: “Dogal” (Pequena Corda). Com essa corda era amarrado o novilho, enquanto tirava-se o leite da mãe.

Dog soldiersDog soldiers – Os caçadores de peles Franceses, que pela primeira vez entraram em contacto com os Cheyennes, chamaram essa tribo indígena de “Chiennes” (Francês: Chien = Cão), por causa do hábito deles comerem os seus próprios cães. Os primeiros caçadores Ingleses traduziram esse termo Francês simplesmente para: “Dog-Soldiers” (Soldados-Cão).

Donald McKayDonald McKay –   Foi um explorador índio que combateu ao lado dos Federais na guerra contra os Modocs. Pertencia à tribo Warm Springs. O primeiro Destacamento de tropas enviado contra os Madocs, em Dezembro de 1872, com a dificuldade representada pela região, cujas rochas pontiagudas, cortavam as botas dos soldados, foi um fracasso. Em 11 de Abril de 1873 o general Canby conseguiu marcar um encontro com o Captain Jack, para tratarem a paz.

Dorminhoco – Novilho ainda não marcado a fogo, no qual um ladrão de gado colocava a sua marca na orelha, na esperança que os cowboys do Round Up não o marcassem mais. O ladrão retornava depois para marcá-lo com a própria marca, uma acção que se chamava “Sleepering”.

Dorso de porco1 – “Hog Back”. Expressão para colina estreita, que se estendia diante das montanhas. 2 – Denominação para um cavalo com o dorso corcunda.

Double ActionDouble Action – Propriedade de um revólver, para a qual no accionamento do gatilho, o mecanismo de retracção puxa o cão e move o tambor. Seu oposto: o “Single Action”, o cão deve ser puxado pelo dedo antes que se possa atirar. O princípio da Double Action era já usado por volta de 1840, por poucos modelos de revólveres Europeus a percussão, mas tornou-se popular somente em 1878, através da versão “Lightning” do Colt. Daí ele tornou-se o princípio básico para cada revólver.

Douglas A. StephenDouglas A. Stephen – Democrático. Suas opiniões sobre a escravidão divergiam, daquelas de Lincoln. Passaram à História Americana, os debates calorosos entre os dois, rivais, para ocuparem uma cadeira no senado em 1858.

Drag – A fila de uma boiada, onde, por causa do “amassar-se” dos animais mais fracos, levantava durante o caminho, a maior quantidade de poeira. Era, portanto particularmente pesada e desagradável também a incumbência do cowboy no fim da fila e do “Drag Man”.

Drift – Termo com o qual, se aludia à instintiva mudança de uma boiada de um lugar para outro, ou para escapar ao vento ou tempestade, ou para encontrar novos pastos. As cercas “anti-mudanças” que eram erguidas a sudoeste, ou seja, na direcção do vento durante as tempestades vindas do nordeste; serviam para impedir tais mudanças das boiadas e equipamentos, pois os bovinos não iam jamais contra o vento.

Dry gulchDry gulch – Assaltar e matar alguém, durante uma emboscada.

DrugstoreDrugstore – A particularidade desse negócio comercial, tipicamente Americano, consistia na variedade das mercadorias colocadas à venda: de remédios a especiarias, de comida rápida ao cigarro. Além de tudo num Drugstore respeitável, não poderia faltar a famosa “Soda Fountain”. O distribuidor automático de água de soda. Ela foi uma ideia de um certo John Matthews que a inventou em 1823. A água de soda tornou-se a típica bebida Americana, não alcoólica. “O mérito principal da soda-water, que a fez a nossa bebida Nacional, é a sua Democracia. O milionário pode beber champanhe, enquanto que o “pobre coitado” bebe cerveja, mas ambos bebem a soda-water”. Escreveu um sociólogo. O Drugstore, especialmente em pequenos centros, tornou-se também um local de reuniões de todos aqueles que não amavam frequentar os menos tranquilos “Saloons”.

DudeDude –   Indicação originária para indicar qualquer “Janota”, que chegava ao Oeste exagerando em seus trajes de cowboy. Hoje o significado do termo é outro e refere-se exclusivamente, a um “Hóspede que passa as suas férias no Rancho”. Esses Ranchos do tipo “Dude” são exclusivamente para turistas que durante a estação, “Vivem no Velho Oeste” e são guiados por cowboys durões, chamados “Roughneck”. Uma turista casada é chamada de “Dudeen”, uma jovem solteira é uma “Dudette”. Existem também para os turistas os cavalos “Dude”; dóceis e pacientes. O director de um desses Ranchos é chamado pretensiosamente de “Dude Wrangler”.

Duffield – George C. Comerciante de bovinos do Iowa. Em 1 de Abril de 1866 levou uma das maiores boiadas de gado Longhorns do Texas, para o norte com a intenção de realizar o maior negócio da sua vida. Atravessou o Big Muddy River e tomou um banho quente em Nebraska City, sua boiada que na partida contava com 3.000 animais, chegou com 298 cabeças, por causa de dispersões, chuvas, temporais e tempestades. Escreveu no seu diário: “Nunca mais tentarei isso novamente”. Esse diário foi publicado em “The Annals of Iowa”, em 1924, descrevia tudo por ele provado e permanece hoje um dos testemunhos mais clássicos e objectivos da sua época.

Duffle-sack – Indicava para o cowboy, exactamente o que significava para cada marinheiro, o seu saco de estopa: era colocado nele, todas as poucas coisas que um homem possuía.

DugoutDugout – (Canoa). Aquele modo de sistemar a própria habitação na pradaria nua, obtida escavando simplesmente no solo e recobrindo o escavado com torrões de capim. Geralmente era o mais prático, construía-se um similar “Dugout” aos pés de uma colina e fechava-se a abertura anterior com tijolos cozidos ao sol (adobe). Essas habitações primitivas representavam quase sempre o núcleo de um futuro Rancho. Mas também eram construídos nos grandes Ranchos já delimitados por cercas e por homens a cavalo, quando o escritório central ficava muito distante. Nas regiões ameaçadas por ciclones, como o Kansas, os colonos construíam os seus “Dugouts” também como refúgio de emergência.

Dull KnifeDull Knife – Foi um grande cacique dos Cheyennes do norte. Tornou-se famoso em 1868 quando foi autorizado a assinar o tratado do Fort Laramie. Depois da batalha de Little Big Horn, na qual os Cheyennes participaram juntamente com as tribos dos Dakotas; os Americanos atacaram o território de Dull Knife, destruindo 163 tendas e capturaram 500 poneys. Os índios entregaram-se e foram conduzidos para uma Reserva no Oklahoma, onde deveriam viver em péssimas condições. Dull Knife e seus guerreiros escaparam e iniciaram uma fuga que deixou a todos admirados. Um pequeno grupo de mulheres, crianças e velhos, escoltados por guerreiros, atravessou o Kansas, mantendo-se afastado das tropas inimigas. Após superarem as dificuldades mais incríveis, os Cheynnes foram presos e transladados para o Forte Robinson, Nebraska, onde, escondendo as suas armas, tentaram a última rebelião. Numa noite muito fria em 8 de Janeiro de 1879, essa gente extenuada, foi abatida por soldados. Alguns conseguiram escapar, entre eles Dull Knife que, chegando a Black Hills, obteve justiça para os sobreviventes. Dull Knife morreu em 1883 e foi sepultado sobre uma colina no vale do Rosebud River. Por toda a sua vida, nunca deixou de combater pela liberdade do seu tão sofrido povo.

* Caricatura: Fred Macêdo
* Edição, revisão e adaptação portuguesa: José Carlos Francisco

3 Comentários

  1. A história do velho oeste é uma das bonitas e bem divulgadas do mundo, isso só traz vantagens para o povo e a cultura americana.

  2. O nome correto do revólver pequeno original é Denriger,com um R só, modelos por outras fábricas sim Derringer com dois R.

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