(9 de Dezembro de 1927 – 3 de Setembro de 2022)
Esta é uma das notícias que nunca queremos dar, mas que a lei da vida a isso nos obriga. Alarico Gattia grande ilustrador e desenhador do fumetto italiano, faleceu no passado sábado, dia 3 de Setembro, aos 94 anos, deixando a banda desenhada mais pobre.
Por Mário João Marques
No passado dia 3 faleceu Alarico Gattia, um dos nomes sonantes do fumetto italiano, a poucos meses de completar 95 anos de idade. Com a sua morte, podemos, naturalmente, afirmar que desaparece mais um desenhador de Tex, mas Gattia foi muito mais que o desenhador de Glorieta Pass, aventura publicada no Almanacco del West 1998, até porque este acabou por ser o seu único trabalho na série.
Nasceu em Génova em 1927, mas formou-se artisticamente em Milão, nos anos 1950, onde começa a trabalhar na publicidade, década que marcou também a sua estreia como ilustrador em alguns trabalhos para a editora Mondadori. No final dos anos 1960, inicia a sua carreira de desenhador, realizando alguns esboços para Diabolik, assim como para algumas histórias nas revistas Horror e Corriere dei Piccoli, até se transferir para Il Giornalino, onde vai desenhar adaptações de clássicos da literatura. Escreveu e desenhou L’Uomo del Klondike e L’Uomo del Sud, dois episódios para a coleção Un uomo un’avventura, para a editora Cepim (atualmente Sergio Bonelli Editore). Colaborou em Storia d’Italia a fumetti para a Mondadori, assim como para La Découverte du Monde e Histoire du Far West para a editora francesa Larousse. Colaborou também com a revista Comic Art, onde vai escrever e desenhar algumas histórias. Em 1983, foi um dos autores convidados a dar uma interpretação pessoal de Tex Willer para o portfólio I Volti Segreti di Tex da Edizioni d’Arte lo Scarabeo. Foi também um dos fundadores e presidente da Associazione Illustratori. Em 1984, recebeu os prémios Caran d’Ache e Yellow Kid.
Numa das várias entrevistas (# 2 de Sciacallo Elettronico, fevereiro 1996) concedidas ao longo da sua extensa e profícua carreira, que atravessou grande parte da história do fumetto italiano, Gattia confessou que desde criança sempre fora um grande leitor, considerando a leitura como a base de todos os profissionais da banda desenhada. A descoberta de Alex Raymond e das suas personagens permitiu-lhe conhecer a qualidade artística do autor norte-americano, que começou a copiar, assim como a consultar livros e fotos. Sempre considerou que o desenho requer continuidade, sacrifício, paixão e sobretudo muito trabalho. Desenhar e copiar, copiar e desenhar, porque todos copiam todos, adquirindo posteriormente o seu próprio estilo.
Com a morte de Alarico Gattia, desaparece mais um pouco da época de ouro do fumetto italiano, mas sobretudo uma pessoa generosa, um mestre para muitos, um fino intérprete do desenho e da ilustração.
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