Entrevista exclusiva: ALFREDO CASTELLI

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco, com a colaboração de Giampiero Belardinelli e Pedro Cleto na formulação das perguntas, de Júlio Schneider (tradutor de Tex para o Brasil) e de Gianni Petino na tradução e revisão e de Bira Dantas na caricatura.

Olá, caríssimo Alfredo Castelli, e bem-vindo ao blogue português de Tex. Em 2012 Diabolik completa cinquenta anos de vida editorial. Você entrou em contacto com a Editora Astorina para realizar Scheletrino (n.t.: Esqueletinho) e depois trabalhou directamente com as irmãs Giussani. Como foi o seu contacto com as irmãs e o que se recorda daquele período de sua carreira?
Alfredo Castelli: A primeira coisa de que me recordo é que eu era muito jovem, coisa da qual sinto muita saudade, mas não faz mal. Era o Verão de 1964 e Diabolik ainda não tinha dois anos de vida, enquanto eu havia recém completado 17. A segunda coisa é que eu ainda era tão inconsequente a ponto de apresentar uma série desenhada por mim, mesmo sem saber desenhar. Dirigi-me às irmãs Giussani depois de ter visitado Monello e as Edições Alpe. Angela e Luciana, de quem depois tornei-me amigo, aceitaram o meu trabalho. Eu havia proposto uma série humorística que, anos depois, eu modificaria e reapresentaria como Zio Boris (Tio Bóris); uma das personagens era um esqueleto que podia até parecer a paródia de Kriminal, o primeiro concorrente sério de Diabolik. As irmãs – como costumo chamá-las – divertiram-se e, em 1965, saiu a primeira história do Scheletrino. É uma personagem incrivelmente banal e mal desenhada, mas muita gente ainda se recorda dela.

Entre as várias iniciativas às quais você participou e criou junto a outros colegas, gostaríamos de destacar a revista Horror, idealizada com Pier Carpi, uma revista inovadora para o mercado italiano daquele período. O que nos pode contar da experiência?
Alfredo Castelli: Ao sabiamente abandonar o desenho, passei a dedicar-me apenas aos roteiros e comecei a escrever histórias de humor e de aventura para vários editores: na época o mercado funcionava bem e não havia dificuldades particulares, embora o facto de ser muito jovem (para ser exacto, o mais jovem autor de BD do momento) nem sempre ajudava. Em 1967 eu e Gino Sansoni, marido de Angela Giussani, editamos um número profissional de Comics Club 104, o primeiro fanzine italiano dedicado aos quadradinhos e que eu e Paolo Sala havíamos fundado no ano anterior. Ambos tínhamos em mente uma revista de terror (eu, mais no estilo de Creepy, ele, numa abordagem esotérica), e a propusemos. O doutor, como todos o chamavam, era um maluco genial que mereceria um tratado e que jamais recusava um desafio, por isso aceitou publicar. Pier Carpi, que na época trabalhava com Sansoni, também era um tipo bastante extravagante e difícil, tanto que a certa altura nós brigamos feio e eu larguei a revista. Vários anos depois nós reatamos o relacionamento e nos tornamos muito amigos. Carpi faleceu no dia do meu aniversário, doze anos atrás, e isso entristeceu-me bastante. Ele havia tido muitas ideias, algumas das quais geniais. Muitas de suas obras deveriam ser redescobertas, mas é difícil achar um editor que cuide disso. Quanto à Horror, eu creio que foi a primeira revista de prestígio feita apenas por autores italianos; havia muita gente boa e alguns dos autores – por exemplo, Uggeri, Di Gennaro, Cimpellin, que trabalhavam no Corriere dei Piccoli – estavam dispostos a trabalhar por valores menores que os de costume, apenas pelo prazer de participar. E Carpi ainda descobriu alguns talentos excepcionais, como Zaniboni, Rostagno, Cianti. Horror parou em razão da baixa vendagem: 35.000 exemplares. Uma quantidade que hoje, para conseguir, os editores fariam um pacto com o diabo.

No período em que colaborou com o Corriere dei Piccoli você deu vida a várias personagens. Fale um pouco disso.
Alfredo Castelli: O Corriere dei Piccoli era a mais antiga revista italiana para jovens, clássica como, em Portugal, ABC-zinho ou O Mosquito, e saiu de 1908 a 1995. Mais do que com o Corriere dei Piccoli, para quem fiz só poucas histórias, eu colaborei com o Corriere dei Ragazzi, o nome que a revista semanal adoptou em 1972 (depois o Corriere dei Piccoli voltou a ser publicado, e as duas edições continuaram de forma simultânea). O principal roteirista do Corriere (dei Piccoli e dei Ragazzi) era Mino Milani, mas a certa altura eu também comecei a produzir muito material como, por exemplo, as séries L’Ombra (A Sombra) e Gli Aristocratici (Os Aristocratas), que Ferdinando Tacconi e eu continuamos a produzir, depois do encerramento do Corriere dei Ragazzi, para a revista semanal alemã Zack, com o título Gentlemen GmbH. Ambas as séries foram publicadas em Portugal pela revista Jornal do Cuto, a partir de 1975; há poucos anos eu consegui achar todas as edições da revista que continham essas histórias, numa loja de BD no Porto. Também para o CdR eu retomei Zio Boris, a série que eu havia inicialmente apresentado às irmãs Giussani e que havia saído em 1970 na revista Horror ilustrada por Carlo Peroni. Com Bonvi (de Sturmtruppen) e Dani Fagarazzi fizemos uma secção satírica de grande sucesso, chamada Tilt, na qual, devidamente caricaturizados, também éramos protagonistas junto com o director da revista, Giancarlo Francesconi. Sozinho eu criei uma série que ainda hoje é muito apreciada, L’Omino Bufo (Bufo deveria ser escrito Buffo, e significa engraçado, gozado, mas o protagonista falava e escrevia de modo terrivelmente incorrecto. O Homenzinho Engraçado fazia trocadilhos terríveis, que comentava a rir de modo descomposto – “Ah, ah, ah! Che bufo!“, ou seja, “Ah, ah, ah! Que gozado!“). Como era desenhado muito mal – pelo simples facto de que eu não sei desenhar – a série deixava os leitores à vontade, que mandavam centenas de piadas, uma mais bufa que a outra. Creio que o Omino Bufo seja a minha personagem mais lembrada, e de vez em quando ainda desenho uma ou outra strissia (o correcto é escrever striscia, ou seja, tira) e em Agosto de 2012 foi aos quiosques uma estatueta que o representa. O Corriere dei Ragazzi foi uma revista realmente importante no panorama italiano dos quadradinhos. Além de publicar histórias de Hugo Pratt, Dino Battaglia, Sergio Toppi, Grazia Nidasio (uma mulher espirituosa, inteligente, muito culta), Uggeri, Aldo Di Gennaro, Milo Manara, Ferdinando Tacconi, Bonvi, Silver, Attilio Micheluzzi, Giancarlo Alessandrini, Alberto Breccia, Arturo Del Castillo, Jorge Moliterni, Gigi, Claude Moliterni e o simpaticíssimo Albert Weinberg – e eu tive a sorte de trabalhar com a maior parte deles –, Giancarlo Francesconi a transformou numa revista de verdade, atento à realidade e em condições de encarar inclusive assuntos espinhosos. Além de trabalhar como roteirista, também fui redactor e foi ali que ganhei experiência para tornar-me jornalista profissional.

Você trabalhou com muitos editores e, inevitavelmente, entrou em contacto com as publicações de Sergio Bonelli, que sempre brincou sobre o seu primeiro encontro com ele: como aconteceu?
Alfredo Castelli: Sergio sempre dizia que me conheceu “de calças curtas” e acho que ele acreditava mesmo nisso. Mas não foi assim: na época eu tinha 18 anos e já não usava calças curtas há muito tempo. De todo modo, por muitos anos eu também fiz confusão sobre como e porque nos conhecemos (do quando eu tenho certeza: foi no final de 1965). Até há pouco tempo eu sempre respondia a essa pergunta com convicção: “Em 1965 Paolo Sala, co-criador do fanzine Comic Club 104, e eu batemos à porta de todos os editores de BD de Milão para tentar vender alguns exemplares. Também passamos pela Bonelli, que na época chamava-se Araldo; fomos recebidos por Liliana Gentini, a primeira pessoa da Editora que conheci, ainda hoje na primeira fila da redacção da Rua Buonarroti, que disse que nos levaria à presença de Sergio. Eu não fazia a mínima ideia de quem era: o nome dele não aparecia nas revistas, era uma pessoa extremamente esquiva e só os profissionais do sector sabiam de quem se tratava. Para minha surpresa ele comprou dois exemplares: uma atitude generosa em relação a quem demonstrava amar os quadradinhos e que ele sempre adoptou até o fim“. Mas não foi assim: há alguns meses folheei o primeiro número de Comics Club 104 e percebi que escrevi um artigo (A Historieta Argentina) graças a um volume que Sergio me havia emprestado. Não só isso: Comics Club era de 1966, enquanto que eu colaborava com a Colecção Oceano (uma das poucas séries estrangeiras editadas pela Bonelli, que publicava Magnus the Robot Fighter, Doctor Solar, Frogmen) desde 1965, com uma secção sobre a história da BD. Porque ele passou-me aquela tarefa, visto que eu jamais havia escrito sobre o assunto? Porque nos conhecemos? Infelizmente eu creio que jamais saberei. O facto é que Sergio também passou-me alguns roteiros de Carabina Slim, a fazer para Bernadette Ratier, de Aventures et Voyages, com quem a Bonelli detinha um bom relacionamento de trabalho. Eu escrevi a minha primeira história de Zagor (Molok) em 1968, embora só tenha sido publicada em 1971.

No final dos anos Sessenta e início dos Setenta a realidade editorial da BD era muito vasta. Você sente saudade daqueles tempos ou acha que, ainda hoje, não faltam as chances para emergir?
Alfredo Castelli: A chance para emergir existe em qualquer situação. O problema é a dificuldade, que hoje é bem maior. Não é que eu sinta saudade daqueles tempos, mas é claro que na época as coisas eram mais fáceis. Um ano depois de ter começado, por exemplo, eu ia à universidade e escrevia não só para vários editores como também para Maria Perego e Federico Caldura (os criadores de Topo Gigio) na série de bonecos animados Cappuccetto a Pois / Die Abenteuer der Cappuccetto (Chapeuzinho de Bolinhas) transmitida pela TV suíça; para Carosello, um programa publicitário da TV que fez a história da televisão italiana, formado por pequenos espectáculos de géneros variados que duravam cerca de 100 segundos (sugiro aos leitores procurar no YouTube). Eu ganhava discretamente e o trabalho jamais faltava. Agora – a não ser por uma sorte descarada ou uma qualidade excepcional – a coisa é impensável para um estreante.

A personagem de Allan Quatermain antecipou, no conteúdo, a sucessiva Martin Mystère. Fale um pouco disso.
Alfredo Castelli: Allan Quatermain foi a primeira encarnação de Martin Mystère e surgiu em 1975. Naquele ano eu apresentei o projecto da série a Il Giornalino, uma revista para a qual no início dos anos 70 eu havia escrito duas séries (Gli Astrostoppisti – algo como Os Caroneiros do Espaço – e Mister Charade) e histórias livres. Não foi aceite. Na época uma recusa não era um drama: como eu disse, o mercado funcionava muito bem, e havia várias revistas que publicavam séries em episódios; se uma coisa não era aceita, era só apresentar outra, sem muitos problemas. A ideia descartada poderia ser tirada da gaveta na hora certa, como aconteceu com Allan Quatermain, que saiu em 1979 em SuperGulp. Depois do encerramento da revista semanal, eu a apresentei a Bonelli na fórmula actual em 1980. Dois anos de preparação de um pacote de histórias, e logo chegamos a 1982.

Então vamos nos deter no Detective do Impossível. A personagem que foi aos quiosques em Abril de 1982, quanto era diferente da sua ideia inicial?
Alfredo Castelli: Não era muito diferente, excepto pelos nomes, pelo tamanho das histórias e pelo facto de que Quatermain morava em Londres e não em Nova York.

Qual foi a reacção de Sergio Bonelli depois da publicação das primeiras aventuras?
Alfredo Castelli: Ele esperava uma série mais agitada. Ele ficou muito perplexo ao ver uma personagem de BD que usava um computador – um aparelho que estava há pouco no mercado mas que já na época Bonelli detestava, como tudo que era electrónico. A vida inteira ele dizia – a brincar, mas não de todo – que eu havia trapaceado ao levar em frente uma série diferente da que havia sido proposta. Com relação ao computador, parece que Martin Mystère foi a primeira personagem de BD a possuir um personal computer. Não sei se é verdade, mas eu não achei exemplos precedentes. Eu tinha um daqueles que na época eram chamados de home computer, aparelhos não muito caros que eram conectados ao ecrã da TV. Era um Atari 800, programado em basic e com os registos gravados num gravador de fita. Fazer isso demorava vários minutos e não havia garantia de que a gravação seria boa o suficiente para permitir abrir novamente os arquivos. O Personal Computer era praticamente exclusividade da IBM e custava caro demais (a fazer as devidas comparações, eu diria algo em torno de 25.000 Euros actuais para um aparelho com 128K de RAM!). Como eu não podia me permitir, fiz com que a minha personagem tivesse um.

Um dos temas dominantes da série – ao menos nos primeiros dez anos – foi o dos continentes perdidos. O que o fascinava neste assunto?
Alfredo Castelli: Eu não diria genericamente continentes perdidos, eu diria mais especificamente continentes perdidos de Atlântida e Mu. Na saga de Martin Mystère eram duas civilizações mais ou menos como a nossa e que, por puro desejo de expansão de poder, haviam se defrontado numa guerra que, há cerca de 10.000 anos, havia culminado com a destruição total de ambas e havia arrastado na catástrofe o resto do mundo, a fazer os sobreviventes regredir a um nível de semi-barbárie. Um acontecimento que uma antiga seita, a dos Homens de Preto, desde sempre busca manter em segredo, e destrói tudo o que poderia provar que aconteceu: sim, porque se hoje nós nos déssemos conta do que ocorreu no passado remoto, provavelmente tentaríamos não cometer os mesmos erros de quem nos antecedeu, e isso abalaria consolidados mecanismos de poder. Por um certo período essa tese – que, na minha opinião, possui um fascínio ameaçador – constituiu a base sobre a qual se assentou uns 30% das aventuras de Martin Mystère. Depois a coisa começou a tornar-se repetitiva e a deixei um pouco de lado. Nos seus trinta anos de vida Martin Mystère ocupou-se de mysteri (mystérios) de todo tipo. A propósito, mistérios em italiano se diz misteri, e mysteri (com y) é um neologismo que eu criei e que difundiu-se também fora do âmbito Bonelli, usado para diferenciá-los daqueles de carácter policial ou político (infelizmente muitos, na Itália). Então, mystério é tudo o que é incomum e curioso, que estimula a curiosidade e o desejo de saber mais; não só Atlântida, o Graal ou os OVNIS, mas a História, as artes, a literatura, as ciências exactas (O mystério do último teorema de Fermat).

Qual é a principal diferença entre escrever histórias de Martin Mystère e de Diabolik?
Alfredo Castelli: Escrever histórias de Martin Mystère e de Diabolik (ou Tex) apresenta dificuldades de carácter oposto. Ninguém se escandaliza se Diabolik rouba pela enésima vez um diamante exposto no museu ou se Tex caça pela enésima vez uma quadrilha de assaltantes de diligências. A dificuldade para essas duas personagens não é tanto a de arrumar novas ideias, mas a de criar infinitas variações para os mesmos temas. Com Martin Mystère este problema, graças aos céus, não existe, visto que pode-se passear sobre inumeráveis argumentos, mas em compensação, ao contrário de Tex e Diabolik, ele não pode enfrentar duas vezes a mesma situação: se Martin acha o Graal na Basílica de San Nicola, em Bari, não pode achá-lo de novo nos subterrâneos do Castelo de São Jorge: a ideia está queimada para sempre. É evidente que, nos primeiros dez anos de vida, o trabalho do Detective do Impossível era só escolher o tema, mas hoje, depois de tanto tempo e de tantos mystérios variados, tudo é muito mais difícil, embora eu acredite que as ideias não se esgotarão. Hoje que, depois do sucesso do Código Da Vinci, as histórias mysteriosas estão na moda (na Itália e na Espanha todo mês saem dezenas de romances com esses assuntos e, francamente, eu me pergunto como é que vendem), eu gostaria de retomar, de um modo diferente, certos temas usados nos anos 80. Uma hora eu arrumo algum expediente engenhoso para fazer isso.

Quais foram, na sua visão, as mudanças que a série sofreu nesses trinta anos de vida editorial?
Alfredo Castelli: Nenhuma mudança traumática como, por exemplo, as dos super-heróis americanos. Como eu disse, mudaram um pouco os mystérios, o BVTM (Bom Velho Tio Martin) envelheceu um pouquinho (não de trinta anos, como o autor: digamos que para as personagens de BD – sorte delas – só se passa um ano a cada cinco dos nossos), tornou-se mais caseiro, casou-se com Diana e está decididamente mais humano e simpático que o Martin das origens. Seus leitores o chamam afectuosamente de BVZM (Buon Vechio Zio Marty, ou BVTM, Bom Velho Tio Martin, em português), consideram-no um amigo e gostam de acreditar que é uma pessoa real. Sinto um orgulho realmente grande pelo relacionamento de Martin com seus leitores.

A propósito de relacionamentos, o modelo herói-assistente-noiva eterna (Martin Mystère-Java-Diana) seria o mesmo se Martin Mystère tivesse sido criado actualmente?
Alfredo Castelli: Eu diria que sim. Com as adaptações devidas, sempre funciona, desde Platão a Goldoni, e também a Cervantes e aos protagonistas de dois filmes muito mysteriosos, quais sejam O Tesouro e O Tesouro 2 – Livro dos Segredos, da Disney. (N.T.: no Brasil, A Lenda do Tesouro Perdido e A Lenda do Tesouro Perdido – Livro dos Segredos)

E se criasse Martin Mystère hoje, você o modificaria? E como?
Alfredo Castelli: É uma pergunta à qual é impossível responder, as variáveis são muitas. Se Martin Mystère não existisse, mas o resto do mundo (inclusive e sobretudo o editorial) fosse exactamente o de hoje, eu não tentaria sequer criar Martin Mystère: ele não seria mais uma personagem original como era em 1982 e, principalmente, teria muita concorrência entre livros, filmes, programas de televisão.

A bimestralidade, em nossa visão, fez bem à serie, mas como o público reagiu a essa inovação?
Alfredo Castelli: Transformar a série mensal em bimestral foi uma decisão que alguns interpretaram erroneamente como um sinal de que as coisas não iam bem e que tentava-se salvar o salvável. Não foi isso: tratou-se de uma escolha precisa que permitiria publicar edições mais volumosas, verdadeiros livros com 160 páginas, e de elaborar histórias completas sem precisar comprimi-las em 96 páginas. Eu contava que os leitores entenderiam, e assim foi. A mudança de periodicidade aconteceu a partir do n° 279, de Junho de 2005, e teve efeitos positivos imediatos nas vendas. O próprio Sergio Bonelli, que era contrário à operação mesmo após ter permitido que eu a levasse em frente, admitiu publicamente e com muito fair play que estava errado e que ficou contente com seu erro.

Muitas vezes você acreditou nas respostas que Martin Mystère obteve?
Alfredo Castelli: Geralmente as tramas do Detective do Impossível têm uma precisa base histórica, literária ou de outro tipo, mas Martin Mystère é sempre uma personagem de fantasia que conta histórias de fantasia. Eu faço questão de destacar esse detalhe e, não por acaso, em cada edição há um artigo que explica o que há de verdadeiro e de inventado nas histórias, porque eu não pretendo fazer com que os leitores acreditem em coisas não-verdadeiras. Feitas essas premissas, posso responder que acredito nas respostas obtidas por Martin em cada caso. Algumas respostas são fantásticas demais para que eu acredite nelas, outras mais ou menos plausíveis – embora não comprovadas –, o que me faz pensar um pouco na sua veracidade. Mas se a pergunta é sobre como eu me coloco diante de uma matéria controvertida enfrentada por Martin (como fenómenos paranormais, OVNIS, magia e coisas do tipo), eu digo que sou bastante céptico. E, do seu jeito, o Detective do Impossível também o é, visto que nunca aceita nada no impulso, ele documenta-se e investiga do modo mais objectivo possível. É óbvio que Martin vive num mundo que, embora bastante parecido com o nosso, é de fantasia, e nele certos fenómenos podem tranquilamente acontecer.

Há alguma história de Martin Mystère que você ainda não conseguiu contar?
Alfredo Castelli: Existem histórias que eu gostaria de contar mas decidi não fazer isso, a seguir a filosofia da Editora com a qual, em linhas gerais, eu concordo. O objectivo de nossas edições de série (as regras podem não valer para os one shot, volumes isolados) é um entretenimento o quanto possível inteligente e, no caso de Martin Mystère, com um fundo educacional. Os protagonistas podem – aliás, devem – possuir uma componente política (por exemplo, Martin Mystère é um democrata liberal, o que na Itália nós definiríamos de esquerda, e seus actos mostram isso) mas não um posicionamento de partido, o que derivaria para a propaganda. Martin admite que não é muito religioso no sentido tradicional do termo, mas respeita todas as escolhas desse campo enquanto essa não tolhe a liberdade de terceiros. Nesse sentido – do respeito – deve-se enquadrar a escolha de evitar histórias sobre mystérios religiosos ou milagres. As aparições de Fátima, por exemplo, com o sol que dança e o Terceiro Segredo, poderiam ser uma óptima inspiração e ser interpretadas de modos muito interessantes, mas tais interpretações poderiam chocar a sensibilidade de quem acredita. Nas edições Bonelli também é difícil abordar a actualidade em sentido estrito, visto que, do momento da primeira ideia para uma história até o lançamento da BD, passa-se no mínimo (mínimo mesmo) um ano. Como Martin Mystère actua num mundo real, em alguns casos clamorosos (por exemplo, a derrubada das Torres Gémeas) nós retocamos os diálogos e mudamos alguns quadros pouco antes de mandar o material para a impressão, mas é o máximo de actualidade que podemos nos permitir. As histórias ligadas a temas do momento provocariam, justamente, reacções positivas ou negativas e, em razão dos prazos de confecção das edições, não seria possível o contraditório, uma explicação, e isso seria pouco correcto.

Como é o seu método de trabalho para escrever as histórias de Martin Mystère?
Alfredo Castelli: O pior de todos, que não aconselho a ninguém. O método correcto para escrever uma história, seja uma BD, um romance ou um filme, é elaborar um argumento, fazer os ajustes e, quando está bom, fazer o roteiro ou, de todo modo, elaborar a trama completa. Mas eu muitas vezes começo sem sequer saber qual será o tema central da história, quem sabe porque o desenhador ficou sem roteiro e precisa trabalhar. Depois de enviar algumas páginas boas para qualquer situação, eu vou em frente à base de dez ou quinze páginas de cada vez, quando eu mesmo descubro aos poucos do que estou a falar, e várias vezes acabo em situações terrivelmente enroladas. Até hoje eu consegui fazer funcionar, mas – apesar de estar acostumado – é um sistema muito trabalhoso, inseguro e gerador de stress.

Para você foi fácil entregar Martin Mystère a outros autores? Como é o seu relacionamento com eles?
Alfredo Castelli: Absolutamente sim. Saber que eu teria ajuda deu-me mais tranquilidade. Os autores escrevem ou desenham segundo a própria personalidade, assinam as histórias e recebem os direitos de autor assim como eu. Mas confesso que sou um pouco despótico , como as irmãs Giussani eram com Diabolik ou como Sergio era com Zagor ou Tex. Muitas vezes eu refaço os diálogos do modo que parece-me mais correcto, e, em caso de discussões – inclusive sobre os desenhos – se não se chega a uma solução de consenso, a última palavra é minha por ser o criador e, sobretudo, o editor responsável pela série. Apesar disso, espero e acredito que sou bastante querido pelos meus colegas.

Qual a história de Martin Mystère feita por outro autor que você gostaria de ter escrito? Qual é o desenhador com quem você mais gostou de trabalhar para Martin Mystère?
Alfredo Castelli: A essas duas perguntas sobre os muitos outros bons autores que se alternam em Martin Mystère eu prefiro não responder. Não sou hipócrita a ponto de fingir que não tenho preferências, como faz um amoroso pai com seus filhos: é óbvio que eu tenho os meus preferidos, mas por respeito com quem não é, não pretendo revelar quem são. De todo modo (isto é verdade), todos contribuíram para que, depois de trinta anos, a série ainda esteja viva e saudável.

Sem demérito para os seus outros colaboradores, pode-se dizer que Paolo Morales é um roteirista (além de grande desenhador) que tem aquela capacidade de conjugar documentação, acção e profundidade psicológica das personagens, os protagonistas em primeiro lugar. Esse autor seria uma espécie de seu alter ego? Ou não?
Alfredo Castelli: Morales tem uma capacidade extraordinária de visualizar a acção: não por acaso ele fez storyboards de filmes importantes como Gangues de Nova York, de Martin Scorsese. Ele também é óptimo para traçar o carácter das personagens e fazê-las interagir. A sua especialidade são histórias em que se fazem complôs talvez pouco mysteriosos, mas que sem dúvida são inquietantes e realísticos. E acho que, como roteirista, ele é bem melhor do que eu. Bah, eu finjo acreditar que é só porque ele é mais jovem.

Já Carlo Recagno é o seu braço direito na redacção: o que pode nos dizer dele?
Alfredo Castelli: A primeira história de Carlo Recagno, Ar de Baker Street, é de Dezembro de 1992; então, logo se festejarão duas décadas de sua colaboração com a Bonelli, primeiro como roteirista externo e depois como redactor. Para aquela edição ele fez um storyboard tão preciso que, com uns poucos ajustes, poderia ser publicado. Ele realmente é um ilustrador mais que discreto, apesar de ter preferido deixar o desenho de lado em favor da escrita. Além de ser um amigo, um valioso colaborador e um óptimo autor (a sua especialidade são as histórias fantasy, sobretudo com personagens das mitologias nórdicas, e histórias de ambientação vitoriana), Carlo é uma pessoa particularmente mysteriosa. Fala pouco (sobre ele corre o dito “Tocou o telefone, ninguém atendeu: era Recagno“), muitos suspeitam que é um ciborgue de Jornada nas Estrelas, série pela qual nutre uma paixão louca. O facto de há anos comer um hambúrguer do MacDonald no almoço e ainda estar vivo comprova a sua origem alienígena. A Carlo é dedicado uma espécie de jogo muito apreciado pelos leitores: nas páginas de abertura de Martin Mystère sempre se esconde uma imagem pequena dele, às vezes muito difícil de achar.

Há algum desenhador não-bonelliano que você gostaria que ilustrasse uma história de Martin Mystère?
Alfredo Castelli: Desenhador, eu não faço ideia. Existem vários que são muito bons, eu não saberia escolher. Mas eu gostaria que Neil Gaiman e Alan Moore escrevessem uma história. Ou todas. Escritas e desenhadas de modo completamente não-bonelliano são as aventuras da TV do jovem Martin Mystère (em Portugal, Martin Mystery, desde 2011 no canal Panda Biggs). Antes nós falávamos de mudanças, e aqui, com a minha aprovação, a personagem foi radicalmente transformada para uma série de 66 desenhos animados dedicada a um público de 10/12 anos. Eu vejo que muitas vezes a versão animada de histórias aventurosas (como, por exemplo, Diabolik) não é nem carne, nem peixe: não são suficientemente semelhantes ao original para contentar os leitores, e nem suficientemente diferentes para contentar outros públicos. Não é o caso de Martin Mystery, que também não é nem carne, nem peixe mas ainda é outra coisa (fruta? doce?) que pode agradar ou não. A mim, particularmente, a série não desagrada, embora eu seja, como é evidente, condicionado pelo original e, ainda mais evidente, não tenho 10 ou 15 anos. Foi meio como ver um filho crescer e se desenvolver sozinho.

Você conhece Portugal? Alguma história de Martin Mystère já foi ambientada aqui?
Alfredo Castelli: Eu conheço Portugal, já estive aí várias vezes (inclusive de férias, no Algarve) e gosto demais de Lisboa. Mantenho contacto com Leonardo de Sà (eu sei que o a deve ter acento agudo, mas isso não tem no teclado italiano e deve-se procurar o caracter sabe-se lá onde) (N.T.: para comodidade do entrevistado, resolvemos o problema na tradução: Leonardo de Sá :-), grande conhecedor de BD, com quem há anos troco correspondência, e tenho muitos livros e revistas dedicados à produção portuguesa, dentre os quais bastante material sobre o precursor Rafael Bordalo Pinheiro (fiquei positivamente admirado que um jornal de grande circulação como o Expresso tenha lhe dedicado um volume colateral). Há vários anos eu planeio ir ao festival da Amadora, mas infelizmente ele coincide com o de Lucca, no qual sempre tenho algum compromisso. Fico triste que Martin Mystère jamais tenha tido uma edição portuguesa (foi importado do Brasil por algum tempo); uma hora eu o farei viver uma aventura em Lisboa, na esperança de que seja descoberto. Leonardo sugeriu-me alguma coisa ligada à reconstrução após o terremoto de 1755, mas depois eu esqueci. Esta entrevista me fez o facto voltar à memória e eu agradeço.

Deixemos o Detective do Impossível para falar de Zagor: você sempre usou Chico de maneira estrepitosa: o que o conquistou nessa personagem? Quais foram as dificuldades ao escrever as histórias do herói nolittiano?
Alfredo Castelli: Atingir o equilíbrio entre acção e humorismo, coisa em que Nolitta/Bonelli era um mestre. Eu sempre me diverti e ainda divirto-me ao ler Zagor; mas nunca me entusiasmei ao escrever suas histórias porque elas não agradavam (para usar um eufemismo) a Sergio. A minha versão de Chico também jamais foi muito apreciada. Mesmo por mim.

Entre as suas histórias recordamos com prazer Pequenos Assassinos (no Brasil, ZG Especial n° 65, Ed. Record, e ZG Especial n° 1, Ed. Mythos) e O Grande Complô (no Brasil, ZG Especial n° 16 e 17, Ed. Mythos). Essa última, em particular, com uma estrutura narrativa muito complexa; o que se recorda dela?
Alfredo Castelli: Eu recordo-me que concluí Pequenos Assassinos às pressas poucos dias antes de partir para a Colômbia, para uma viagem de dois meses. Da criação de O Grande Complô eu não me recordo de nada, só que – creio – pela primeira vez eu introduzi a personagem de um ninja numa BD italiana. Em 1980 Eric Van Lustbander havia escrito o romance Ninja, de onde eu extraí alguns dados antes de ser traduzido. Também me recordo que na história eu havia inserido um agente secreto inglês com o nome de Mycroft (como o irmão de Sherlock Holmes, que actuava no serviço secreto) e descrevi o vilão Tecedor mais ou menos com as palavras usadas por Sherlock Holmes para descrever o maligno Professor Moriarty. Fico feliz que Moreno Burattini – que, para mim, é o autor que melhor soube interpretar o Zagor de Bonelli – tenha trazido de volta o vilão da trama e tenha lhe dado uma identidade precisa.

A outra personagem nolittiana, Mister No, permitiu-lhe escrever histórias mais próximas da sua sensibilidade: quais eram as afinidades narrativas com essa personagem?
Alfredo Castelli: Eu considero Mister No a melhor personagem de Bonelli e da Bonelli. Escrever suas histórias era para mim um prazer. Eu lembro-me que até tinha a impressão de respirar as atmosferas amazónicas que Sergio descrevia de forma magistral. Houve um momento em que eu o superei em quantidade de histórias, e devo dizer que, ao contrário do que acontecia com Zagor, ele se mostrava satisfeito. A certa altura eu tive que diminuir a produção para dedicar-me a Martin Mystère, mas consegui montar um crossover à distância do piloto amazónico com o Detective do Impossível e que constituiu um acontecimento único na Editora. Em Novembro/Dezembro de 1990 Mister No, momentaneamente na África, enfrentava um mistério que dizia respeito ao faraó Ekhnaton (O Faraó Esquecido e Labirinto Infernal, edições italianas 186/187) e que ficou em parte sem solução; nos mesmos meses (Nov/Dez 1990 e Janeiro 1991), nas edições Um Homem Chamado Mhosis, Natal Trágico e A Arca Recuperada (n°s 104/106), Martin Mystère, no presente, resolvia o mistério parcialmente desvendado por Mister No.

Você também trabalhou com Tiziano Sclavi no seu Dylan Dog e nos encontros do Investigador do Pesadelo com Martin: o que pode nos contar dessa experiência?
Alfredo Castelli: Eu sou amigo de Tiziano desde os tempos do Corriere dei Ragazzi; entre os meus méritos históricos está o de tê-lo apresentado à Bonelli. Se Dylan Dog não tivesse surgido, ele que fez as novas gerações descobrir a BD e que fez o público feminino aproximar-se desse meio de comunicação, o mercado italiano não seria o mesmo. Eu só escrevi uma história de Dylan Dog, Do Profundo, foi um trabalho árduo e com resultado não exactamente óptimo. A minha satisfação maior foi com os dois team up que projectei e do qual fiz o roteiro do primeiro (1990, e o de 1992 é de Tiziano). Infelizmente os encontros de Dylan e Martin pararam no segundo, porque a ideia dos Team Up não agradava a Bonelli e nem a Sclavi. Os encontros das personagens divertem-me e mostram facetas diferentes delas, mas devem ser uma espécie de bónus com uma periodicidade muito espaçada, senão chega-se aos exageros do mercado americano, onde todos encontram todos de forma obsessiva. Martin Mystère foi protagonista de vários team up: ele encontrou Mister No em mais de uma ocasião, inclusive em uma edição especial intitulada Fuga de Skynet (1993) assinada a quatro mãos por mim e por Sergio Bonelli. Um clone robótico dele faz parte do elenco de Nathan Never, onde ele ficou de forma permanente depois de dois encontros acontecidos em 1996 e 2001, enquanto em muitos números de Zagor aparece Elsewhere, mysteriosa base do governo fundada por Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, e que no mundo de Martin Mystère (e nos de Zagor e Nathan Never) trata de ameaças sobrenaturais.

Tex, por sua vez, talvez seja uma personagem fora do seu estilo. Você gostaria de fazer uma tentativa?
Alfredo Castelli: Mesmo a apreciar Tex e a ser infinitamente grato a ele e ao seu criador porque sem eles as coisas teriam acontecido de modo diferente, admito que a personagem não faz parte do meu estilo, por isso é melhor para mim e para os leitores se eu não faço tentativas contra a vontade. Mas do mundo de Tex eu aprecio as personagens mysteriosas como El Morisco e Mefisto. É isso, de Mefisto eu gostaria de escrever uma história (sem Tex) a explicar como um prestigiador de circo virou um feiticeiro poderoso, mas a proposta foi rejeitada.

Com qual herói Bonelli você ainda não trabalhou e para o qual gostaria de escrever uma história? E o que gostaria de contar se lhe pedissem para elaborar uma nova série?
Alfredo Castelli: Não tenho um desejo particular de escrever outras séries na fórmula bonelliana, sejam minhas ou de outros: pode ser que quarenta e tantos anos de roteiros desse tipo tenham me cansado um pouco. Mas eu gostaria de inventar (e depois, quem sabe escrever roteiros) novas fórmulas editoriais, que levem em conta a realidade (infelizmente) alterada do mercado. Alguma coisa está a começar a se movimentar. Espero que tenhamos uma ocasião para falar disso!

Caro Alfredo, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
Alfredo Castelli: Bem, até logo e muito obrigado por terem pensado em mim.

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5 Comentários

  1. Meu autor de quadrinhos preferido e criador do meu gibi serializado preferido! Sou completamente fã do Castelli.

    Parabéns amigo Zeca e demais colaboradores por essa excepcional entrevista!

    Grande abraço

  2. Ora aqui está uma entrevista a que podemos chamar “suculenta”!
    Ler as respostas do carismático Alfredo Castelli aos vários (e interessantes) quesitos que lhe foram postos é uma amena e frutuosa digressão por um “universo paralelo” que ele conhece a fundo e do qual fala com indisfarçável prazer intelectual, partilhando a sua fantasia, os seus conhecimentos e os seus pontos de vista de uma forma aberta e espirituosa, que enriquece (e de que forma!) a abordagem desse universo por todos os leitores atentos e interessados.
    Parabéns ao Mestre do Mystério e do Impossível, ao Bira Dantas por mais uma excelente caricatura, e ao blogue do Tex pelo prestígio internacional (de que esta entrevista é mais um exemplo) com que se tem distinguido no seu contacto com grandes personalidades do team bonelliano.

  3. Alfredo Castelli é com ceteza um dos 5 melhores roteiristas da Bonelli, pena que no Brasil personagens geniais como o dele não vingam.

  4. Esta entrevista é, como bem dita pelo Magalhães, “suculenta”! Guardo com muito carinho as 42 edições de MM publicadas já a alguns anos no Brasil pela Mythos Editora sonhando (sem grande convicção) um dia ver TODAS as publicações de MM em formato italiano e traduzidas em português. Considero o Alfredo Castelli um roteirista excepcional, no mesmo nível de G.L.Bonelli. Saudações aos participantes deste feliz registro.

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