Entrevista com o fã e coleccionador: Lázaro Cruz

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Lázaro Cruz: Meu nome é Lázaro Cruz. Sou de Piratini, extremo sul do Brasil; nasci em 1974 e actualmente trabalho como comerciário. Paralelamente curso geografia. Tenho dois filhos, um menino de 15 anos chamado Carson e uma menina de 6 chamada Verônica (se fosse menino seria Willer).

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Lázaro Cruz: Minha estreia no mundo das BDs é igual ao da maioria dos coleccionadores brasileiros. Tive os meus primeiros contactos com revistas de banda desenhada através da turma da Disney, que mesmo muito pequeno, com 4 ou 5 anos lembro que a minha mãe comprava para mim toda vez que íamos à cidade. Gostava de ver os desenhos coloridos e a minha mãe lia as histórias para mim. Recentemente adquiri algumas revistas dessa época e relembrei de algumas histórias que ficaram marcadas em minha infância. Uma das primeiras revistas que tive foi o Tio Patinhas 170 e, agora adulto, foi uma emoção reler aquelas histórias que marcaram tanto a minha meninice (lembrava de todas, por mais incrível que possa parecer).
Lembro que certa vez ganhei uma revista diferente toda em preto e branco (mais tarde descobri que era o Zagor 21 da Vecchi “Clark City”) e lembro de um facto curioso relacionado a esta revista: arranquei uma folha que continha o comercial de uma revista de terror, pois assustava-me com aquela figura grotesca que aparecia.
Por algum tempo fui juntando as minhas revistas e foi aí a génese de minha colecção. Nessa época, tirando a revista do Zagor (que nem sabia quem era) não conhecia mais nada além do Tio Patinhas, Donald e sobrinhos e o Mickey.

Quando descobriu Tex?
Lázaro Cruz: Morávamos no interior do município e em 1980 mudamos para outro sítio onde, como vizinhos, haviam vários meninos com os quais travei amizade rapidamente. Foram estes meninos que me mostraram as revistas do Tex pela primeira vez. Emprestei os meus Disney e peguei uns Tex emprestados. Li e não gostei. Era-me muito estranho aquelas revistas em preto e branco. Passei mais um bom tempo lendo apenas os Disney e repudiando o Tex. Não lembro em qual situação adquiri o primeiro Tex (era usado e foi em uma troca) era o 126 “O mistério da mina”. Fiquei muito tempo com esse exemplar apenas e o primeiro número que comprei novo em uma banca foi o 200 “A lança de fogo”. Lembro como se fosse hoje da emoção que senti, e como me apresentei cheio de orgulho aos meus amigos, com um exemplar do Tex cheirando a tinta. Nessa época cada um que comprava uma revista, lia e emprestava para os demais lerem, formando uma fila de espera de muitos dias às vezes. Nesse momento eu já havia sido infectado pelo vírus benéfico do amor à banda desenhada.
Outra curiosidade, foi um dia que ganhei três exemplares de Tex de uma amiga de minha mãe. Eram o 130 “Grand canyon” da 2ª. Edição, o 201 “Fogo cruzado” e o 202 “A passagem secreta”. Imagina a alegria de um menino de 12 anos ganhar de uma só vez 3 revistas de seu herói favorito.
Outra passagem que lembro, foi quando, ainda garoto, fui passar alguns dias na casa de um tio e onde os filhos de um vizinho dele eram coleccionadores antigos de Tex. Lembro como se fosse hoje, quando abriram uma mala e me mostraram as suas revistas, devia ser uns cem exemplares, mas, para mim aquilo foi a visão de um tesouro espanhol. Lembro que vi as revistas que mais sonhava ler, os números 34, 35 e 37 que via em um anúncio nas revistas e o meu maior desejo era ler aquelas revistas. Claro que passei um 4 dias me empanturrando de ler e li o máximo que pude daquelas revistas. Hoje, tendo em mãos todos esses exemplares, lembro com um certo saudosismo esses momentos de garoto.

Porquê esta paixão por Tex?
Lázaro Cruz: Eu não diria paixão por Tex e sim paixão pela banda desenhada. Até mesmo que meu herói favorito é o Zagor. Mas o respeito e a admiração pelo Tex é inegável, já que ele é o rei dos quadradinhos italianos. Eu tenho uma ressalva a fazer, já que leio apenas os da Bonelli e da Disney. Detesto super-heróis americanos e abomino os japoneses. Lembro que certa vez conheci um rapaz na faculdade e conversando ele se disse grande coleccionador e conhecedor de banda desenhada. Quando perguntei o que ele possuía, que abriu um rol de super-isto, super-aquilo, a conversa morreu na hora. Desculpei-me e disse não entender nada de super-heróis.
Mas, voltando à infância e ao inicio da colecção, vêm-me à memória outro facto interessante. Guardava a minha colecção (que nesse período já andava com seus 50 exemplares) em uma caixa em baixo de minha cama e, nas laterais da caixa escrevia frases pouco amistosas direccionadas a quem por ventura se aproximasse dela. Era só uma artimanha, já que na época o meu irmão ainda não tinha nascido e só quem via as minhas revistas eram os meus amigos que também coleccionavam.
Gostava de sentar no chão do quarto e espalhar as revistas e ficar admirando uma por uma, enquanto sonhava em ter a colecção completa. O facto de admirar as revistas eu cultivei por um longo tempo. Pelo menos uma vez por mês eu as tirava da estante e folhava uma por uma. Com o crescimento de colecção e por conseguinte a diminuição do tempo, esse facto foi sendo substituído por outro. Às vezes, no meio da madrugada, levanto para ir à casa de banho (no Brasil: banheiro) ou tomar água e vou até à estante e fico olhando para elas.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Lázaro Cruz: O que o Tex (e os demais da linha Bonelli) tem é a história de vida que a personagem traz consigo. O G. L. Bonelli conseguiu criar a personagem e dar uma alma quase verdadeira a ele. A sequência que as coisas acontecem nas histórias, muitas vezes acompanhando acontecimentos reais e históricos os fazem diferenciados também.
Neste ponto, gostaria de abrir espaço para fugir um pouco da personagem Tex e falar de “A História do Oeste”, que aqui no Brasil foi publicada como “Epopéia Tri” e é uma das vedetas de minha colecção. Tenho orgulho de possuir a colecção faltando apenas um volume e, que retrata o Oeste de forma primorosa, muitas vezes superiores mesmo ao Tex. As personagens da série têm uma alma ainda mais intensa que as da Bonelli, já que acompanham a conquista do Oeste e suas personagens nascem, crescem e envelhecem durante a trama.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Lázaro Cruz: Contando todas as revistas, tenho por volta de 2.000 e, se considerar só as do Tex, tenho umas 750 revistas. Eu não colecciono Tex Coleção, sempre achei muito fracas as histórias antigas e nem os Grandes Clássicos de Tex, pois considero que a editora está republicando as edições históricas com outro nome tendo em vista apenas o lucro. Todas são importantes mas, sem dúvida a mais difícil de conseguir foi o Tex 58 “A noite dos assassinos”. Por anos a fio, minha colecção ficou incompleta só pela falta desse exemplar. Eram muitos amigos me ajudando a procurar (a Internet ainda não era muito difundida) e, um dia estava na cidade de Pelotas em um alfarrabista (no Brasil: sebo). Examinava uma prateleira imensa abarrotada de revistas e tinha uma mulher também olhando elas. Ajudei a pegar umas do alto da prateleira e começamos a conversar. Ela me disse ser da cidade de Santa Vitória do Palmar (esta sim bem no extremo do Brasil) e que o marido dela tinha um sebo e que provavelmente possuísse o tal exemplar. Trocamos telefone e liguei para ele que disse não ter o Tex 58 mas que se aparecesse por lá guardaria para mim.
Passaram-se alguns anos e, por motivo de trabalho precisei ir até à cidade de Santa Vitória do Palmar. Tornei a ligar para ele, que não só lembrava de mim como tinha conseguido o exemplar há um bom tempo mas, tinha perdido o meu telefone. Foi uma epopeia conseguir esse número e completar a minha colecção, precisei viajar quase 400 km para consegui-lo.
Mas tenho outras especiais, a edição “O ídolo de cristal” da Editora Vecchi, alguns italianos e um Zagor da França. Os mais raros, no entanto, são os Disney dos anos 50 e 60, os quais não empresto, não vendo e não troco por nada, aliás, os exemplares que formam a colecção não estão dispostos para negociar. Sempre pego alguns repetidos e outros que não colecciono, destinados a esse fim.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Lázaro Cruz: Eu colecciono apenas os livros. Tenho o filme em DVD, mas não apreciei nem um pouco.  Recentemente adquiri a “autobiografia” do Tex, mas, também não gostei muito, pois depois de ler as aventuras, ficou  meio estranho ver como ele “viu de seu ângulo” essas mesmas aventuras.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Lázaro Cruz: Eu gostaria de possuir as estatuetas em resina das personagens do mundo de Tex, mas são difíceis de encontrar mesmo na Internet e são absurdamente caras. Então, prefiro manter-me fiel à colecção de revistas. Também gostaria de possuir o álbum de figurinhas, mas este item, além de raro é extremamente caro, por isto torna-se inviável a sua aquisição no momento.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Lázaro Cruz: É impossível citar uma história favorita. São várias e posso citar apenas algumas. 50 “Flechas pretas assassinas”, 92 “Diablero”, 95 “Terra prometida”, 118 “O tirano da ilha”, 129 “O ouro do Colorado”, mais recentemente, as duas histórias ambientadas nas Colinas do Vento, a história de Kit Carson e do Jack Tigre, o segundo embate entre Tex e o bandido Manuel Pedroza, na história “Prata maldita”, os confrontos contra o Tigre Negro também foram monumentais. Com a colecção Tex Ouro, onde as histórias são completas, muitas que na época de seu lançamento não causaram grande interesse, ao serem lidas em um único volume mostram-se muito interessantes. São tantas obras-primas que é impossível fazer uma lista e não deixar algum clássico esquecido.
Não posso deixar de falar no Tex 137 “Ninho de víboras” que foi um dos primeiros que li e, falando em faroeste clássico é o melhor exemplo. O duelo ocorrido entre os bandidos e os quatro pards, foi o melhor que já encontrei numa revista do Tex.
Mudando um pouco o foco para o Zagor, o número 24 da RGE “Oceano”, traz a melhor troca de socos que já vi. A luta entre Zagor e o gigante Togo é de tirar o fôlego e sempre que releio, vibro como a primeira vez que li.
Meu desenhador favorito do Tex é o Ticci. Esse é fenomenal, as aventuras desenhadas por ele têm outro prisma, e até parece que dá para sentir o vento da pradaria em nosso rosto. Mas infelizmente, os desenhadores bons já faleceram e a leva mais recente não tem a mesma qualidade. Nunca gostei do Fusco, mas, se comparado ao Font e Ortiz, os traços dele eram lindos.
Outros desenhadores devem sempre ser lembrados, Lettèri, Monti, Nicolò, entre outros. E é impossível não citar o actual capista de Tex, Claudio Villa, que a meu ver, não desenha, mas sim fotografa as cenas que os argumentistas imaginam para a história.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Lázaro Cruz: O que mais me agrada na revista do Tex é a história que as personagens têm (sabemos de onde vieram, seus dramas, suas virtudes, etc.) que as fazem serem personagens humanas. Na personagem Tex o que mais me agrada é o senso de justiça que ele carrega, o carisma dele, e a predisposição para mover céus e terra para ajudar os seus amigos em dificuldades.
O que menos me agrada é a sua presunção, que o faz ser arrogante demais às vezes. O facto de ele sempre estar certo, de sempre acertar suas ideias o faz infalível demais. Esse lado eu não gosto, prefiro o Zagor, pois é mais passível de erros, bate mas também apanha, acerta mas também erra. Esse lado invencível do Tex eu acho um pouco exagerado, pois ele pode lutar sozinho contra vinte adversários e sair vencedor. Na adolescência os meus amigos costumavam dizer que eu gostava de ver eles sofrerem pois na época as minhas histórias predilectas eram as do Tex 106 “Prisioneiros do deserto”, 112 “El Muerto”,  114 “A dança do fogo” e 122 “A corrida da flecha”, onde invariavelmente as personagens sofriam reveses e surras monumentais. Eu não gosto de ver as personagens sofrer, mas, aprecio esse lado mais vulnerável, o que as torna mais humanas.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Lázaro Cruz: O que faz o Tex ser um ícone, na minha opinião é o facto de ele ter sido lançado (aqui no Brasil) na era de ouro dos quadradinhos. Com a qualidade dos enredos, desenhos e das histórias, transformou-se logo no fenómeno que conhecemos. É muito difícil uma revista manter-se activa durante tantos anos, atravessando crises financeiras e até mesmo editoriais e sobreviver. Então, a soma da qualidade das histórias, do tratamento dispensado pelas editoras e da fidelidade dos fãs, resulta no que a revista do Tex é hoje em dia.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Lázaro Cruz: Não costumo participar de encontros com outros coleccionadores até porque eles acontecem em centros maiores e a distância é um obstáculo muitas vezes difícil de transpor, mas, mantenho contacto com diversos leitores e coleccionadores de todo o Brasil, através de carta e da Internet. Consegui angariar bons amigos no meio, que mesmo sem conhecê-los pessoalmente, mantemos contacto diário e sempre há  a possibilidade de troca e venda de revistas.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Lázaro Cruz: Eu abordaria esta questão com outra pergunta. “Como você vê o futuro das BDs?” Não só do ranger como de todas as BD, vejo um futuro sombrio. A infância actual é diferente da infância que tive, por exemplo, foi uma infância difícil, mas, não menos feliz e não menos sadia da infância de hoje em dia.
O advento dos jogos electrónicos, da Internet e de outros tipos de distracções afastou, infelizmente as crianças de brincadeiras tradicionais e também dos quadradinhos. Eu costumo dizer que ler uma revista de banda desenhada é a primeira manifestação de cultura que a criança pode ter, pois alem da distracção e do prazer em acompanhar a história, ocasiona o interesse pela leitura e pelos livros e, quem não leu banda desenhada não teve infância.
Na minha infância, a turma que me apresentou Tex Willer, era composta de uns 10 meninos, todos  morando em um perímetro de uns 3 km quadrados e hoje, desses só eu ainda cultivo o hábito de ler revistas e coleccionar. A minha cidade é pequena, com cerca de 19.000 habitantes e tem apenas 3 coleccionadores e nenhuma banca de revistas. Se na infância a dificuldade era conseguir  juntar durante o mês, o dinheiro para adquirir uma revista, hoje tendo o dinheiro, depende-se de viajar a outra cidade ou de comprá-los pela Internet.
Sim, eu acredito que as BDs estão com os dias contados, pois assim que nós coleccionadores medalhões deixarmos de existir, ninguém vai querer perpetuar as nossas colecções. Essa é uma grande preocupação que tenho, às vezes ao olhar a minha colecção e imaginar o que será dela quando eu morrer. Já tentei infectar o meu filho mais velho (chamado Carson em homenagem ao velho pard do Tex) com o vírus do coleccionismo, mas, nem sequer se interessa em ler para ver se é bom ou não. Já a minha filha menor gosta de olhar as revistas da Disney (às vezes entro em pânico quando ela manuseia edições dos anos 60) e espero que mantenha o hábito depois de crescida, já que ao aprender a ler e acompanhar as histórias, tudo fica mais divertido.
A ideia de ver o que levei uma vida inteira para juntar, preservar e conservar ir parar em um sebo para ser vendido a preço de banana é difícil de ser aceita, mas, ao mesmo tempo tenho a certeza que ninguém mais se empenharia com a dedicação que eu sempre tive para manter e aumentar a colecção. Talvez, quando a velhice chegar (se ainda existirem revistas sendo publicadas) eu a venda completa para alguém que tenha interesse em continuar preservando e cultuando as revistas que me foram tão importantes.

Prezado pard Lázaro Cruz, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
Lázaro Cruz: Gostaria de agradecer a oportunidade recebida de falar de minha história como coleccionador e fã de quadradinhos e, dividir o prazer de cultuar as revistas com os demais companheiros espalhados mundo afora.

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9 Comentários

  1. Gostei muito da entrevista com o Lázaro Cruz. Ele é um grande fã de Tex e das HQs. Ele sabe tudo sobre quadrinhos e demonstrou na entrevista que é grande fã de Tex e seus pards.

  2. Muito boa esta entrevista, o Lázaro Cruz demonstrou muita personalidade em suas respostas, e mostrou que é um grande fã e conhecedor do mundo do Tex.

  3. Olá Pard Lázaro ! Lendo a sua entrevista me vem a lembrança
    dos bons tempos que eu ficava “garimpando” preciosidades texianas para tentar montar uma pequena coleção, Tex raros que se guarda por muitos anos.
    É emocionante ler a sua entrevista porque se pode notar o amor que você dedica à sua coleção e o empenho para conseguir um exemplar raro. Parabéns pela sua coleção e que você possa acompanhar o nosso querido ranger em suas aventuras pelo oeste selvagem, que tanto nos emociona!
    Um abraço pard!!!

  4. Mais uma excelente entrevista, que demonstra bem o amor do pard Lázaro Cruz aos quadrinhos e às revistas que coleciona há longos anos. Não irei tão longe como ele, ao afirmar que “quem não leu banda desenhada não teve infância“, mas estou inteiramente de acordo com a frase: “ler uma revista de banda desenhada é a primeira manifestação de cultura que uma criança pode ter“.
    De facto, essa marca transmitiu-se a todos os miúdos que, como o pard Lázaro e eu próprio, adoravam revistas de quadrinhos e faziam todos os sacrifícios para as conseguir obter, sentindo assim despertar o gosto pela leitura, pelos livros e pela cultura em geral. Hoje essas gerações, independentemente do seu estatuto social, estão melhor apetrechadas profissional e intelectualmente para enfrentar os desafios da vida e demonstram até, em geral, uma aptidão maior no relacionamento com os outros, sem a perspetiva egoísta da juventude moderna, que por norma só pensa em si própria.
    Quanto ao destino das suas coleções, pard Lázaro, esse mesmo pensamento já me atravessou muitas vezes, mas como não podemos levá-las connosco o melhor é tentar, antecipadamente, que elas fiquem em boas mãos, quando não há ninguém na família a quem passar o testemunho; ou procurando vendê-las a outros colecionadores (que eu julgo que é uma espécie que nunca acabará) ou doando-as mesmo a bedetecas ou a instituições de interesse cultural, que possam preservá-las em boas condições, para que esse valioso património – que faz parte também da herança cultural de um país – não se perca ingloriamente, quando os seus possuidores desaparecerem.

  5. Não é à toa que digo que os gaúchos estão no pódio quando o assunto é ‘colecionadores’ de HQs.
    Eu que estive em casa de 4 deles e vi com estes meus grandes olhos as coleções, posso afirmar e assinar embaixo.
    E quantos outros existirão como eles, como o Lázaro? Muitos certamente, que até já passaram por aqui.
    Muito bom conhecer mais um pard tão especial e conhecedor do ramo Bonelli. Aliás, fico me perguntando como que ele nunca tinha aparecido no TexBr ou nas listas (a não ser que usasse um nickname diferente).
    É assim mesmo, Magalhães, o caminho é doar para um pard mais jovem ou para uma instituição. Eu não conseguiria vender algo que faz parte de mim… como um órgão, eu doaria, ou melhor, doarei. Inclusive já escolhi um pard e uma instituição para adotar as minhas queridas coleções – vou dividir entre as partes (os escolhidos ainda não sabem). E talvez faça isso em vida, para sentir o efeito causado.
    O pard Lázaro não tem papas na língua e falou tudo. Gostei. Prefiro as respostas longas quando são interessantes e bem elaboradas. Gostei das suas aventuras, que são bem movimentadas e do fato de haver um Carson por aí. Já conheço um Willer de Sampa, um Tex Willer aqui da PB e assim vamos conhecendo os heróis em carne e osso.
    Por fim, peço humildemente que o pard Lázaro do Sul, pois já existe um pard Lázaro do Norte (no RN), que se digne de participar dos fóruns, chats, para travar mais conhecimentos, experiências e amizades com os demais pards que já transitam por ali. No Facebook procure por Tex Willer-Águia da Noite. Estaremos sempre por lá.
    Forte abraço e hasta luego!
    G. G. Carsan

  6. Gostaria de agradecer as palavras dos colegas colecionadores e, ao mesmo tempo dizer o quanto foi importante para mim participar deste espaço.
    Amigo Carsan, na verdade é a primeira vez que participo de um espaço dedicado as HQ´s, apesar de ser um tanto ativo no contato com outros colecionadores. Não participo muito de chats e de fóruns por absoluta falta de tempo. Não é muito fácil ser marido, pai, estudante, trabalhador, colecionador, etc. Chega em um momento que temos que dar algumas prioridades para conseguir conciliar tudo, inclusive tive que abandonar o lado atleta de mountain bike. Quanto aos quadrinhos, as vezes compro os gibis e vou conseguir ler depois de semanas. A faculdade toma uma grande parcela de tempo e os finais de semana ficam curtos demais para estudar, fazer trabalhos, família, então os gibis vão ficando meio que relegados, mesmo que a coleção siga firme.
    Tenho curiosidade em adquirir as obras do amigo, que segundo outros gibizeiros, é um grande escritor e conhecedor do mundo das HQ´s.
    Grande abraço a todos!

  7. Belíssima entrevista esta do pard Lázaro…
    Me identifico com ele em muitas coisas, seja nas histórias preferidas, nos pontos de vistas, no herói preferido (Zagor), quanto a gostar de Epopéia Tri, etc…
    Além de tudo o índio é gaúcho (tomara que seja gremista também). Reforço o pedido do GG para que ele encontre um tempinho e participe dos fóruns texianos. E quem sabe a gente possa um dia se conhecer pessoalmente, e junto com esse cabra da peste paraibano e os outros pards do sul, promover mais um encontro texiano regado a cerveja e carne de OVELHA, (aprenda GG) aqui nas plagas sulistas.
    Grande abraço, pard e parabéns pela coleção!!!

  8. Obrigado pelo carinho, amigo Neimar! Realmente temos bastante afinidades, referente a HQ´s. Quanto ao time, nem tanto, pois sou UM CAMPEÃO DE TUDO, graças a Deus!
    Realmente tenho interesse em participar mais ativamente dos movimentos dos colecionadores, mas como disse tudo o que sobra é a falta de tempo.
    Mas a ideia de uma churrasco de ovelha, com umas geladas e porque não, com um chimarrão também, é muito boa.
    Abraço!

  9. Excelentes as palavras de Lázaro Cruz.
    Posso dizer que existe um bocado de coincidências entre mim e ele. Eu também nasci em 1974, detesto os super-heróis americanos, comecei a ler a Disney antes de ler Tex (também gosto de Zagor e Mister No, dois filhos de Guido Nolitta).
    Lázaro tem um pensamento que eu sempre tive também: realmente as crianças de hoje estão afastadas da leitura de quadrinhos, e isso é terrível. Video-games e outros trecos eletrônicos não ensinam nada. De minha parte, posso dizer que aprendi a ler em casa, antes mesmo de ir pra escola, pois eu já lia revistinhas do Pato Donald e do Tio Patinhas antes mesmo de começar a estudar. Hoje existe mais tecnologia, mas em compensação as crianças são “enlatadas”, coisa que na minha época e na de Lázaro (que temos a mesma idade) não existia. As crianças eram expansivas, sabiam brincar na rua ou em casa com brinquedos artesanais, e liam gibis.
    O que mais gostei na entrevista com Lázaro é que ele tocou no nome do personagem Manuel Pedroza! Eu de minha parte sempre fui fã desse personagem, um bandoleiro realmente digno de sua fama e que deu muito trabalho a Tex.
    Manuel Pedroza é um dos poucos adversários recorrentes nas aventuras de Tex. Houve Mefisto, Yama, Proteus, Tigre Negro, O Mestre, a bruxa Zhenda… Mas nunca deram muita atenção a Manuel Pedroza, que também não fica atrás dos outros em matéria de astúcia e periculosidade. Uma coincidência enorme o Lázaro ter se referido a esse personagem, que não é muito lembrado, mas que foi recorrente e é um dos adversários de Tex com quem mais simpatizei até hoje. Outro adversário recorrente de Tex, que não é tão lembrado como deveria, é Paul Balder! Também esse é uma grande figura, com o mesmo temperamento de Manuel Pedroza!
    No mais, a entrevista foi nota 10! José Francisco e Lázaro Cruz de parabéns pela rica entrevista! Só quem conhece o mundo criado pelos Bonelli sabe desfrutar de uma conversa assim! E viva Tex, por muitos e muitos anos ainda, amém!

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