Entrevista com o fã e coleccionador: Lauriney Gomes Santin

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Lauriney Gomes Santin: Nasci em Castanhal, Estado do Pará, Brasil, em 1982. O meu pai é de Santa Catarina, descendente de italianos, (sinto-me honrado por ser irmanado com os criadores e continuadores de Tex) mas mudou-se para o norte bem novo aonde conheceu a minha mãe e eu vim ao mundo. Hoje residimos em Goiás, no centro do país, para onde nos mudamos desde o ano de 2000. No final do ano de 2002 prestei concurso para os Correios e passei, sendo admitido em Setembro do ano seguinte, aonde trabalho com muito prazer até hoje.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Lauriney Gomes Santin: Eu como toda criança normal, tive dificuldades na escola, sempre fui muito tímido, mas o bom foi a ideia genial de minha mãe, que lia toneladas de livros e bolsilivros quando jovem, de sugerir ao meu pai que adquirisse revistas em quadradinhos para incentivar a minha leitura e consequente melhora do desempenho escolar. Assim fui apresentado ao Homen-Aranha, Super-Homem, Tio Patinhas, Pato Donald, Mickey, Batmam, Lanterna Verde, Hulk, Turma da Mônica, Fantasma, Zé Carioca, Turma do Arrepio e muitos outros e ainda tenho quase todas as primeiras revistas que ganhei, aliás muitos dos melhores momentos que lembro o meu pai ter me proporcionado foram justamente dele me levando à banca e mandando escolher qual revista eu queria, fazendo-me sentir como se fosse um manda-chuva.
Quando cresci um pouco mais continuei gostando muito daqueles momentos em que eu as comprava, sentia uma satisfação muito grande, quase sagrada que se eterniza dentro de mim a cada vez que repito tal acto.

Quando descobriu Tex?
Lauriney Gomes Santin: Ainda na época em que eu morava no norte um colega de classe do ensino médio falou-me de Tex enfatizando que era muito bom, mas contudo não lhe dei ouvidos, eu não possuía ainda na época a capacidade para entender tamanhas palavras, a minha mente ainda não estava preparada para o furacão Tex Willer e personagens do género, santa ignorância!! Não entrava na minha cachola de jeito nenhum como é que as óptimas revistas que eu comprava eram coloridas e baratas enquanto que na minha criancice e adolescência lembro-me vagamente de ver Tex nas bancas em preto e branco e muito mais caro que os coloridos que eu tinha, isso afugentou-me de Tex.
Um certo dia em Anápolis -GO, acho que era início de 2001 chamou-me a atenção uma revista usada em uma banca (que só vende novas), falei com o dono que era coleccionador e fez-me um preço bom  naquele Almanaque do Faroeste da editora Globo, quando cheguei em casa li todas as reportagens da revista o que me ajudou na familiarização com o faroeste, deixei a cereja do bolo para o final: já de início tive um impacto ao ler o nome da história “O matador de índios” do Nizzi e do Venturi, quando terminei a leitura estava em uma espécie de êxtase misturado com choque e saí pulando pela casa igual aquela pessoa que saiu nua na antiguidade gritando “eureca, eureca” rsrsrs
Fiquei doidão do jeito dos noiados quando “puxam um” bem puxado. Decidi que não pararia mais de comprar aquelas revistas. Passei no concurso e pensei “tá feito o bagaço”,  de facto esbagacei e não perco a edição normal e muitas reedições que noto não possuir.

Porquê esta paixão por Tex?
Lauriney Gomes Santin: Por ser algo realmente de peso e qualidade que eu jamais tinha imaginado existir nos quadradinhos, com histórias longas e rebuscadas, carisma, bom humor, muita pancadaria, inteligência e profundidade de argumento que não perde para qualquer romance policial que eu já tenha visto. Recentemente li o livro da vida de Tex e achei um estouro.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Lauriney Gomes Santin: Personalidade forte, sem dúvida, chamando atenção para o facto de ser um homem comum e não um retratado com super poderes, isso faz com que a gente se sinta, pelo menos na teoria, capaz de feitos similares. De facto usei e uso a malícia e a pegada do Tex para tudo na vida, sinto que a minha capacidade de liderança melhorou muito com essa imitação sadia. Acredito que a qualidade das histórias “mata a pau” também sendo um dos diferenciais, eu simplesmente não consigo entender como existem artistas tão talentosos.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Lauriney Gomes Santin: Parei de contar quando chegou no 492 há não muito tempo, mas como comprei mais já passou um pouco de quinhentos exemplares só de Tex, fora Zagor, Júlia, Dilan Dog, Mágico Vento e os dois do Leo Pulp, entre outros.
É difícil dizer qual a mais importante, com certeza a primeira é uma delas por ter sido a mais marcante, tenho um carinho especial pela número um “O signo da serpente”, Ouro numero um: “Cheyenne Club” , Histórica 40: “Sinistros presságios”, Almanaque catorze: “Testemunhas de acusação”, dentre outras, na realidade todas me agradam muito.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Lauriney Gomes Santin: Tudo que posso adquirir sobre Tex adquiro, mas gosto de todo o tipo de leitura, livros de romance, cordel, poesia gaúcha, científicos e todo título que eu achar interessante.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Lauriney Gomes Santin: Tudo, mas gosto muito de um póster que veio junto a um Tex que comprei há um tempo.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Lauriney Gomes Santin: As histórias favoritas ficam entre Armadilha diabólica/ O homem com o chicote, do normal 274-276 ou Ouro 28; Além da fronteira, do normal 285 e 286; e A cruz trágica (Flechas pretas assassinas) que possuo no Tex Coleção 170 a 173 e algumas mais que já citei numa pergunta anterior.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Lauriney Gomes Santin: O que me agrada mais é o retrato de um mundo possível porém improvável que vejo retratado nas revistas, além de ele dar o merecido castigo aos malandros, faz-me lembrar com tristeza de que nesse nosso país a lei funciona para prender o pobre que rouba ou furta e muitos usam drogas, enquanto os políticos aprovam aumentos exorbitantes em seus salários enfiando literalmente a mão nos nossos bolsos legalmente, isso é o que mais dói, saber que quem deveria lutar pela igualdade luta pelo contrário dela e quer que o pobre se esfole.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Lauriney Gomes Santin: Em primeiro lugar, ele nasceu em um terreno fértil em que o povo no pós-guerra necessitava muito dele, segundo o grande herói que ele é e por último a propaganda boca a boca que é o que de facto funciona em tudo.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Lauriney Gomes Santin: Não, mas conheço pessoalmente uns dois ou três. É difícil encontrá-los às vezes, ainda mais com a correria da vida moderna.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Lauriney Gomes Santin: É perfeitamente possível que não acabe,mas como o entretenimento cresceu muito no mundo (Internet, vídeo-games, seriados e tudo mais) ele necessita mais ainda de nossa ajuda do que no passado, cabendo a nós ajudar os pobres mortais que não o conhecem fazendo as devidas apresentações.

Prezado pard Lauriney Gomes Santin, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

2 Comentários

  1. Parabéns Lauriney por estar nesta formidável, fantástica lista de pards colecionadores. Quantos texianos anônimos ainda teremos o prazer de conhecer. Valeu amigo.

  2. Tirando Turma do Arrepio e Fantasma, lemos os mesmo gibis na infância. “Fiquei doidão do jeito dos noiados quando ‘puxam um’ bem puxado.” Eh eh eh eh eh eh. Também leio Mágico Vento e Júlia. Legal isso, dois irmãos pards. Um abraço.

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