Entrevista com o fã e coleccionador: João B. Marin (Juka)

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
João B. Marin: O meu nome é João B. Marin. Sou mais conhecido por “Juka”, nasci no interior do Estado do Paraná (Brasil) em 1964, sou funcionário público. Colecciono histórias em quadradinhos há 27 anos (fiquei 9 anos sem coleccionar e nem comprar nada). Tenho actualmente milhares de exemplares dos mais variados géneros e de diversas décadas (de 1940 a 2011). Tex, Zagor e Ken Parker estão entre as preferidas.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
João B. Marin: Bem cedo. Mesmo antes de saber ler eu já gostava de olhar os desenhos das revistas. Em 1975 comecei a coleccionar revistas. No início eram apenas as de super-heróis e das personagens Hanna-Barbera.

Quando descobriu Tex?
João B. Marin: Em 1977 (com 13 anos de idade) tive contacto com as revistas do Tex. A princípio eu não me animei muito. Eram revistas em preto e branco e com longas histórias (muitas vezes durando dois ou três números). Eu era, na época, um leitor que ainda estava descobrindo o gosto pela leitura de histórias em quadradinhos.

Porquê esta paixão por Tex?
João B. Marin: O gosto pelas histórias de Tex veio logo. Os roteiros e os argumentos cativaram-me. Eu começava a ler a história e não queria mais parar. A qualidade dos roteiros e textos e a narrativa (sem falar nos desenhos) foram os responsáveis por me tornar um fã de Tex.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
João B. Marin: Na minha opinião, o diferencial de Tex está justamente na qualidade dos roteiros e desenhos. Tivemos muitos outros heróis do faroeste ao longo dos últimos 60 anos. A grande maioria deles sempre teve um certo padrão de narrativa (que era utilizada por quase todos). No caso de Tex a situação era um pouco diferente. O tema faroeste, não raras vezes, era mesclado com outros (ficção, terror, magia, história, etc.). Os roteiros eram mais elaborados e longos. Acredito que esta “fórmula” colaborou para o sucesso de Tex até os dias de hoje.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
João B. Marin: Segundo o meu último levantamento, tenho um total de 1.449 revistas com o herói (Júnior, Tex, Tex 2ª edição, Tex Coleção, Tex Ouro, Tex Edição Histórica, Almanaque Tex, Tex Edição Gigante, etc.). A que considero mais importante na minha colecção é a JÚNIOR nº 28 (primeira revista a publicar Tex no Brasil, em 1950). A mais “curiosa” da minha colecção é uma revista do Tex nº 76 da 2ª edição publicada pela Editora Vecchi (na realidade não é uma revista do Ranger – apenas a capa o é – o interior é de outra personagem -Chacal-, também publicado por esta editora. Creio que foi um erro de encadernação), comprei esta revista e guardei como curiosidade e por ter a capa do Tex.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
João B. Marin: Actualmente só colecciono revistas (livros). Gosto muito das estatuetas e, quando possível, pretendo coleccionar também.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
João B. Marin: O meu sonho é conseguir o primeiro exemplar de Tex publicado na Itália no fim da década de 40.

Qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
João B. Marin: Esta é uma pergunta difícil. São muitas, muitas mesmo. Eu não saberia dizer qual a que mais gosto. Como aprecio também o género “terror”, gosto mais das histórias que, de alguma forma, o abordam também, como por exemplo: “Pesadelo” do Tex nº 77, “Espectros” do Tex nº 78, etc. As histórias feitas por “Galep”  e “Bonelli” são as minhas preferidas. Não que eu não goste das que vieram depois (sou da antiga e a fase “Galep” e “Bonelli” marcaram).

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
João B. Marin: Tex e seus companheiros (e vilões) são bem desenvolvidos e incorporam perfeitamente as emoções e reacções humanas (criando uma certa identidade entre eles e os leitores), apenas não gosto muito, em certos momentos, da certa “invulnerabilidade” da personagem.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
João B. Marin: Acredito, como já citei, que o sucesso se deve, dentre outros, à qualidade dos roteiros/textos e desenhos.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
João B. Marin: Sempre que possível encontro-me com coleccionadores de Tex, especialmente em eventos, pois na minha cidade não há muitos.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
João B. Marin: Vivemos hoje uma época em que as histórias em quadradinhos estão em baixa (o género faroeste há um bom tempo). Tex é uma excepção. Apesar do aumento da população, não há um aumento no número de leitores, pelo contrário, as últimas décadas vem registando uma queda. A geração actual prefere realizar actividades na “rede” (leitura de livros digitais, etc.).
O contacto com revistas em quadradinhos é cada vez menor.
Talvez no futuro tenhamos uma versão exclusiva do Ranger só na “rede”, mas, apesar de tudo, acho que a personagem e seus “pards” ainda têm longos anos pela frente.
O futuro dirá…

Prezado pard João B. Marin, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

4 Comentários

  1. Também encontrei Tex em 77, aos 9 anos, lendo A Flor da morte. Mas bah tchâe tu tens o 28 na Junior, baita coleção essa tua. Meus cumprimentos. Realmente curiosa a revista do Tex com o Chacal dentro.

  2. Olá João, que linda a sua coleção. Também tenho uma pequena coleção e vou conseguindo um exemplar aqui e outro ali.
    Muito legal estar ao lado do Civitelli e ter um autógrafo.
    Eu sou fã!
    Abraços!!

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