Argumento de Claudio Nizzi, desenhos de Fabio Civitelli e capas de Claudio Villa.
Com o título original Tumak l’inesorabile, a história foi publicada em Itália nos nº 536 e 537 e no Brasil pela Mythos Editora nos nº 442 e 443.
O professor Lovestock é um especialista em civilização pré-colombiana. Chegado ao velho oeste, encontra Link Miller, que alguns meses antes encontrou por acaso um pueblo abandonado. Lovestock está convencido que se trata do local onde viveram os Anasazi, uma antiga tribo índia. Por isso, combina com Miller e organiza uma expedição ao povoado perdido. No entanto, durante a viagem, a expedição depara-se com dois jovens guerreiros Hopi e os homens de Miller abatem-nos.
O fanático guerreiro Tumak odeia os brancos e pretende vingar-se da morte dos dois guerreiros, movendo uma perseguição à expedição com o firme propósito de defender o vale sagrado e os direitos da sua raça. Tex é chamado a intervir com o objectivo de evitar mais derramamento de sangue.
A base desta aventura parte da expedição levada a cabo pelo professor Lovestock, uma busca pelos antigos vestígios da civilização pré-colombiana dos Anasazi. Mas esta é uma expedição científica, pelo amor do conhecimento, pelo respeito da história e das tradições (representado em Lovestock) e não pela avidez (personificado em Miller). Nizzi buscará aqui eventualmente a comparação entre dois propósitos, entre duas formas e maneiras de estar que bem poderá ser transposto em rigor para os nossos dias, por um lado a honestidade de quem procura o rigor científico em contraponto com a avidez humana.
Neste ponto estamos em presença de algo inovador, um ponto interessante da aventura. Mas esta bloqueia no posterior desenvolvimento e esta falha surge onde Nizzi tem sido criticado, na falta de espessura, numa maior e melhor construção dos actores e dos protagonistas das aventuras texianas. Tumak, a bem ver a personagem que dá título à aventura, é uma construção muito maniqueísta, um índio com um profundo ódio ao branco e onde só este sentimento parece estar presente em toda a sua conduta. Nem uma ponta de inteligência ou de estratégia, porque Tex vai derrotá-lo facilmente.
Apesar do protagonismo que o título da aventura prometia, a verdade é que Tumak está pouco presente e o seu papel, para além de previsível, reduz-se a uma debilidade pouco credível, é uma personagem que resulta mais pela sua negatividade latente e que faz pouca justiça ao seu nome de implacável.
Capítulo gráfico pouco haverá apontar contra Civitelli, uma vez que se trata de um dos melhores desenhadores de Tex. Paisagens representadas de modo admirável e enquadramentos que sobressaem pela rara beleza. Para mais quando se tem o privilégio de poder observar e desfrutar de algumas pranchas desta aventura em tamanho natural.
Texto de Mário João Marques