Tex Série Normal: O Presságio

Il presagioArgumento de Claudio Nizzi e Fabio Civitelli com desenhos de Fabio Civitelli.
Capas no Brasil de Fabio Civitelli e Claudio Villa e na Itália de Claudio Villa.
Com o título original Il presagio, a história foi publicada em Itália nos nº 475 a 477 e no Brasil pela Mythos Editora nos nº 390 a 393.

O velho feiticeiro Yanado, expulso das terras navajo por Tex, pretende vingar-se. Aproveitando-se do facto de Urso Veloz sempre ter resistido às ordens de Águia da Noite, consegue ludibriar o jovem guerreiro, fazendo-o crer através de um sonho que derrota o chefe navajo. Motivado, Urso Veloz começa a saquear e a assassinar fazendeiros, iniciando uma rebelião e espalhando um rasto de sangue. Tex tenta obter o apoio do exército, mas o major Wellman apenas pensa em subir na escala militar e para ele os índios têm que ser dominados, quanto mais não seja pela força. Mas outros interesses estão por detrás desta rebelião e Urso Veloz parece ser uma das peças de uma engrenagem tendente a saquear o ouro navajo.

Arte de CivitelliPrimeira aventura da série a ter o contributo no argumento de um desenhador. Fabio Civitelli idealizou a aventura e, em conjunto com Nizzi, acabou por desenvolver uma trama onde está bem patente um certo insuflar de sangue novo. Por dois motivos principais: primeiro no papel desempenhado pelos quatro rangers, depois e, talvez até mais original, o facto de surgir uma mulher na vida de Tex e cujo destino parece não estar completamente escrito.

A bem dizer, convenhamos que a base da aventura não prima pela originalidade, caracterizada por mais uma rebelião índia e onde o exército se encontra em permanente alerta para conseguir lutar pela paz numa zona sempre de disputa.
O Homem do SolDepois, a própria rebelião no seio dos navajos, pondo em causa o papel de Águia da Noite como chefe. O mesmo Civitelli e o mesmo Nizzi já tinham explorado esta via, se atendermos, por exemplo à aventura “O Regresso de Zhenda”. No entanto, aí os autores trouxeram à liça o elemento do sangue como sustentação da luta travada. Desta vez, trata-se somente de alguém que se julga capaz de chefiar e por isso não acolhe com bons olhos as directrizes emanadas por Águia da Noite.
Ou seja, a aventura acaba por colher os seus louros na sua qualidade dos ambientes, no conjunto de acontecimentos, nas personagens, no papel dos rangers e na originalidade do elemento feminino na vida de Tex.

Conspiração diabólicaCivitelli pretendeu explorar bem a sua paixão pelos ambientes naturais do western, não sendo dispiciente o facto de estarmos em presença de vários espaços: Forte Defiance, a aldeia navajo, as montanhas, as planícies, a cidade, o saloon, enfim tudo o que respira western. Por outro lado, desde há algum tempo que não víamos uma aventura onde o papel dos quatro pards estivesse tão bem delineado e organizado, contribuindo cada um para o desenlace da aventura. Finalmente, o elemento feminino, que vem oferecer ao argumento o toque de originalidade que faltava. Porque a personagem de Alyson não acolhe apenas Tex na sua casa, parecendo também o acolher no seu coração.

Desafio SelvagemUma aventura onde é notório o gosto e a paixão de Civitelli pelos ambientes e as paisagens naturais, isto apesar da sua natural aptidão para ambientes urbanos, em razão seu traço limpo.

Por outro lado, toda a atitude adoptada por Tex parece apontar no mesmo sentido, não sendo indiferente ao ranger esta presença feminina. E o destino que os autores acabaram por dar à personagem leva-nos a acreditar que algo mais se poderá passar no futuro.
Nota final para o facto de que, com esta aventura, Civitelli foi galardoado com o Prémio Fumo di China 2000 para o melhor desenhador realista.

Texto de Mário João Marques

3 Comentários

  1. Essa não li, o que é uma pena. Depois dessa crítica, a vontade de ler aumentou ainda mais.

  2. Então leia Yudae, pois ai excelente desenho de Civitelli junta-se uma boa história de Nizzi.

  3. Recentemente encontrei um tempinho para ler essa aventura na íntegra, e que aventura! Sem dúvida, uma das melhores histórias de Tex que eu já havia lido. Não contive a minha grande satisfação com o exelente roteiro do Nizzi, acompanhado ainda da arte do intocável Civitelli. Simplesmente uma perfeição!

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