TEX SEM FRONTEIRAS: Tex no Brasil

Por G. G. Carsan*

Meus amigos texianos,
Jack Colt planejou uma terrível vingança contra Tex Willer, que o desmascarou no passado, levando-lhe à prisão e à desonra, mas o nosso herói conseguiu safar-se, numa aventura que tem tesouro, duelo, seita, traições e muito bang bang, acabando com um confronto em alto-mar.

Até aqui o texto acima tem duas coisas que podem suscitar indagações e dúvidas dos texianos, mas informo que o subtítulo Tex no Brasil não tem a ver com o livro “Tex no Brasil – O Grande Herói do Faroeste” que escrevi e continua à venda em diversos pontos do Brasil; e que esta aventura a que me refiro foi publicada no Fórum do Portal TexBr sob título “O Tesouro do Navio Português”, como curiosidade e divertimento, escrita por mim, que não faço parte da Bonelli.

Esta matéria é mais uma forma de suscitar o desejo de uma aventura do Tex que se passe no Brasil, como é sonhado pela imensa maioria dos coleccionadores brasileiros, conforme sempre tem sido externado em cartas, fóruns e grupos. E aproveito para fazer algumas considerações.

Em 1876, o Imperador D. Pedro II, que era amante das artes, nomeadamente da fotografia, foi convidado para as comemorações de 100 Anos da Independência americana e visitou uma exposição no estado da Filadélfia, numa viagem que foi à Europa e retornou pelos Estados Unidos, para então voltar ao Brasil.

No confronto em alto-mar citado acima, quando o navio onde navegava foi atingido por um tiro de canhão, Tex tomou a drástica atitude de jogar o seu navio contra o outro – senão afundaria sem lutar -, tomando-lhe de assalto, mas no choque, ambos naufragaram.

O nosso herói e os seus amigos teriam servido de comida para os tubarões se não fossem resgatados pela frota composta de 4 navios, na qual viajava o Imperador. E ajudaram-no a livrar-se de um grande problema causado pelo Jack Colt – que havia escapado e dominado a tripulação de um dos navios.

Depois desses acontecimentos, Tex foi agradecer a D. Pedro II pela salvação e pelo favor que seria levá-los até à costa americana, mas o Monarca viu naqueles homens de acção, a oportunidade de resolver um grave problema que tinha no Brasil, e convidou-os para ajudá-lo.

Assim termina a aventura, mas é um óptimo exemplo de gancho para iniciar uma aventura brasileira do Tex, que já se aventurou recentemente na Argentina, com o Tex Gigante “Patagónia” e neste ano de 2010 será lançado o Tex Gigante ambientado em Cuba, cujo título (na Itália) é Os Rebeldes Cubanos.

Para haver um deslocamento de Tex do seu habitat natural, o Sudoeste americano, é necessário um facto importante e também um plano de fundo que o justifique, começando pela época histórica, para não deixar um furo na cronologia da personagem, que conta com ambientação e história bastante próximas da realidade.

O editor Sergio Bonelli afirmou numa entrevista que não pensava em Tex no Brasil, por achar que os italianos não ficariam contentes com tal facto, mas logo depois permitiu aventuras de Tex em países fora do contexto, e isso por certo demonstra que algo mudou e podemos, no curto prazo, ser surpreendidos com a nossa tão sonhada aventura.

Na verdade, há casos que o Imperador teria para ser resolvido e podemos imaginar algo relacionado a traição, a contrabando de ouro, a politiquices, insurreição, busca de um tesouro, exploração de determinada região, a Guerra do Paraguai – na qual o D. Pedro II esteve presente, inclusive fotografando cenários e combates, etc. O que podemos afirmar é que o Brasil tem história e localização para situar uma aventura texiana, afinal, até Sir Sherlock Holmes visitou a capital do Império – vide O Xangô de Baker Street, de Jô Soares.

Entretanto, apesar de ter desenvolvido uma história com final específico para este fim, não sei o que isso mudaria a título de aumento nas vendas, por exemplo. Ou seja, nada contra, nada a favor. O herói de BD pode viajar no tempo, inserir-se em qualquer realidade e tudo irá bem, desde que respeite o que é facto real, como já vimos no próprio Tex, na aventura em que contracena com o General Custer. Porém, acredito que esse desejo dos fãs seja mais como reconhecimento, auto-afirmação, curiosidade ‘de ver como fica’. Apenas os fãs comprariam.

Acredito mesmo que não se trate de patriotismo, haja vista que uma excelente personagem já publicada no Brasil, que todos conhecem bem, Mister No, com muitas e boas aventuras na Amazónia e países vizinhos, não singrou e foi cancelado.

Dito isso, baseado nas incursões texianas na Argentina e em Cuba, existe a possibilidade que Tex venha para uma missão no Brasil e recordo uma conversa com um texiano, tempos atrás, onde falávamos do aprendizado de Geografia e História da América do Norte, mas não só, pois convivemos com a cultura daqueles povos, adquiridos por nós, nas revistas Tex. E considero esse um ponto a ser desenvolvido e divulgado com mais intensidade, que é a mensagem educacional e informativa contida nos enredos.

Confesso que em Patagónia aprendi o que jamais ouvira falar em todos os meus anos de escola regular. O Brasil também tem muito o que ensinar e uma aventura texiana pode ser a continuidade de um ciclo fabuloso para as BDs históricas, a exemplo do Texone Seminoles, que esgotou na França, há pouco tempo.

Em Outubro o desenhador Fabio Civitelli virá ao Brasil participar do FestComix em São Paulo e conhecerá um pouco do nosso país, nossa cultura e nossa gente, fará contactos com os fãs e coleccionadores de Tex e quiçá possa voltar para casa com um argumento texiano na cabeça, para desenvolver junto a um argumentista. Nada é impossível no mundo movido pela imaginação, sonhos e acções.

Forte abraço a todos e até logo,

G. G. Carsan.

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* G.G.Carsan, 45 anos, paraibano, fã, coleccionador e divulgador, começou aos 7 anos a ler Tex e nunca mais parou. Realizou 5 exposições em João Pessoa, escreveu várias aventuras para Tex (algumas publicadas na Internet) e um livro sobre a personagem no Brasil.
Escreve para o Portal TexBr e participa de chats e comunidades no orkut. Fez matérias especiais para o HQ Maniacs e Universo HQ nas comemorações de 60 anos. Mantém a biblioteca aberta para visitantes.


(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

2 Comentários

  1. Parabéns GG,
    Mais uma “sacada” importante para a consolidação de um futuro argumento para uma história de TEX no Brasil.
    Quem sabe não será um dos colaboradores? Torço por vc.
    A cada dia que passa admiro mais e mais sua verve e paixão por esta personagem por nós tão estimada. O bom de TEX nas mãos dos atuais roteiristas e desenhistas é que a possibilidade do novo se inventa e reinventa, tornando-se infinita. É por isso que já estamos em 600 edições e espero ver a 1000 com grande baluarte.
    Novamente parabenizo seu trabalho e continue firme… Não esmoreça! Só os bons e persistentes chegam lá.
    Um forte abraço.

  2. Caro Joao Rios, obrigado por suas palavras elogiosas. O meu prêmio é que mais colecionadores, mais fãs de Tex passem a deixar aflorar a paixão pela leitura, pelas hqs, num tempo em que os grandes jornais abandonam o papel, como o JB e o TNYT, mas que certamente as notícias continuam pipocando e apenas o modo de divulgação que mudará. Com as HQs também será assim um dia, tudo na telinha, exceto para alguns abnegados, que farão as suas HQs de papel, sempre.
    Sobre ser colaborador, acho muito difícil, larguei mão como meta a atingir, mas continuo me divertindo, deixando fluir as idéias que surgem, e expondo, distribuindo, fazendo amizades, expandindo as relações, pois tenho alcançado bons frutos nesse patamar.
    Os planos se alteram, surgem novas perspectivas, e uma coisa eu sei: seguindo a mesma trilha e acumulando conhecimento, acabamos por construir alguma coisa. Taí o livro.
    A gente se falará daqui um mês, em Sampa e mataremos todas e quaisquer conversas, assuntos, curiosidades, pois você também é um baú cheio de conhecimentos.
    Abraço e obrigado

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