Tex Ouro 4: Chamas de Guerra

Tex Ouro nº 4Argumento de Claudio Nizzi, desenhos de Giovanni Ticci e capa de Aurelio Galleppini.
Com o título original
Fiamme di guerra , a história foi publicada em Itália nos números 297 a  299 em 1985 e no Brasil pela Mythos Editora em Janeiro de 2003.

Tex é chamado por Howard Walcott, vice-governador da Virgínia e homem em ascensão política. Tex conhecera Howard durante a Guerra da Secessão, quando travou conhecimento com os seus dois sobrinhos, John e Leslie Walcott, dois primos que lutaram em lados opostos durante o conflito. Durante a viagem de comboio até à Virgínia, Tex conta a Carson as aventuras vividas, sobretudo ao lado de John, oficial nortista que vai ser capturado pelos sulistas depois de ter roubado um carregamento de ouro aos confederados. Seguros de que John estava na posse do ouro, os unionistas vão pedir a Tex que resgate John da prisão de Anderville onde se encontrava cativo. Depois de se evadirem, John conta a Tex que desconhece o paradeiro do ouro, um mistério que se mantém até agora e cuja verdade Howard Walcott parece estar finalmente disposto a revelar.

Arte de Giovanni TicciA Guerra da Secessão que ocorreu nos Estados Unidos, por constituir um dos episódios marcantes da História norte americana, tem o seu relevo nas aventuras texianas, tendo alguns autores aproveitado este filão para assinar algumas das melhores histórias da série. “Tra Due Bandiere” é marcante neste universo, mas enquanto G.L. Bonelli não tomou partido por nenhuma das partes em confronto, assumindo antes uma acerbada crítica sobre os malefícios da guerra, Nizzi com “Fiamme di Guerra” interpreta o confronto de ideias, das posições e das filosofias políticas em jogo no conflito. Na figura de dois primos, que debaixo do mesmo tecto perfilhavam diferentes visões do rumo a seguir pelo seu país e sobretudo do futuro de toda uma sociedade, Nizzi vem jogar com este confronto, logrando até ir mais longe ao afirmar que o Norte representava o lado justo e a modernidade contra um sul sustentado numa economia onde coabitavam poucas famílias ricas que exploravam inúmeros escravos pobres.

Arte de Giovanni TicciTambém realizada em flash-back, como a aventura escrita por G.L. Bonelli, o argumento de Nizzi, no entanto, não vem tratar das partes em confronto ou dos sucessivos acontecimentos da guerra, optando antes por situar concretamente a acção num episódio isolado e imaginário para daí partir em busca da visão crítica do seu autor. Ou seja, este “Fiamme di Guerra”, apesar de nos apresentar a realidade pura, dura e crua de um campo de prisioneiros, é mais uma aventura que se passa durante a Guerra da Secessão do que um retrato amplo dos sucessivos acontecimentos do conflito, que nos parece mais adequado na aventura de G. L. Bonelli.

Arte de TicciTivemos oportunidade de ler esta aventura na sua versão a preto e branco, tal como Ticci a fez, mas também na versão colorida publicada pela prestigiada Mondadori e convém aqui salientar o facto que a cor e o formato maior não retiram nada das qualidades gráficas de Ticci. Pelo contrário, o maior formato confere outra grandeza ao traço do desenhador genovês, senhor de uma aptidão por demais conhecida e apreciada por todos os leitores texianos. Ticci é assim o fiel intérprete de um argumento muito sólido de Nizzi, que nos dá mais uma visão de um conflito marcante na história de uma nação em crescimento e expansão dentro dos seus próprios limites geográficos.

Texto de Mário João Marques

Um comentário

  1. Puxa, já estava sentindo falta das excelentes críticas do Marinho! E ainda por cima escolheu uma ótima história para resenhar.

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