TEX de Colin Wilson em grande destaque no Diário As Beiras: 15 de Janeiro de 2005

Texto do jornal Diário “As Beiras” de 15 de Janeiro de 2005
João Miguel Lameiras

DE BLUEBERRY A TEX: COLIN WILSON NO OESTE

De Blueberry a Tex - Colin Wilson no OesteFelizmente que a qualidade dos livros nem sempre se reflecte no seu preço. Daí que, conforme já tive ocasião de referir por diversas vezes nestas páginas, seja preciso estar atento às revistas da Bonelli que a Mythos distribui em Portugal e, muito em especial, aos sempre interessantes “Texones”, edições anuais em formato maior e com uma produção mais cuidada, em que autores de renome tem a sua oportunidade de imprimir a sua marca pessoal ao mais popular cowboy da BD italiana, o ranger Tex Willer, em histórias de longo fôlego, com mais de 200 páginas de acção.

Depois de José Ortiz, Victor De La Fuente, Alfonso Font, Ivo Milazzo e Joe Kubert, autores injustamente desconhecidos no nosso país, a série “Tex Gigante” dá-nos agora a (re)descobrir o trabalho do neo-zelandês Colin Wilson, um autor com trabalhos publicados em três continentes e que o público português já bem conhece da série “A Juventude de Blueberry”, dedicada às primeiras andanças do célebre cowboy criado por Gir e Charlier.

Nascido na Nova Zelândia em 1949, Colin Wilson é um dos raros desenhadores que se pode gabar de já ter desenhado três das personagens mais emblemáticas da BD inglesa, franco-belga e italiana. Com efeito, depois de ter ilustrado as aventuras do Judge Dredd nas páginas da revista 2000 AD, logo no início da sua carreira, Wilson foi escolhido por Giraud e Charlier para desenhador da série paralela das aventuras do Tenente Blueberry, “A Juventude de Blueberry”, mostrando um talento para o Western, agora plenamente confirmado neste “Tex” especial.

Arte de Colin WilsonActualmente a trabalhar para o mercado americano, para onde desenhou a mini-série “Point Blank”, um policial negro de Ed Brubaker, editado pela Wildstorm, Wilson também é conhecido em Portugal pelo álbum “Rain Dogs”, uma história de ficção científica pós-apocalíptica, publicada pela Vitamina BD, o que prova que está perfeitamente à vontade em diferentes géneros. Mas, apesar da sua versatilidade, este “O Último Rebelde”, em que Tex e Kit Carson vão tentar neutralizar um exército de rebeldes confederados, que não souberam aceitar o fim da guerra, é o mais conseguido dos seus trabalhos disponíveis em português, muito por via de um bem conseguido jogo de sombras, que faz com que não se sinta a falta da cor existente na “Juventude de Blueberry”.

O Último RebeldePara além do detalhe no tratamento dos cenários, da planificação dinâmica e da eficácia no coreografar das cenas de acção, que já conheciamos da “Juventude de Blueberry”, o trabalho de Wilson neste “Último Rebelde” embora sem se afastar da influência de Giraud, que continua a marcar o traço do desenhador neo-zelandês, tem a grande vantagem de estar ao serviço de um argumento que, sem ser particularmente inovador, está bastante mais bem construído do que os textos de Cortegianni na “Juventude de Blueberry”, confirmando a eficácia narrativa que Claudio Nizzi já tinha demonstrado em outros “Texones”.

Com uma excelente relação qualidade/preço, este “O Último Rebelde” é mais uma prova de que é preciso estar atento aos quiosques, por onde passa cada vez mais muita da melhor BD editada em Portugal.

(“Tex Gigante nº 10: O Último Rebelde“, de Claudio Nizzi e Colin Wilson, Mythos Editora,  244 pags, 5,50 €)

Copyright: © 2005 Diário “As Beiras“; João Miguel Lameiras
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