Por Sergio Bonelli*
Caros amigos,
depois de haver escrito mais ou menos cinco mil e duzentas paginas de Tex, decidi, como se diz no gíria desportiva, pendurar as chuteiras, reservando inteiramente o meu tempo à gestão da editora sempre mais empenhada em enfrentar o mar tempestuoso dos quadradinhos italianos. “Tudo somado” disse a mim próprio “já fiz a minha parte, para ser somente um argumentista improvisado e amador”.
Contudo, permanecera, não o nego, uma espécie de caruncho no cérebro que despertava e me atormentava todas as vezes que me preparava para colocar nos quiosques um novo Texone.
“Que grande satisfação“, pensava, “deve constituir para um argumentista a publicação de um volume como esse, com o seu público fiel e seleccionado e com o seu formato gigante, que exalta ulteriormente as grandes qualidades gráficas dos artistas estrangeiros ou italianos que são!“.
E dizer que os apontamentos para minha primeira e única aparição na prestigiosa colecção eu os havia recolhido há muitos anos, isto é, no tempo em que eu havia decidido repropor uma história realística sobre os índios Seminoles, que anteriormente, não tinham sido descritos de maneira correcta sob o ponto de vista etnológico e histórico, nas páginas do Tex.
Infelizmente, como sabem, o famoso “medo da página branca”, bem conhecido até dos escritores mais importantes, levou a melhor até ao dia em que os meus olhos caíram sobre uma velha capa da série “Storia Del West“, cuja imagem e cujo título não deixavam dúvidas: os dois índios mostrados num pântano, adornados de penas e preciosos tecidos coloridos, eram indiscutivelmente Seminoles e as “águas mortas” do citado titulo eram aquelas das Everglades, a infinita extensão de florestas e charcos que recobrem a parte meridional da Florida.
O argumentista daquela revista era precisamente Gino D’Antonio, um meu colaborador que desde sempre considerei e indiquei publicamente como um dos melhores narradores por imagens do mundo. A quem, se não a ele, poderia confiar o encargo de transformar numa aliciante história de duzentas e vinte e quatro páginas, a série de notas pacientemente recolhidas lendo livros e vendo filmes e documentários?
O nosso amigo D’Antonio, infelizmente falecido em Dezembro de 2006, era justamente considerado um grande especialista da epopeia do Oeste, que havia recontado fundindo com miraculoso equilíbrio, eventos reais com invenções da fantasia.
A cada pedido meu para escrever uma história de Tex, personagem que considerava muito longe da sua visão do Oeste americano, sempre recusava gentilmente. Porém, durante um jantar particularmente cordial, surpreende-me prometendo que transformaria os meus esboços de enredos num volume digno de uma colecção tão prestigiosa.
Mês após mês, enquanto lia as páginas que me submetia, percebi que “entrar na pele” de um herói do qual nem sempre são compartilhadas as atitudes, requer um empenho e uma tensão não indiferentes.
O resultado final, porém, demonstrou que a minha confiança foi bem aplicada.
“Sim, mas e o desenhador?” Perguntam-me vocês.
“Aquele desenhador alheio à série que (quase) sempre representa o símbolo dos Tex Gigantes, onde o descobriu, desta vez? Em França como Colin Wilson, em Espanha como José Ortiz, Alfonso Font, Victor De La Fuente, Jordi Bernet e Manfred Sommer, nos Estados Unidos como Joe Kubert, na Croácia como Goran Parlov, ou então na nossa Itália como Guido Buzzelli, Alberto Giolitti, Sergio Zaniboni, Aldo Capitanio, Magnus, Ivo Milazzo, Bruno Brindisi, Roberto De Angelis, Carlo Ambrosini, Giancarlo Alessandrini, Corrado Mastantuono?”.
Pois bem, uma vez mais, e seguro de não me enganar, a minha escolha já tinha sido feita há muito tempo: desde que um certo Lucio Filippucci tinha dado inovação e nobreza às páginas de Martin Mystère. Ele também, tal como Gino D’Antonio, teve um momento de hesitação, mas, depois de ter aceite, acreditem, não me desiludiu. Obrigado Lucio!
*O texto é de Sergio Bonelli, argumentista e editor de Tex na Sergio Bonelli Editore.
Tradução e adaptação a cargo de Roseli Xavier.
Material apresentado no sítio da Sergio Bonelli Editore
Copyright: © 2008, Sergio Bonelli Editore S.p.A.
“Depois de haver escrito mais ou menos cinco mil e duzentas paginas de Tex”.
Caro Zeca, foram tantas assim? Parece tão poucas as histórias que o Sergio escreveu,enumere para nós relembrarmos as histórias, a hora que tiver tempo.
Abs
Valdivino
Valdivino, grande pard e Amigo, como um pedido seu é uma ordem, eis a relação completa (em italiano) das histórias de Tex escritas por Sergio Bonelli (Guido Nolitta):
Para Aurelio Galleppini:
Tex 190-191 – El Muerto – 185 páginas
Tex 223-226 – Frontiere di fuoco – 323 páginas
Tex 242-245 – I guerrieri venuti dal nord – 299 páginas
Tex 276-277 – La grande minaccia – 202 páginas
Tex 287-289 – Il killer senza volto – 235 páginas
Para Erio Nicolò:
Tex 202-203 – Quattro sporche canaglie – 147 páginas
Tex 220-223 – Virginia City – 252 páginas
Tex 236-239 – Uno straniero a Elk City – 319 páginas
Tex 261-262 – La freccia spezzata – 172 páginas
Para Giovanni Ticci:
Tex 250-252 – Il solitario del West – 330 páginas
Tex 271-273 – La pattuglia sperduta – 198 páginas
Para Alberto Giolitti e Giovanni Ticci:
Tex 431-435 – La strage di Red Hill – 461 páginas
Para Guglielmo Letteri:
Tex 253-254 – Artigli nelle tenebre – 193 páginas
Tex 387-392 – Ritorno a Pilares – 586 páginas
Para Fernando Fusco:
Tex 183-185 – Caccia all’uomo – 265 páginas
Tex 203-207 – Missione a Great Falls – 381 páginas
Tex 254-256 – Il diserto di Mojave – 232 páginas
Tex 289-292 – Cheyenne club – 299 páginas
Ou seja, temos 5079 páginas de Tex escritas por Sergio “Nolita” Bonelli, mas há ainda a acrescentar a história que Sergio Bonelli começou a escrever para Giovanni Ticci e foi concluída por Mauro Boselli:
Tex 466-469 – Golden Pass – 372 páginas.
Ou seja, quando Sergio Bonelli diz que escreveu cerca de 5200 páginas de Tex, ele está certo!
Olá Zeca !
Muito bacana você colocar uma listagem dessas no blog. Não imaginava que fossem tantas as histórias.
Grande abraço,
Estêvão