Pasquale Del Vecchio entrevistado no Jornal da Bairrada

Jornal da Bairrada, de 14/08/2014
Texto da secção Culturas

Pasquale Del Vecchio na 1.ª mostra do Clube Tex Portugal em Anadia

Jornal da Bairrada destaca a presença de Pasquale Del Vecchio na 1.ª mostra do Clube Tex Portugal em Anadia

O Clube Tex Portugal realiza, no Museu do Vinho Bairrada, em  Anadia, de 15 a 17 de agosto, a 1.ª Mostra do Clube Tex Portugal e traz, pela primeira vez, a Portugal, Pasquale del Vecchio.

Para além da presença do desenhador, o Museu do Vinho Bairrada será palco também de uma mostra de trabalhos de Pasquale del Vecchio que concedeu uma entrevista, partilhando um pouco a sua relação com este personagem.

Em exposição vão estar várias pranchas inéditas da história, escrita por Roberto Recchioni, para o Color Tex de 2015 e dela constarão cerca de duas dezenas de pranchas deste que é na atualidade um dos mais conceituados desenhadores do Ranger.

Pasquale vai estar presente na exposição do Clube Tex Portugal, em Anadia. O que representa para si esse acontecimento?
Estou muito feliz e honrado por tomar parte na exposição de Tex, em Anadia. É muito bom saber que Tex também é um sucesso em Portugal.

O que o convenceu a aceitar um convite tão incomum?
A possibilidade de representar Tex em Portugal e a curiosidade de conhecer um novo público.

Quais as suas expetativas em relação à 1.ª Mostra do Clube Tex Portugal?
Estou convencido de que encontrarei um público muito interessado e caloroso e um ambiente, certamente, espetacular.

Tem algum contacto com a BD feita em Portugal? Conhece algum autor?
Confesso que, infelizmente, conheço pouco, e espero que a visita a Portugal possa preencher essa grave lacuna.

O que o fez entrar para a indústria da banda desenhada (BD)?
A paixão pela BD e pelo desenho foi o motor principal. Sempre desenhei e contar uma história através de imagens foi uma necessidade que se transformou, quase automaticamente, em profissão.

Como analisa a evolução da sua carreira?
Não sei responder a essa pergunta de modo objetivo. No início da minha carreira eu era atraído por desenhadores/autores muito distantes do meu modo atual de desenhar. Apreciava Muñoz, Pazienza, Corben. Depois, com o passar do tempo, a minha atenção dirigiu-se a um desenho mais clássico. A evolução frequentemente também está ligada às personagens ou às BDs que se está a desenhar. Um ponto importante, certamente, foi o meu trabalho com a série Napoleone.

Tem consciência de que é um dos melhores desenhadores de Tex e que os leitores têm sempre grandes expectativas em relação aos seus trabalhos?
Não tenho consciência disso, absolutamente, e também não acredito.

Em que projeto está a trabalhar atualmente?
Estou a trabalhar num Color Tex, com guião de Roberto Recchioni. Uma história envolvente e cheia de golpes de cena.

O que sentiu quando recebeu o convite para desenhar o Color Tex?
No início um pouco de preocupação, porque no Tex estou muito ligado ao preto e branco e às atmosferas que essa técnica consegue evocar.
Em seguida, ao conversar com Mauro Boselli, decidi não economizar no uso do preto, como geralmente acontece quando se trabalha para o mercado francês, e efetuar uma colorização bastante suave e complementar ao desenho. Veremos.

Como se forma um desenhador do seu calibre?
Com muito desenho e muita paixão por este trabalho. É necessária uma certa inclinação para o desenho, mas essa deve ser sustentada por um duro trabalho quotidiano. E ser curioso, não se limitar somente à BD, mas procurar outras formas expressivas, que de algum modo possam sugestionar o trabalho.

De que modo imagina que pode conseguir trazer novos leitores para Tex?
O modo mais simples é o dos laços familiares: pais, irmão, irmãs, noiva, tias… agora elas também lêem histórias de Tex.

Como avalia o seu trabalho em relação ao passado?
Sempre tive um relacionamento conflituoso com o trabalho recém-concluído. Só vejo os defeitos, as coisas que não saem bem. Para avaliar o meu trabalho é preciso deixar o tempo passar, ele deve se sedimentar. Eu penso que, com o tempo, o meu trabalho tornou-se mais maduro, mas tenho algumas dúvidas.

Na sua visão, qual foi o seu melhor trabalho com Tex? E o mais difícil?
O mais difícil, sem dúvida, foi o primeiro “Dinheiro Sujo e Salvamento Heróico”, história em dois volumes, por ser o primeiro impacto com a personagem e com a nova ambientação de faroeste. O meu preferido creio que foi “A Revolta dos Cheyennes e Três Dias de Cão”, também em dois volumes.

Há alguma história de Tex feita por outro autor e que gostaria de ter feito?
A de Ticci no Grande Norte “Flechas Pretas Assassinas, Tambores de Guerra”, mas é melhor que ela tenha sido desenhada por ele. Eu jamais conseguiria fazer tal obra-prima.

O que representa o Tex para si e qual a importância dele na sua vida?
Tex é a BD com a qual eu cresci e com a qual agora trabalho. Uma constante na minha vida.

Tex é uma personagem importante na sua carreira, sem dúvida. Consegue imaginar-se ainda a desenhá-lo por mais 10 ou 20 anos, ou pretende um dia tentar algo novo?
Por esconjuro, é melhor não falar de projetos ou sonhos.
De qualquer forma, estar ainda a desenhar Tex daqui a dez ou mais anos, parece-me um ótimo augúrio.

Que mensagem deixa aos seus admiradores que irão ver a mostra em Anadia?
Espero encontrar muitos admiradores do mítico Ranger em Anadia.

Capa do Jornal da Bairrada de 14 de Agosto de 2014

Copyright: © 2014 Jornal da Bairrada & José Carlos Francisco

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