As Leituras do Pedro: Cheyenne

As Leituras do Pedro*

Cheyenne
História originalmente publicada em Romanzi a Fumetti #34 (SBE, Itália, 2017)
Michelle Masiero (argumento)
Fabio Valdambrini (desenho)
Editora 85 e Lorobuono Fumetti
Brasil, Julho de 2023
160 x 210 mm, 288 p., pb, capa cartão com badanas
49,90 R$

Só um western

Descobri Michel Masiero em Mister No: Revolution e, desde então tenho de alguma forma tentado acompanhar a sua escrita pelo modo como conseguiu, naquele caso concreto, reinventar numa outra época os momentos determinantes da vida da personagem Mister No. 

Até agora não me tenho dado mal e este Cheyenne confirmou a boa opinião que tenho do argumentista.

Argumentista este que, fundamentalmente, tem sabido reinventar os temas que aborda. No caso presente estamos perante um western tradicional. O ponto de partida vai ser (reparem no tempo do verbo) o ataque de um bando de índios cheyenne a uma carroça de brancos, matando os dois ocupantes adultos e raptando um pequenito ainda bebé. 

O miúdo crescerá no seio da tribo, até ao dia em que um ataque de soldados – deveria ter escrito massacre – termina com o cumprimento de objetivo inicial: recuperar a criança branca.

As consequência iniciais do rapto no seu avô e a (re)adaptação posterior do miúdo ao modo de viver ‘civilizado’ dos brancos, na prática uma nova realidade que já não é – que na verdade nunca foi – sua, serão os pontos fortes de uma narrativa que parece banal e já várias vezes ouvida, mas que se destaca de outras similares pela forma como Masiero a montou, com sucessivos saltos ao passado e ao futuro, em lugar de utilizar uma linha condutora cronologicamente estável. Dessa forma, vamos recebendo fragmentos do relato que temos de montar mentalmente para conseguir ficar com todo o retrato ponto visível.

Esta opção, torna a leitura mais exigente e, por isso, mais satisfatória. Para além disso, é uma história sobre inadaptação, sobre recusa da realidade e sobre auto-compaixão, sobre recusa da diferença e não-aceitação dos outros, que torna mais humano um conto original com a base histórica que se lhe reconhece, da progressiva expulsão dos índios dos territórios que lhes pertenciam e do avanço civilizacional – se é que é este o adjetivo mais adequado para os brancos e a sua forma de agir.

* Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro

(capa brasileira disponibilizada pela Editora 85; restantes imagens disponibilizadas pela Sergio Bonelli Editore; clicar nas imagens para as apreciar em toda a sua extensão)

NOMES DE TEX NO BRASIL

Por João Marim*

Você sabia que Tex Willer já recebeu outros nomes em terras brasileiras?

Na sua primeira aparição no Brasil, em fevereiro de 1951, na revista Júnior nº 28, publicada por “O Globo”, a personagem recebeu o nome de Texas Kid. Noutros  números dessa coleção, que publicou Tex até julho de 1957, o nome chegou a sofrer variações, sendo chamado de Texas Kid, Tex Willer ou simplesmente Tex.

Em 1971, quando o herói voltou a ser pulicado no Brasil, agora sob a responsabilidade da Editora Vecchi, em revista com título próprio (Tex), a personagem foi chamada de Tex Taylor. Essa denominação foi utilizada nas edições nºs 2, 3, e 4 da 1ª edição, a partir da nº 5 passou a ser Tex Willer, e assim continuou em todas as edições subsequentes. No nº 1 da 1ª edição não aparece na história a menção do nome completo ou do sobrenome.

Tex Taylor é um nome que nos lembra os cowbois do cinema norte-americano da década de 50. Curiosamente, nos Estados Unidos, em 1950,  saiu uma edição em formato “tira” com uma personagem de faroeste de nome Tex Taylor, que não tinha nenhuma ligação com o nosso herói Tex Willer.

* Texto de João Marim publicado originalmente na Revista nº 13 do Clube Tex Portugal, de Dezembro de 2020.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

Póster Tex Nuova Ristampa 363

Póster Tex Nuova Ristampa 363

Em mais uma belíssima ilustração realizada por Claudio Villa vemos Tex Willer e Kit Carson  a bordo do barco Golden Arrow, perante uns aprisionados capitão Moisson e o temível patife Joe Larkin.

Desenho INÉDITO no Brasil e inspirado na história “Athabasca Lake” de Claudio Nizzi e Fernando Fusco (Tex italiano #530 a #533).
(Para aproveitar a extensão completa do póster, clique no mesmo)

Texto de José Carlos Francisco