Os vídeo-jogos dos Heróis Bonelli!

Por Luca Del Savio [1]

A partir de 1986 com uma aventura na forma de texto dedicada a Martin Mystère, as personagens de banda desenhada da Sergio Bonelli Editore foram protagonistas de numerosos vídeo-jogos de produção italiana. O vídeo que mostramos de seguida e que foi realizado para a exposição Bonelli Story – Ottant’anni a fumetti“, apresenta rapidamente alguns deles:

A história dos vídeo-jogos tendo como protagonistas os Heróis Bonelli teve início em pleno boom dos computadores domésticos, em meados dos anos 80 do século passado. A abrir o caminho, o mais multifacetado e mais multimédia dos personagens da via Buonarroti: o Detective do Impossível, protagonista de uma aventura totalmente escrita, “Martin Mystère and the secret of the birdman“: uma listagem para ZX Spectrum publicada na revista Personal Computer em 1986 e que permaneceu confinada entre essas páginas.

Foi o Espírito da Machadinha, por sua vez, o primeiro a estrear comercialmente, com um título lançado pela Systems Editoriale, numa disquete anexada ao número 3 da revista Commodore 64 Club (1987). Inspirada no homónimo episódio zagoriano de 1978, “La fortezza di Smirnoff“, programado por Marco Corazza para o Commodore 64, é uma aventura textual, uma espécie de livro virtual, por assim dizer. O primeiro Zagor digital só pode ser admirado exclusivamente na tela que antecede o longo carregamento antes do início do jogo.

No ano seguinte cabe ao Investigador do Pesadelo: novamente a Systems Editoriale e de novo para o Commodore, propõe um par de jogos, incluídos na mesma disquete vendida nas bancas. A agradável, embora limitada, aventura “Le notti della Luna piena” (baseada no homónimo terceiro volume da série em banda desenhada) e “Dylan Dog e il castello delle illusioni“, aparentemente realizado usando o então difundido Shoot’Em Up Construction Kit.

Em 1992, a empreendedora Simulmondo de Francesco Carlà assina um acordo com a Sergio Bonelli Editore para publicar “Dylan Dog – Gli uccisori“, aventura lançada no Commodore 64, Amiga e MS-DOS. A este título que marca um progresso técnico notável comparativamente aos anteriores, seguem-se outros, em grande parte distribuídos nas bancas e todos livremente inspirados  nos volumes do personagem de Tiziano Sclavi. Em 1993, é sempre a Simulmondo a levar o mais popular herói bonelliano para o universo  dos vídeo-jogos, com “Tex – Piombo caldo”, idealizado por Ivan Venturi: repleto de vinhetas digitalizadas e coloridas, alternando entre fases calmas e outras repletas de acção. Seguir-se-ão 12 lançamentos tendo sempre como protagonista o Ranger.

Apenas um ano após o seu nascimento, o Agente Especial Alfa de Medda, Serra & Vigna faz a sua estreia no Amiga, com “Nathan Never – The arcade game“, produzido pela Genias. Trata-se de uma aventura de acção que oferece um pouco de jogabilidade a bordo de veículos voadores exibidos com um sugestivo efeito de perspectiva para simular uma espécie de tridimensionalidade. 

O advento do CD-ROM permite um salto de qualidade para as versões digitais dos heróis Bonelli. Enquanto Martin Mystère é protagonista de softwares populares, é novamente Dylan Dog a regressar aos ecrãs dos computadores em 1999, com “Dylan Dog Horror Luna Park“, produzido pela Rizzoli New Media e levado às bancas pelo Corriere della Sera. Não obstante uma dobragem (dublagem no Brasil) exagerada (sim, é a primeira vez que o inquilino da Craven Road recebe uma voz!), a aventura de “apontar e clicar” é dotada de uma certa atmosfera, embora se vista com os olhos de hoje, tal como os títulos anteriormente citados,nos possam fazer sorrir um pouco.

O tempo passa e sobe-se de nível, graças à Artematica que, em 2005 traz para os PC “Martin Mystère – Operazione Dorian Grey“: será o cunho de Mister Jinx mas a aventura, também um “aponta e clica”, está entre as transposições digitais mais bem conseguidas dos personagens Bonelli. É novamente a Artematica, capitaneada por Riccardo Cangini, a estar a trabalhar num jogo “bonelliano” em 2010: “Julia – Innocent Eyes“, dividido em três capítulos, vendidos separadamente (“Parole non dette“, “Istinto predatore” e “Lacrime nere“).

Esta visão geral rápida, não muito exaustiva, só pode terminar com um olhar para o futuro: o que dizem de um jogo de RPG dedicado ao Dragonero? Em breve saberão mais a propósito…

[1] (Artigo publicado originalmente no Sítio Internet Sergio Bonelli Editore, em 28 de Janeiro de 2022) – Copyright: © 2022 Sergio Bonelli Editore & Luca Del Savio.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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