Maxi Tex 2008 (Itália): Lo squadrone infernale

Maxi Tex 2008 – “Lo squadrone infernale“Maxi Tex 2008 – “Lo squadrone infernale“, de Outubro de 2008.
Argumento de Claudio Nizzi, desenhos de Ugolino Cossu e capa de Claudio Villa. História inédita no Brasil e Portugal.
.
Um bando anda a semear a morte e destruição na região de Jefferson, conseguindo sempre escapar das autoridades sem deixar pistas que permitam a sua identificação. Encarregues pelo comando dos rangers de resolver este caso, Tex e Carson seguem as ténues pistas deixadas pelo bando no seu mais recente assalto e em breve vão conseguir chegar ao seu refúgio e identificar os assaltantes, para surpresa dos próprios rangers.
.
Uma boa ideia não significa forçosamente uma grande aventura. Nos últimos tempos, talvez por faltar a inspiração dos primeiros anos, a verdade é que Nizzi insiste em trazer uma ideia principal original para os seus argumentos, sem que isso contribua para um crescendo de qualidade no desenvolvimento da aventura. “Lo squadrone infernale” parece-nos partir desta premissa, uma vez que o fio condutor do argumento extrai uma boa ideia, um bando de assaltantes composto por militares do exército norte-americano que se esconde debaixo de uma identidade insuspeita, podendo revelar-se aqui alguma semelhança e até crítica com a alta corrupção que grassa nas sociedades modernas mas ao mesmo tempo característica em todas as épocas. No entanto, todo o posterior desenvolvimento revela as ingenuidades e os erros que vêm caracterizando Nizzi nos últimos tempos: uma quebra do suspense demasiado cedo, algumas explicações dos factos reveladas pelos pensamentos das próprias personagens e não no desenvolvimento do argumento em si, por fim um Tex pouco bonelliano, muito mecânico, mesmo algo frio.
Tex e Carson por Ugolino Cossu
.
Mesmo assim, esta aventura não desilude sobremaneira, apesar de tudo nos parecer pouco pensado e simplificado, nomeadamente a partir do momento em que o autor decide revelar ao leitor a identidade do bando. Por outro lado, o modo como Nizzi desenvolve cada personagem acaba por estar ao seu nível, ou seja, quase nulo. Esta aventura tinha potencialidades que poderiam ter sido melhor exploradas nesse domínio, como a personagem da índia cativa ou a do seu soldado salvador. Mas Nizzi insiste em deixar como imagem de marca uma relativa ausência psicológica nas suas aventuras, preferindo e optando sempre por uma perspectiva mais realista, maniqueísta da pura aventura, sem a espessura que nos últimos tempos já nos vamos habituando, por exemplo, em Boselli. Nizzi tem boas ideias, por vezes parece querer surpreender, mas desenvolve sem imaginação, o que acaba por tornar o resultado final como algo insípido.
.
Kit Carson em acçãoUgolino Cossu é já um valor da Bonelli Editore desde há alguns anos, nomeadamente com trabalhos para Dylan Dog. Convidado a realizar esta aventura, o seu traço fino, com alguma elegância e seguro convida mais outras paragens do que propriamente uma aventura do velho oeste, onde o dinamismo, a acção e o movimento assumem-se como imagens de marca. Sem pretender afirmar que o trabalho de Cossu não é meritório, ele parece-nos antes de mais adequar-se a outros géneros que não o velho e poeirento oeste. O seu estilo polido e limpo (mas algo estático em determinadas passagens) traz pouco romantismo aos ambientes do oeste puro.
.
Existem bons cenários exteriores e interiores que, no fundo, revelam um autor dotado e que domina as técnicas do desenho e dos enquadramentos, mas que acaba por não fugir do seu estilo, pouco adequado ao género. Por outro lado, o Tex de Cossu nunca é um Tex cínico, duro ou implacável, podemos mesmo dizer que no fundo Cossu interpretou um Tex pouco bonelliano. É um Tex com traços ao jeito do de Pasquale Del Vecchio, mas sem a dureza que este aparenta e que este autor soube dotar, ao contrário do velho Carson, cuja fisionomia nos parece ser mais adaptada e conforme ao modelo que sempre apreciámos.
.
Texto de Mário João Marques

NOTA: Originais desta história podem ser apreciados no Festival Internacional da Amadora, na exposição dedicada aos “60 anos de Tex”, que decorre até ao dia 9 de Novembro.

2 Comentários

  1. Não apreciei esta edição ainda, não a tenho na minha coleção, mas a riqueza de detalhes dos desenhos lembram levemente os traços do Magnus. Bela crítica, parabéns.
    Gervásio Santana de Freitas
    Portal TexBR – http://www.texbr.com

  2. Gervásio,
    A ideia base da aventura é boa, mas o nosso velho e bem amado Nizzi trata-a com alguma superficialidade. Por outro lado, o desenho de Cossu é como diz, rico nos detalhes, mas falta-lhe alguma chama e, porque não … um certo charme. Mas gostei no geral da edição e isso é bem importante.
    Obrigado e um abraço
    Mário João Marques

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *