Estreia da nova colecção “Tex Grandes Mestres” dedica o número 1 a Galep, trazendo três histórias a cores

É já no próximo dia 19 de Janeiro de 2024 que a Mythos Editora estreia a nova colecção “Tex Grandes Mestres” e nada como começar dedicando o primeiro número ao criador gráfico de Tex, Aurelio Galleppini, popularmente chamado de GALEP.

Aurelio Galleppini

Por Mário João Marques

Em 1948, a Editora Audace, liderada por Tea Bertasi Bonelli, decide lançar uma nova personagem, Occhio Cupo, uma espécie de Robin dos Bosques americano, destinada a ser publicada em grande formato. Aurelio Galleppini é chamado a desenhar esta nova série, no entanto, não será esta a personagem que irá marcar a sua carreira, mas sim outra, de nome Tex Willer, no pequeno e modesto formato striscia, e de quem o desenhador se vai ocupar apenas à noite, numa primeira fase, para posteriormente, devido ao crescente sucesso, dedicar-se a tempo inteiro, dedicar-se toda uma vida, desenhando mais de 18.000 pranchas, cerca de 2000 capas e um sem número de ilustrações. 

Sergio Bonelli com Aurelio Galleppini em Stradella em 1988

Desde aquele ano de 1948, Tex tornou-se no companheiro da minha vida. Durante 40 anos consecutivos vivi todos os dias com este cowboy leal e generoso”. Este empenhamento levou a que Galep gradualmente viesse a ter uma simbiose psicológica com a personagem, Tex passou a fazer parte da sua vida e o autor passou a respirar a personagem. Desenhar Tex era para Galep um trabalho feito de dedicação e amor, que o vai levar a renovar constantemente o grafismo e a envolver da melhor forma personagens e ambientes no seu tempo. Uma evolução que o vai conduzir à maturidade gráfica e narrativa e que a entrada de novos desenhadores na série vai ajudar. Solto e livre dos constrangimentos estabelecidos pelos prazos apertados de entrega do material, o autor liberta-se da solitária e árdua responsabilidade de conduzir sozinho os destinos do herói. Assim, surgem sucessivamente obras-primas como Fort Defiance em 1969, Tra due bandiere em 1970, Il figlio di Mefisto em 1971, El Muerto em 1976, ou ainda Il killer senza volto em 1984, com um traço mais crepuscular, aventuras que apresentam páginas memoráveis e que são perfeitamente representativas das inegáveis qualidades de Galep, que soube sempre gerir, com maior ou menor dificuldade, as necessidades entre produção e consumo, aquela linha intermédia situada entre a obediência a prazos, sem contudo baixar a qualidade do trabalho apresentado. Galep foi sempre capaz de interpretar da melhor forma as necessidades editoriais e do leitor, soube adaptar-se aos desejos do público sem nunca trair políticas editoriais, conservando sempre uma identidade bem definida para o herói. E neste conjunto de grandes trabalhos gráficos merecem também realce Frontiere di Fuoco, onde Galep assume um traço mais expressivo e instintivo, mas sobretudo episódios como Gli sterminatori e La lancia di fuoco, onde o desenhador vai assumir uma liberdade até então ainda nunca vista na série, alargando e aumentando os desenhos para além do seu formato caraterístico de strisce, com determinados quadrados a deixar de conter todos os traços que o rodeiam e muitos desenhos a estenderem-se até aos limites de outros, fugindo assim da clássica imposição editorial.

Foto dos anos 80 com Decio Canzio, Francesco Coniglio, Aurelio Galleppini e Gallieno Ferri

Uma dedicação à personagem que também merece ser realçada pelas dificuldades com que Galep, injustamente, se deparou com o meio da banda desenhada italiana. Ao contrário de outros, Galep dedicou-se durante 40 anos com a mesma personagem, o que poderá parecer funcional e linear ou trazer problemas de criatividade capazes de inibir o desenhador a libertar-se para outros horizontes. Apesar de confrontado com uma série em contínuo, que muitas vezes deixava pouco tempo para a criatividade, Galep foi sempre capaz de aproveitar os raros momentos de reflexão, dedicando-se também à pintura, paixão a que já se tinha dedicado quando terminou a guerra, naquela altura por dificuldades económicas. Nas raras ocasiões que a série lhe permitia, entre pranchas a preto e branco e as capas a cores, Galep exponenciou as evidentes possibilidades da cor através da pintura. Desde os cartazes cinematográficos até aos desenhos publicitários, passando pelas capas de livros e revistas, ao longo de décadas Galep foi construindo uma verdadeira galeria de obras. Esta paixão nunca o atrasou com a entrega das pranchas de Tex, com as quais foi sempre pontual, roubando sim algumas horas ao seu sono para poder exprimir as suas emoções.

Aurelio Galleppini e a sua paixão pelos comboios

Para muitos, Tex é Galep, porque o desenhador amou verdadeiramente a sua personagem e soube sempre demonstrar esse sentimento através do seu desenho, soube sempre deixar no seu trabalho uma impressão de amor, paixão e verdadeiro profissionalismo. Sem triunfalismos excessivos, com a serenidade de quem simplesmente fez o seu trabalho e de quem seguiu sempre o seu instinto e a sua própria vocação.

Aurelio Galleppini e os 4 pards na arte de Galep

Com relação à programação deste número dedicado a Galep, a publicação com 352 páginas trará três histórias que serão publicadas a cores:

O Signo da Serpente – 129 pg

Tex – O Signo da Serpente

O Ídolo de Cristal – 110 pg

Tex – O Ídolo de Cristal

A Lança de Fogo – 110 pg

Tex – A Lança de Fogo

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima clique nas mesmas)

18 Comentários

  1. Nossa!
    Que decepção, histórias ultrarepetidas, não estão entre as melhores, achei péssima escolha.
    Tem tantas histórias geniais desenhadas pelo Galep, inclusive aventuras curtas.
    Vou comprar, mas…
    Reprovo totalmente.

    • Não devia comprar. Eu mesmo não comprarei pois se faço isso a Mythos entende que acertou no trabalho.

    • A iniciativa é interessante, porém a escolha das histórias não foram as melhores. Existem histórias muito melhores. O Signo, já saiu em Tex em Cores e, se o Omnibus vingar, sairá novamente. Acho que ainda dá tempo de mudar essa edição.

  2. O signo da serpente saiu em Tex em cores, O ídolo de cristal saiu na Tex Edição Histórica 100. Péssima escolha de histórias… Eu escolheria “Os caçadores de escalpos” e “O caçador de criminosos“.

  3. Logo essas histórias? A Mythos não teria um controle do que Galep desenhou? Fico imaginando as de Ticci, Civitelli e Fusco. Não gasto meu direinho curto com repeteco. Tô fora dessa. Prefiro os inéditos. Depois a Mythos vem com “o leitor de Tex não gosta de colorido”. Vão entender essas declarações!

  4. Essa turma da editora parece não ler Tex, vai logo no que vê pela frente e só repete… lamentável.

  5. São clássicos do Galep, embora tenham muitas histórias melhores. Vou comprar pois sou adepto dos clássicos.

  6. Há outras aventuras melhores, mas creio que nessas 3 o desenho de Galep foi primoroso. Como a coleção é em homenagem aos desenhistas, não me pareceu absurda a escolha.

  7. Zero coragem de começar novas coleções da Mythos. A editora tem uma facilidade tremenda de cancelar séries e criar novas logo em seguida com propostas semelhantes. Enquanto não melhorarem suas estratégias de venda e marketing, não arrisco meter as caras em novos títulos seriados. Torço de verdade para que não cancelem Julia e Ken Parker, mesmo acreditando que isso possa ocorrer em algum momento… quando se trata da Mythos, infelizmente todo receio tem fundamento.

  8. O marketing da Mythos é uma piada e formado por incompetentes. Dito isso, essa coleção nova não faz sentido algum, cancelaram As Grandes Aventuras de Tex e Superalmanaque para trazer algo semelhante aos dois mas com uma curadoria de estórias muito inferior. Enfim, essa eu passarei.

  9. Esse pessoal da Mythos está totalmente perdidos, não sabem mais o que fazem, essas histórias citadas acima tenho aqui publicadas umas 10 vezes, isso pra mim tem a ver com valores ligados à Bonelli, são histórias que pra “publicar” (republicar) ficam bem mais baratas, vamos ver o valor disso a hora que chegar pro leitor, TALVEZ compro o do Ticci, porque gosto do artista, isso se for em frente essa coleção sem sentido, resumindo, tudo isso, meio de se manter vivo no mercado, mas a coisa vai de mal a pior, parem de inventar, façam escolhas melhores nesses lançamentos.
    Ou… passem o comando a outro.

  10. Que decepção! Tantas histórias ótimas, foram escolher logo essas! Parece aquele seriado mexicano! Todo mundo já decorou de tanto que já passou! Vou comprar por ser muito fã e colecionador, mas nem tiro do lacre. Começando assim, não vai longe, infelizmente! Esperava um Tex Especial “desenhista” capa dura. Só tenho duas, Civitelli e Villa. Queria ver uma do Fusco, mas sei que só fiquei na vontade!

  11. Respeito a opinião dos leitores antigos, mas eles esquecem que os novos leitores são essenciais para o futuro da Editora Mythos e nós leitores veteranos daqui a poucos anos não existiremos e somos menos de quarenta por cento dos leitores de Tex! Portanto, histórias inéditas são excelentes, mas acho que estamos reclamando e criticando muito, devemos agradecer a Mythos por estar a muitos anos lançando a revista aqui no Brasil!

  12. Pessoal, comprem sem nem mesmo tirar do lacre, mesmo que seja uma nova coleção com as mesmas histórias repetidas. A Mythos vive disso, deste distúrbio dos leitores em colecionismo.
    A “Mythos não acabou e nem acabará!”.

  13. Eu esperava uma TERCEIRA EDIÇÃO DE TEX, em formato italiano com capa e papel de melhor qualidade, porque a maioria dos gibis dessa época estão degradados, uma coleção que resgataria toda nossa nostalgia de Tex com uma qualidade que nunca tivemos.

  14. Não critico as histórias, são clássicos, minha crítica, é sobre a capa, se é uma homenagem ao Galep porque é uma capa do Villa?
    A do Civitelli também terá capa do Villa?
    E a do Ticci?
    Tá difícil, depois a culpa é do Leitor.

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