ESTATÍSTICAS BONELLIANAS – BONELLI 2022: SUPER TEX

A capa de Stefano Biglia para o Super Tex é adequada para representar o novo recorde de páginas anuais: 3.800

O final de cada ano é desde sempre o momento para fazer balanços. E, claro, Saverio Ceri não poderia deixar de nos dar os números totais relativos à produção Bonelliana ocorrida em 2022. Convidamos-vos a encontrar as edições anteriores da sua rubrica se acabou por as perder, pois estamos seguros que após estas novas estatísticas, ficarão tal como nós, à espera da próxima.

ESTATÍSTICAS BONELLIANAS – 2022

Por Saverio Ceri

BONELLI 2021: SUPER TEX

Bem-vindos uma vez mais ao relatório anual dos números Bonelli. Como no ano passado, vamos dividir o resumo numérico da safra Bonelliana em vários capítulos. Nesta primeira parte trataremos dos dados gerais e das personagens.

O ano 2022 bonelliano no quesito páginas e volumes publicados parece ter sido o da estabilidade. O número global de páginas inéditas é muito semelhante ao do ano anterior, o que parece significar o fim da constante e substancial queda dos dois anos anteriores, com um tímido indício de recuperação. O ano de 2022 marcou momentos importantes para Martin Mystère, que atingiu a marca dos quarenta anos; para Dampyr, com o lançamento do filme; para Dragonero com o fim da temporada de “il ribelle” e com a estreia da série animada logo após o Natal na Rai2.

O cartaz do filme de Dampyr

Antes de descobrirmos este primeiro ranking de 2022 na íntegra, vamos renovar a premissa para os leitores que se deparam com esta rubrica pela primeira vez:
Aquelas que se seguem são classificações de quantidade, não de qualidade; são elaboradas considerando as páginas inéditas produzidas pela Sergio Bonelli Editore e publicadas exclusivamente pela própria editora Bonelli no decurso do ano. Não encontrarão assim todos os autores bonellianos, que dia após dia trabalham para a editora, mas apenas aqueles que nos últimos doze meses foram publicados; aparecerão assim autores que talvez já não trabalhem mais, mas cujas histórias ainda não tinham sido publicadas; não encontrarão também alguns autores que actualmente produzem material para a Sergio Bonelli Editore, mas cujas histórias não foram ainda programadas nas várias séries da editora italiana. Não encontrarão igualmente as páginas produzidas pela Bonelli, mas publicadas por outras entidades (como a recente mini-série de Tex no formato striscia publicada pela Gazzetta dello Sport), tal como não serão contabilizadas as páginas não inéditas, quer tenham sido publicadas em álbuns bonellianos ou não. Ou seja, de modo a uma melhor compreensão, não encontrarão os dados das várias histórias reimpressas em edições de livraria, mesmo que, como no caso de alguns cartonados de Dragonero, sejam contabilizadas as cores porque foram realizadas propositadamente para a ocasião, ou as histórias breves de Groucho republicadas num Dylan Dog Color Fest, originariamente publicadas na “caixa” Grouchomicon de 2017. Não encontrarão também nem sequer vestígios dos volumes Cmon, porque apesar de contar com autores da editora Bonelli, trata-se de uma produção internacional realizada pela Cmon através de um  crowdfunding (financiamento colectivo) da qual a SBE, neste caso, é apenas o editor para Itália.

Ilustração de Alessio Moroni, para uma série que não se encontra contabilizada nesta rubrica. Na verdade, apesar de ser publicado na Itália pela Bonelli, com autores Bonelli, é produzido pela Cmon.

Os números

Em comparação com a safra de 2021, nos últimos doze meses registamos um aumento mínimo de cerca de setenta páginas inéditas publicadas, equivalente a +0,38%; este ano, de facto, pudemos ler 19.738 páginas inéditas dos personagens Bonelli. Sempre abaixo das vinte mil, facilmente superadas nos sete anos anteriores a 2021, mas pelo menos em contra-ciclo. Na tabela abaixo pode-se ver a evolução dos últimos 15 anos (colunas azuis), comparada com a soma das páginas dos três personagens mais publicados, normalmente Tex, Dylan Dog e Zagor (colunas vermelhas). Vê-se como a incidência dos personagens mais famosos, e suponhamos os mais vendidos, no número total de páginas publicadas tem, nos últimos tempos, aumentado progressivamente. Se há quinze anos os três principais heróis bonellianos correspondiam a 34% das páginas publicadas, hoje eles respondem por 47,41% com um aumento repentino nos últimos cinco anos.
Traduzindo: a Bonelli aposta cada vez mais nos personagens consolidados e mais amados pelo público, pelo menos o das bancas.

Na realidade, se considerarmos apenas as publicações nas bancas, o trio Tex-Dylan-Zagor atingiria cerca de 53% do total das páginas.
O número das páginas inéditas publicadas nas bancas neste ano é o menor registado desde 2009: “apenas” 17.153. Por outro lado, o número de páginas inéditas destinadas ao mercado livreiro é o maior registado desde a estreia da divisão que administra os volumes: 2.585 páginas, correspondendo a 13,10% do total, o melhor percentual de todos os tempos para o “ramo” livraria da Bonelli, como pode ser conferido na tabela abaixo.

Em números absolutos as páginas de banda desenhada publicadas nos volumes para livrarias em 2022 atingiram o número recorde de 12.016,67 em 67 volumes, quatro a mais do que no ano passado, mas dois a menos comparativamente com o ano recordista de 2020. Por ordem foram Tex,Zagor e Dylan Dog os personagens mais presentes nas livrarias por número de páginas. Se quisermos considerar apenas as 2.585 páginas inéditas as mais publicadas em livrarias foram Il Commissario Ricciardi, La cautela dei cristalli e Dragonero nas suas várias encarnações.

A tendência geral nas bancas parece ser focar nos clássicos, experimentar novos personagens nas livrarias e fazer álbuns cada vez mais “magros”.
Com o lançamento da plataforma digital, não me surpreenderia que dentro de alguns anos a Bonelli decidisse publicar séries diretamente na web.
Álbuns cada vez mais enxutos, porque apesar de terem sido 197 os volumes principalmente inéditos publicadas neste 2022, oito a mais que em 2021, ou seja +4,23%; a média de páginas inéditas por volume voltou a cair, situando-se em 100,19 páginas, 4,75% a menos que nos doze meses anteriores. O recorde de 2011, que se aproximava de 130 páginas por volume, está longe.

As séries e as personagens

As séries ou one-shot que encontraram espaço nos álbuns bonellianos neste 2022 foram 28, exactamente como no ano passado, incluindo 5 novidades absolutas: La cautela dei cristalli, um verdadeiro “manga” bonelliano; as adaptações em banda desenhada dos romances Nella perfida terra di Dio e The Gentleman’s Hotel; e por fim as mini-séries Mr.Evidence e Eternity.
Abaixo vê-se todos os personagens alinhados com base nas páginas inéditas que pudemos ler em 2022. A sigla “RS” ao lado do ranking indica que o resultado deste ano é o recorde histórico daquele personagem, se verde foi ultrapassado, se amarelo foi igualado.

Tex, é novamente o personagem mais publicado, pelo quinto ano consecutivo, pela 52ª vez na história da editora. Com as 3800 páginas inéditas de 2022 supera o recorde absoluto de páginas publicadas num ano por um único personagem. São em média 73 páginas por semana:de nenhum personagem no mundo, acho que tantas páginas são produzidas a cada 7 dias. O resultado foi alcançado graças à duplicação das edições do Tex Willer Special, que eleva de 34 para 35 o número de álbuns anuais do Águia da Noite.

O volume a mais deste 2022. Com esta publicação, Tex atinge este ano o recorde de 3800 páginas anuais. Ilustração da capa realizada por Maurizio Dotti

Atrás de Tex encontramos mais uma vez Dylan Dog, que volta a confirmar os 27 lançamentos anuais, superando pelo segundo ano consecutivo a marca das 3.000 páginas. Zagor mantém o terceiro posto tanto como número de páginas como de volumes inéditos publicados. A par dele, em número de publicações Dragonero, mas como estas em média têm menos páginas, mantém-se muito distante, cerca de 800 páginas atrás do Espírito da Machadinha. Por outro lado Ian Aranill ultrapassa Nathan Never no quarto posto na classificação anual. As três posições seguintes mantêm-se estáveis ​​e no nono lugar encontramos Nick Raider que regressa ao Top Ten após uma ausência de 18 anos.

Nick Raider voltou este ano como protagonista de uma longa aventura em 10 capítulos.

Os anos vinte

O ranking da actual década é enriquecido com os dados de 2022. Na terceira etapa a diferença entre os três primeiros e o resto do grupo aumenta, Dragonero ultrapassa Julia no quinto lugar e, graças ao retorno das aventuras do jovem Ian, pretende, no próximo ano, ultrapassar também Nathan Never. Odessa e Morgan Lost ainda resistem no Top Ten, pelo menos neste ano, mas o comissário Ricciardi pode ultrapassá-los nos próximos 12 meses.
All-Time 

No ranking histórico de 1941 até hoje, o único destaque em 2022 foi a dupla ultrapassagem de Dragonero a Magico Vento e Legs Weaver; com as 1.698 páginas deste ano, de facto, o personagem de Enoch e Vietti torna-se o décimo segundo mais publicado da editora. A subida ao Top Ten ainda é longa, para alcançar e superar Nick Rider, que também reforçou sua décima posição com a mini-série deste ano, Ian ainda precisa de mais 7.500 páginas de aventuras.

Aqui termina a primeira parte dos números Bonellianos do ano que está a findar. No segundo capítulo  abordaremos os argumentistas Bonellianos mais publicados pela editora neste 2022.

Até breve.

Saverio Ceri
Material apresentado no blogue Dime Web em 23/12/2022; Tradução e adaptação (com a devida autorização): José Carlos Francisco.
Copyright: © 2022, Saverio Ceri

Um comentário

  1. Interessante apontar que, dos 11 personagens com séries mais publicadas pela Bonelli na Itália, 9 estão sendo publicadas também no Brasil. As exceções são Nathan Never (que não podemos afirmar que está de fato sendo publicada) e “Il Commissario Ricciardi”. Isso comprova que os fãs brasileiros da Bonelli vivenciam a melhor fase da editora italiana por aqui.

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