O final de cada ano é desde sempre o momento para fazer balanços. E, claro, Saverio Ceri não poderia deixar de nos dar os números totais relativos à produção Bonelliana ocorrida em 2019. Convidamos-vos a encontrar as edições anteriores da sua rubrica se acabou por as perder, pois estamos seguros que após estas novas estatísticas, ficarão tal como nós, à espera da próxima.
ESTATÍSTICAS BONELLIANAS – 2019
Por Saverio Ceri
BONELLI 2019: TEXPLOIT!
Reiteramos de seguida a premissa para os recém-chegados.
Aquelas que se seguem são classificações de quantidade, não de qualidade; são elaboradas considerando as páginas inéditas produzidas pela Sergio Bonelli Editore e publicadas exclusivamente pela própria editora Bonelli no decurso do ano. Não encontrarão assim todos os autores bonellianos, que dia após dia trabalham para a editora, mas apenas aqueles que nos últimos doze meses foram publicados; aparecerão assim autores que talvez já não trabalhem mais, mas cujas histórias ainda não tinham sido publicadas; não encontrarão também alguns autores que actualmente produzem material para a Sergio Bonelli Editore, mas cujas histórias não foram ainda programadas nas várias séries da editora italiana. Não encontrarão igualmente as páginas produzidas pela Bonelli, mas publicadas por outras entidades (como os livretos publicados por ocasião de eventos de banda desenhada), tal como não serão contabilizadas as páginas não inéditas, quer tenham sido publicadas em álbuns bonellianos ou não. Ou seja, de modo a uma melhor compreensão, não encontrarão os dados das várias histórias reimpressas em edições de livraria, a não ser na questão das cores, como no caso do recente volume de Nathan Never, “Un nuovo futuro”, onde as cores são contabilizadas porque foram realizadas propositadamente para a ocasião, ou as histórias breves de Groucho republicadas num Dylan Dog Color Fest, originariamente publicadas na “caixa” Grouchomicon de 2017.
Os números
Novo recorde histórico de páginas inéditas publicadas pela Bonelli, que nunca, nos seus quase 80 anos de presença no mercado, tinha impresso assim tantas páginas banda desenhada: precisas 24.279, ou seja 3,53% a mais do que no ano passado e mais de quinhentas páginas do que o recorde anterior, ocorrido em 2017.

O último volume bonelliano datado de 2019, é o primeiro de uma máxi-série para Nathan Never. Capa com nova gráfica e cores de Sergio Giardo.
Das mais de vinte e quatro mil páginas inéditas, 2101 apareceram em volumes destinados ao circuito de livrarias (ou à venda directa na loja on-line ou ainda em mostras de banda desenhada).
Em comparação com 2018, trata-se de quase 63% a mais de páginas dedicadas inicialmente a um mercado diferente daquele clássico dos quiosques.
Do número total de páginas inéditas, as publicadas em primeira instância nas revistas destinadas às bancas foram 91,35%; consequentemente, as páginas que estrearam em produtos pensados para as livrarias foram 8,65%, o que representa um avanço significativo em comparação aos 5,50% do ano passado.
A opção daBonelli de lançar títulos que permanecerão, pelo menos por enquanto, exclusivos das livrarias (Attica, Senzanima, Il Confine, as striscias de Zagor, só para dar alguns exemplos), levará cada vez mais no futuro ao aumento desse percentual.

Capa de LRNZ para o primeiro volume de Il Confine, série bimestral cartonada, concebida para o circuito de livrarias.
Em geral, assinalamos que as publicações destinadas às livrarias foram este ano 62 (+ 26,53% em relação a 2018), divididos entre reimpressões, inéditas e temáticas. Um número recorde para a recente divisão (bancas/livrarias) da editora, assim como são um recorde anual para a Bonelli as mais de 13.200 páginas que as compõem, das quais mais de 11.000 páginas de banda desenhada nelas contidas.
Certamente produzir volumes de capa dura ou brochura para serem vendidos no circuito de livrarias permite, por um lado, graças aos preços mais altos, baixar as cópias a serem vendidas para atingir o ponto de equilíbrio e, por outro lado, explorar comercialmente, repetidamente, o incrível stock de páginas de banda desenhada produzidas em oitenta anos pela editora.
Nos quiosques, no entanto, para equilibrar a hemorragia dos leitores, uma das estratégias implementadas pela Bonelli é aquela de distribuir as páginas produzidas em álbuns cada vez mais esbeltos e com preços mais elevados: este ano, de facto, houve um aumento no custo de venda ao público superior a 10% e, ao mesmo tempo, um incremento das revistas de 64 páginas, em vez das clássicas 96 páginas.
Em termos absolutos, entre livraria e quiosques, descobrimos que as mais de vinte e quatro mil páginas inéditas foram distribuídas em 237 volumes, número que representa um novo recorde para a editora, mas que reduz a média de páginas por volume para 102,44, 4,3% a menos que em 2018 e, sobretudo, 20,9% a menos do que há 8 anos, ano do recorde histórico bonelliano neste capítulo.

Susy & Merz, uma das 36 séries publicadas pela Bonelli em 2019 – Estudo dos personagens por Paolo Bacilieri
As séries e as personagens
No ranking abaixo, encontrarão todas as séries classificadas pelo número de páginas inéditas publicadas neste ano; Na última coluna, encontra-se a variação em relação à posição ocupada em 2018 e ao lado, quando necessário, um quadrado com “RH” escrito, que indica que o resultado obtido em 2019, a nível de páginas publicadas, é o melhor de todos os tempos para o personagem: o Recorde Histórico. O rectângulo verde indica que o recorde foi batido, e o amarelo, que o recorde foi simplesmente igualado.
Não foi por acaso que falamos de Exploit para Tex: 3730 páginas inéditas; Em apenas um ano, conseguimos ler mais 28% de páginas de Águia da Noite e 65% a mais do que há apenas dois anos atrás. Esse resultado incrível, que dificilmente poderá ser batido no futuro, também se deve ao facto deste ano entrar em pleno funcionamento, a nova série Tex Willer, também acompanhada de um primeiro especial no último mês do ano, mas também porque a Bonelli decidiu antecipar o “Texone” de Claudio Villa para as livrarias, dobrando assim o número de lançamentos desta série, embora nos quiosques tal história só seja publicada em 2020. Também é interessante o número de volumes que contiveram aventuras Tex inéditas: 33, quase três por mês. Para Tex, é o 49º “scudetto”, o segundo consecutivo.

Dylan Dog em 2019 pediu ajuda ao Cavaleiro das Trevas, mas tal não chegou para derrotar o Tex. Capa de Cavenago para a edição de bancas do número zero do crossover Batmn-Dylan Dog que será desenvoilvido em 2020. Destaque também para o novo logótipo do personagem.
Anos dez
.

Depois de ter sido o personagem mais publicado nos anos 10, Dylan Dog enfrenta a nova década em versão hipster e com um novo ajudante. Ilustração de Gigi Cavenago.
Encerra-se aqui esta primeira parte dos números bonellianos do ano que está a terminar. Amanhã, na segunda parte iremos ocupar-nos dos argumentistas bonellianos mais publicados pela editora milanesa neste 2019.
Até amanhã.
Saverio Ceri
Material apresentado no blogue Dime Web em 23/12/2019; Tradução e adaptação (com a devida autorização): José Carlos Francisco.
Copyright: © 2019, Saverio Ceri
Muito bom…