Entrevista com o fã e coleccionador: Pedro “Hunter” Bouça

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco

Pedro “Hunter” BouçaPara começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Pedro Bouça: Nasci em Lisboa no dia 01/02/1975. Sou engenheiro informático e trabalho em informática.

Quando é que teve início esta paixão pela Banda Desenhada, em especial pelo Tex?
Pedro Bouça: Minha paixão por banda desenhada vem de quando eu era pequeno. Eu aprendi a ler sozinho (aos três anos!) porque as outras pessoas liam para mim banda desenhada e eu conseguia ligar as palavras que elas falavam às que estavam escritas! Portanto eu sempre digo que a banda desenhada acompanha-me praticamente desde que eu me entendo por gente (não tenho nenhuma memória de antes dos meus três anos, aliás já não tinha na época!).
Tex eu comecei a ler muito tarde.
O primeiro fumetto que eu li foi o especial da Globo a cores. Gostei de todas as histórias, inclusive Tex, mas particularmente de outras personagens mais modernas. Como eu tinha lido o especial emprestado, fiquei à procura dele para comprar. Quando eu o comprei, estava no pacote com um Tex Edição Histórica. Número 8 ou 9. Li e achei absolutamente execrável! Um protagonista basicamente omnipotente, que dava ordens aos índios como se fossem seus criados e, na história, enfrentava uma absurda tribo asteca escondida no Oeste Selvagem. Dei a edição de presente para um amigo e não li Tex novamente por anos.
Nesse meio tempo, amealhei colecções completas ou quase do Nathan Never da Globo e de Martin Mystère, Dylan Dog, Mister No e Nick Raider da Record. Mas não comprei Tex ou Zagor.
Personagens BonelliEventualmente eu comecei a escrever para o Omelete, onde fazia resenhas de BDs. Um dia decidi escrever sobre material que eu não comprava regularmente e decidi comprar um Tex. Curiosamente o primeiro Tex Coleção da Mythos.
Desta vez fiquei muito melhor impressionado! A história de G.L. Bonelli era muito mais elaborada e bem escrita e a arte muito superior ao do Tex que eu lera. Minhas reservas com relação ao personagem se evanesceram e eu passei a verificar todas as edições que apareciam nas bancas. Se fosse por uma equipe que me interessasse (tipo Bonelli/Galep ou desenhada por José Ortiz) eu comprava. É mais ou menos o sistema que eu utilizo até hoje.
Algumas séries, como Tex Anual ou Gigante, eu compro sempre, mas a maioria eu só compro ocasionalmente.

Porquê o Tex e não outra personagem?
Personagens Bonellianos desenhados por Claudio VillaPedro Bouça: Bem, em verdade eu gosto muito mais de várias outras personagens de BD do que de Tex. Para ficar apenas nos fumetti, eu prefiro Mister No, Dylan Dog, Nathan Never e meu eterno favorito Martin Mystère!

O que Tex representa para si?
Pedro Bouça: Diversão garantida quando se está no autocarro ou em alguma fila. Sempre carrego BDs na minha mala e quase sempre uma delas é Tex! A portabilidade das revistas e a garantia de uma leitura substancial fazem dele a perfeita “leitura de autocarro“!

Tex GiganteQual o total de revistas de Tex que tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Pedro Bouça: Não tantas assim. Umas 200. O que ainda é mais do que os outros fumetti que tenho…
A mais importante? Provavelmente aquela edição especial da Globo que me apresentou à personagem.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem?
Pedro Bouça: Só BDs. Nunca fui grande apreciador de “badulaques“.

Tex AnualQual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Pedro Bouça: História – O Ouro dos Confederados (Tex Anual 2).
Desenhador – O espanhol José Ortiz, que eu já admirava muito antes de desenhar Tex.
Argumentista – Guido Nolitta, com Antonio Segura e G.L. Bonelli logo a seguir…

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Pedro Bouça: Mais seria a constância. É quase garantido que ao ler um Tex eu tenha uma leitura de qualidade razoável e uma história de aventura clássica e bem feita. O que menos me agrada seria uma consequência disso. Tex é demasiado constante. Eu também posso esperar com quase certeza absoluta que a personagem vencerá seus inimigos sem ser arranhado, nunca olhará para uma mulher, nunca cometerá um erro. Isso torna Tex uma leitura demasiado previsível e reduz o número de histórias (na minha opinião) excelentes a um percentual demasiado pequeno do imenso volume de material existente!

Pedro “Hunter” BouçaEm sua opinião o que faz de Tex o ícone que ele é?
Pedro Bouça: O facto de ser imutável. Ele não cai nas mesmas “armadilhas” que prejudicaram outras personagens de BD famosas (em particular os super-heróis americanos).

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Pedro Bouça: Absolutamente igual ao passado. A não ser que o gosto dos leitores mude radicalmente ou ocorra uma desgraça com a editora Bonelli, Tex continuará a ser publicado da mesma maneira por muito tempo. É a personagem de BD que eu acho mais provável que no tempo de meus hipotéticos netos ainda seja igual ao que é hoje. É como a Grande Muralha da China: Está há séculos da mesma maneira e continuará assim ainda por muito tempo!

Prezado pard Pedro Bouça, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

2 Comentários

  1. Cara seu sobre nome é Pedro Bouça?
    Eu me chamo Thiago Bouça Nova de Sousa!
    É raro achar pessoas com esse nome.

  2. Só vi essa resposta hoje, sorry.

    Bouça é o nome da família do meu pai, tenho seis tios e uma infinidade de primos com esse sobrenome! Não acho tão raro assim…

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *