Entrevista de Manuel Espírito Santo com a colaboração de Gianni Petino e Júlio Schneider na tradução e revisão.
O que o fez entrar para a indústria dos comics?
Fabio Civitelli: A paixão. Eu sempre desenhei, desde que era muito pequeno, graças à minha mãe, que sempre me dava lápis e folhas de papel e, assim que aprendi a ler, dediquei-me à leitura dos quadradinhos, o que sempre me agradou muitíssimo. Eu não lia Mickey Mouse ou Pato Donald, como muitos meninos da minha idade, eu gostava dos quadradinhos de faroeste como Capitão Miki, Pecos Bill e principalmente Tex! Era evidente que, mais tarde, eu tentaria fazer disso a minha profissão. Eu ainda estava no Liceu, quando comecei a mandar meus desenhos a revistas e editores. Graziano Origa, na época o titular de um importante estúdio especializado em BD, foi o único a responder-me e a avaliar os meus desenhos que eram sobremaneira amadores. Graças aos seus conselhos, já em 1974, quando concluí o Liceu Científico, tive o meu primeiro trabalho publicado, uma história erótica numa edição de formato pequeno. Desde então eu sempre trabalhei como desenhador e trabalho nunca faltou.
Ao desenhar, com quais técnicas trabalha?
Fabio Civitelli: Eu sou um desenhador muito tradicionalista: trabalho com papel formato A3 Fabriano ou Winsor & Newton com lápis duro (2H ou 3H), depois repasso tudo a pincel com os Winsor & Newton n° 1 e 3 e, ultimamente, também com os pincéis Tintoretto n° 1 e 2. Para os efeitos de cinza, a técnica é um pouco diferente: eu uso pincéis chatos de cerdas duras, próprios para óleo, que pressiono sobre o papel, depois retoco tudo com hidrocores n° 0,2 ou 0,4. Certos contrastes eu também faço com caneta-tinteiro Rotring n° 0,1. Na construção das cenas eu inspiro-me muito no cinema de faroeste: eu imprimo os fotogramas com o Mac e estudo-os com atenção. Para as paisagens e efeitos de luz, eu olho bastante os trabalhos dos grandes fotógrafos paisagistas americanos.
Quais livros mais o agradam?
Fabio Civitelli: Eu ainda leio muita BD, sobretudo da Bonelli, e Tex continua a ser a minha preferida. Quanto aos livros, desde muito jovem eu sou aficionado por ficção científica, e já li muito, dos clássicos aos novos autores, dos quais aprecio sobretudo Robert J. Sawyer. Também gosto de alguns escritores italianos, entre eles Andrea Camilleri, de quem li 35 (sim!) romances, e Gianrico Carofiglio. E leio muitos livros de fotografia, outra minha grande paixão, e também algumas revistas de técnica fotográfica mas sobretudo de imagens. De vez em quando eu leio alguns belos faroestes e, neste momento, estou a ler a reedição de todas as histórias de Elmore Leonard.
Já esteve no Porto antes? Se não esteve, qual a sua expectativa?
Fabio Civitelli: Na minha última visita a Portugal, em Setembro de 2011, estava prevista uma etapa na cidade do Porto, mas infelizmente o avião chegou com mais de quatro horas de atraso e não pude conhecê-la. Eu senti muito, porque sei que é uma cidade belíssima e neste ano espero poder visitá-la com calma e também tirar belas fotografias.
(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)
É sempre um prazer e uma satisfação ler entrevistas do mestre Civitelli.
Para mim é um dos grandes ícones dos comics junto com Neal Adams, Joe Kubert, José Ortiz, Estebán Maroto, Moebius, John Romita (pai), John Buscema e Russ Manning.
Grande abraço ao Mestre e ao Zeca por nos proporcionar mais esta oportunidade.
Abraços
Alvarez
É impossível não gostar do Civitelli!
Trata-se um mestre também no trato e na forma de ser!!!
Civitelli é realmente o melhor desenhador de TEX a par de Claudio Villa.
Gostava de ver a arte de Civitelli em algumas aventuras de ZAGOR.
Entrevista da hora 🙂
Civitelli é genial!
Sem mais.
Abraço
Luan Z.
Faço minhas também as palavras do Emanuel. Desde que pus meus olhos pela primeira vez na arte de Civitelli, passei a ser seu fã incondicional! Imagina então se ele abrilhantasse uma história de Zagor, meu personagem Bonelli favorito, com seu traço magnífíco? Será que podemos sonhar?
Espero que Sim. Civitelli seria uma ótima aquisição para ZAGOR.
Civitelli é um grande profissional e uma pessoa de trato cativante, que conquista todos os fãs ao primeiro contacto. Por isso, não admira que a sua presença em Portugal continue a arrastar muitos visitantes aos Salões de BD em que participa.
Tornou-se um verdadeiro embaixador de Tex e da Bonelli, para não dizer da cultura italiana… porque o é, de facto. Para muita gente, os “fumetti” também são cultura, mas Fabio tem uma bagagem artística e literária que não se limita à sua área específica.
Folgo muito que também goste de FC e de escritores como Elmore Leonard, um dos nomes mais em destaque na literatura “western“. Como excelente desenhador que é, não admira que também se dedique à fotografia e que esta seja uma das suas fontes de inspiração, bem como os filmes do Oeste, certamente os grandes clássicos americanos, em que tantas aventuras de Tex se têm baseado.
Quanto a Zagor, não tenho dúvidas de que Civitelli, se lhe fosse proposto, aceitaria de bom grado o desafio e daria ao Espírito da Machadinha um novo impulso com o seu traço elegante e estilizado que tão bem se adapta a todos os cenários e personagens do Oeste. Mas teria de ser uma edição extra e num formato semelhante ao do Tex Gigante.