Por Jorge Magalhães (texto) e Catherine Labey (foto) [1]
Há poucas semanas recebi a visita do Mário João Marques, um dos mais dinâmicos elementos do Clube Tex Portugal e director da revista destinada em exclusivo aos seus sócios, que se publica semestralmente desde finais de 2014. O Mário Marques, num gesto de extrema gentileza, veio de propósito a Cascais para me entregar a revista, acedendo ao meu pedido de não a enviar pelo correio, pois chegaria certamente em mau estado às minhas mãos, como já aconteceu da última vez.
Tive, então, a oportunidade, sempre grata para um fã do Clube Tex Portugal, de trocar algumas impressões com o Mário sobre Tex e outros assuntos relacionados com o Clube e os nossos gostos comuns, e de expressar a minha primeira opinião sobre a revista, depois de a folhear com o natural entusiasmo de leitor e colaborador desde a primeira hora (se bem que neste número tenha feito “gazeta”).
Claro que o que mais me agradou à primeira vista foi a magnífica capa de Massimo Rotundo escolhida para a edição corrente, sem dúvida uma das melhores, senão a melhor, desta primeira série de seis números. A edição extra tem também uma capa de superior qualidade do mesmo artista italiano, mas a primeira é verdadeiramente apelativa, um trabalho que decerto ficou (e ficará) na retina de muitos leitores.
Prometi ao Mário Marques durante a nossa conversa, infelizmente breve — pois ele tinha outras revistas para entregar —, que lhe daria dentro de pouco tempo uma opinião mais formal sobre este número, com um total de 56 páginas e que inclui no seu sumário (como cereja em cima do bolo) uma história a cores desenhada pelo mestre Giovanni Ticci!
Há dias o Mário escreveu-me para me lembrar a promessa, perguntando-me se já acabara de ler a revista. Respondi-lhe que tinha começado logo pela história de Tex, com 12 páginas escritas pelo Claudio Nizzi, e que podia sintetizar a minha opinião numa frase: “Este número é um autêntico luxo gráfico!”. Pelo papel, pela impressão, pelo número de páginas e sobretudo pela qualidade das ilustrações, com destaque naturalmente para a história curta com o dinâmico traço de Ticci, intitulada “Morte no Deserto”, e para a deslumbrante capa do Massimo Rotundo, que como pintura de temática “western” (e texiana) é do melhor que tenho visto.
Quanto aos textos, deixei para o fim o do Moreno Burattini, pois a personagem de que ele trata, o diabólico Mefisto, não figura entre as minhas favoritas. Nunca gostei de histórias que misturam o “western” com o fantástico, como era tanto do agrado de Gianluigi Bonelli e que muitos leitores, bem sei, também adoram. Mas eu não… Para mim, “western” é “western” e terror é terror, dois géneros que não parecem feitos um para o outro. Claro que isso não me impediu de apreciar o artigo do Burattini, porque ele é um dos maiores especialistas em temas texianos e as suas abordagens são sempre esclarecedoras.
Li também com muito agrado (para dizer a verdade, ainda com mais prazer!) o artigo do Mário Marques dedicado ao ilustre mestre Giovanni Ticci, pois o Mário é outro “barra” nestas matérias e tem uma capacidade de análise que se refina de artigo para artigo. Dos restantes textos deste número destaco também o de Sandro Palmas sobre Massimo Rotundo, que é realmente um grande senhor da Banda Desenhada e se adaptou muito bem ao universo texiano no seu primeiro “western” para a Bonelli, “Tempestade sobre Galveston” (já publicado em Portugal pela Polvo Editora), superando garbosamente as dificuldades da tarefa e a comparação com o trabalho de outros mestres.
Ainda quanto aos textos — por autores habituais na revista, além dos já citados, como Jesus Nabor Ferreira, João Miguel Lameiras, Jorge Machado-Dias, José Carlos Francisco, e o estreante Tino Adamo —, todos versam temas interessantes e estão bem ilustrados. É pena que, para quebrar a harmonia e a homogeneidade do conjunto, apareçam no artigo do director Mário Marques imagens muito pequenas, reduzidas a uma coluna, ainda por cima tratando-se de páginas de BD. A duas colunas ainda vá que não vá, pois podem distinguir-se os pormenores do desenho e até as legendas, mas a uma coluna fica tudo demasiado pequeno, muito esbatido e pouco visível.
Também na pág. 34, última do mesmo artigo, há imagens muito sumidas, se bem que um pouco maiores, parecendo mal digitalizadas. É a única crítica (entre aspas) que tenho a fazer a este número, pois o resto — incluindo, com todo o mérito, a bela ilustração de Lança Guerreiro, cada vez mais sintonizado com as personagens e os padrões estéticos do mundo texiano — merece nota altamente positiva.
Mais um excelente número (um luxo gráfico, como já afirmei!), com duas magníficas capas de Rotundo, uma soberba contracapa de outro mestre, Fabio Civitelli, e versos das capas também de dois ilustradores transalpinos: Alessandro Poli e Stefano Biglia. Um número, em suma, que tem todos os ingredientes para cativar os leitores e deixar orgulhosos os seus coordenadores e colaboradores (não só portugueses e italianos como brasileiros). Perante isto, não posso regatear elogios a quem, na revista e no Clube Tex, consegue fazer ainda mais e melhor a cada nova etapa, mostrando que são verdadeiros “ases”, motivados por essa enorme força que é a paixão por Tex e pela Banda Desenhada!
Muitíssimos parabéns, em especial ao Mário Marques e ao José Carlos Francisco, principais animadores deste magnífico projecto — consagrado oficialmente pela designação do seu berço, a cidade de Anadia, como capital portuguesa do Tex! —, e que continuem a somar êxitos ano após ano, para prestígio do Clube e satisfação de todos os seus sócios e leitores da revista, que já são muitos, espalhados por vários países!
[1] (Texto publicado originalmente no Blogue “Era uma vez o Oeste“, em 30 de Agosto de 2017)
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