As Leituras do Pedro: Tex – O Preço da Vingança (O Tex de Ambrosini)

As Leituras do Pedro*

Tex Gigante #16: O Preço da Vingança
Claudio Nizzi (argumento)
Carlo Ambrosini (desenho)
Mythos Editora/Salvat
Brasil, Outubro de 2005
185 x 275 mm, 238 p., pb, capa mole

O Tex de Ambrosini

Convidado do próximo Coimbra BD – que se realiza de 5 a 8 de Março, já este fim-de-semana, portanto – Carlo Ambrosini, numa carreira de mais de 45 anos, para além de ter criado Napoleone e de ter desenhado – e também escrito! – algumas edições de Dylan Dog – entre elas O Imenso Adeus que A Seita vai lançar naquele evento – desenhou igualmente um Tex Gigante, este O Preço da Vingança.

Lançado em Itália em 2005, na altura como Tex Albo Speciale 19: Il prezzo della vendetta teve, como grande parte dos títulos desta colecção, argumento de Claudio Nizzi e a apreciação mais simples e directa que se lhe pode fazer é que – para o bem e para o mal – se trata de um western tradicional, com bandidos, índios, perseguições e tiroteios, protagonizado pela versão mais inflexível e dura do ranger..

Na verdade, o argumento de Nizzi é directo e assenta no pressuposto de que Tex tem sempre razão e ai de quem se meter à sua frente. Tudo começa com uma perseguição de um bando de cheyennes a um branco, que Tex e os seus pards interrompem, para o salvar. A sequência de acontecimentos leva-os a descobrir uma trama de grandes proporções e diversas ramificações e a perceber que os índios estão a ser instrumentalizados para servir os propósitos de um grupo de brancos, interessados em afastar um rancheiro do vale em que habitam, devido à existência de ouro no seu subsolo.
Pelo meio, naquele que é o ponto mais saliente e interessante do relato, há de surgir uma história (mais humana) de vingança adiada – a que está presente no título – que culminará num duelo dramático e de desfecho surpreendente – e pouco habitual nas aventuras de Tex..
Se ele contribui para um desenlace com tanto de surpreendente quanto de justo e adequado para a trama e evita os finais apressados que tantas histórias de Nizzi ostentam, não consegue fazer com que o leitor esqueça a ponta solta – o oficial do exército corrupto – que o argumentista descurou pelo caminho.

O desenho de Ambrosini ajusta-se bem ao espírito do argumento, surgindo aos olhos do leitor como duro, agreste – sujo, dirão alguns – e com grande economia de meios – leia-se traços – em especial na representação dos rostos, a que por vezes falta definição e expressividade. Isso levará a que não seja, com certeza, do agrado de todos, mas não é possível acusá-lo de falta de legibilidade nem de eficiência na representação das cenas de acção que surgem com frequência.

Nota final
Esta história foi republicada no Brasil, a cores, como nono volume da colecção Tex Gold, da Salvat.

*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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