As Leituras do Pedro: Tex #628/#629

As Leituras do Pedro*

Tex #628 Manuela Montoya
Tex #629 Assalto em Nogales
Histórias originalmente publicadas em Tex #728 e #729 (SBE, Itália, 2021)
Mauro Boselli (argumento)

Mauro Laurenti (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Fevereiro/Março de 2022
135 x 175 mm, 114 p., pb, capa cartão

R$ 17,90

Regressos

Há algum tempo ausente aqui do blog – mas não das minhas leituras, mas porque outras escritas se têm imposto – Tex regressa hoje, num díptico com alguns aspectos curiosos.

O primeiro é um regresso. Não o já citado do ranger, aqui acompanhado por Carson e pelo seu filho. Cumprindo um revisitar cada vez mais recorrente do passado da série – com o duplo objectivo de repescar antigos leitores e despertar os mais novos para as histórias clássicas, deduzo eu – quem regressa nas páginas desta edição é a bela, fogosa e senhora de si Manuela Montoya, antiga paixão de Kit Willer.

Um encontro fortuito durante o qual o jovem a auxilia numa situação delicada, parece fazer reviver tudo o que houve em tempos entre eles e que – e aqui surge o mais interessante no contexto da série – os pais de ambos se esforçaram por fazer gorar. Se o tempo lhes daria razão ou não nunca saberemos, mas Mauro Boselli, o argumentista, acha importante reiterar (indirectamente) o principal (?) factor que levou à morte de Lilyth, a índia que foi esposa de Tex por um curto período: o protagonista de um western duro e tradicional como este, não pode de forma alguma ter uma companheira – e filhos… – à espera em casa, enquanto anda a cavalgar meses a fio por regiões inóspitas e planícies sem fim, aos tiros a bandidos e índios. O que não impede, no entanto, que Boselli crie entre os dois jovens um clima de proximidade bastante acentuada.

Se fãs antigos da série poderão reviver com prazer esta relação, o mais interessante de Manuela Montoya/Assalto em Nogales é, no entanto, a forma como a trama está construída, acompanhando Kit Willer (e Manuela), por um lado, e Tex e Carson, em perseguição de alguns fora-da-lei, por outro, numa dupla narrativa que avança inapelavelmente para se tornar uma só.

Mas, numa jogada de mestre, quando a junção acontece – ou quase – Boselli, opta por a fazer avançar em paralelo, dividindo o seu auge por dois locais distintos e acções distintas que, de forma muito conseguida, são narrados com constantes saltos entre ambos os locais, aumentando assim o suspense e a forma como prende o leitor, ávido do desfecho.

Graficamente, se Mauro Laurenti cumpre competentemente os pressupostos – dificilmente seria de outra forma – revela, pontualmente, alguns problemas com a definição dos rostos, com Kit a parecer um adolescente e Tex a surgir demasiado rígido, pormenores indiscutivelmente desagradáveis, mas insuficientes para ensombrar o seu bom trabalho ao nível dos cenários, naturais ou arquitectónicos ou no desenho dos cavalos, algo sempre fundamental num western.

* Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro

(capas brasileira disponibilizadas pela Mythos Editora; restantes imagens disponibilizadas pela Sergio Bonelli Editore; clicar nas imagens para as apreciar em toda a sua extensão)

Um comentário

  1. A arte de Mauro Laurenti é desastrosa, nesses quadros acima o rosto do Kit fica parecido com o rosto da Manuella Montoya, realmente esse desenhista não está ao nivel dos demais que integram o time dos artistas de TEX.

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