As Leituras do Pedro*
Dampyr: Aventuras em Portugal
Colecção Bonelli #2
A Esposa do Vampiro
Mauro Boselli (argumento)
Alessandro Bocci (desenho)
Tributo de Sangue
Giovanni Eccher (argumento)
Maurizio Dotti (desenho)
Levoir/Público
Portugal, 19 de Abril de 2018
190 x 260 mm, 200 p., pb, capa dura
10,90 €
Vampiros entre nós.
Segunda escolha da colecção Bonelli, publicada pela Levoir, à quinta-feira, com o jornal Público, este volume de Dampyr apresentou como especial curiosidade desenrolar-se em terras portugueses.
Ao contrário do quase septuagenário Tex, Dampyr – nome dado aos caçadores de vampiros – é uma criação jovem do catálogo da Bonelli, a que chegou ‘apenas’ em 2000, com autoria de Mauro Boselli e Maurízio Colombo. Filho de pai vampiro e mãe mortal, Harlan Draka tem, por isso, um sangue que se revela mortal para os vampiros, tendo acabado por se tornar um adversário temível daqueles seres.
No início, as suas aventuras tinham como cenário os novos países nascidos da desagregação da ex-Jugoslávia, o que acrescentava um elemento extra de interesse e realismo a tramas fortemente ancoradas no género terror, embora os relacionamentos e alguma componente social também estejam presentes recorrentemente. O avançar da série alargou horizontes e trouxe a Dampyr dois companheiros regulares, Kurjak, um ex-militar, e Tesla, uma vampira.
Na primeira das duas histórias deste volume, O Esposo da Vampira, os dois primeiros chegam a Portugal, mais especificamente a Trás-os-Montes, em perseguição de um ser das trevas que presumivelmente habita no castelo de Monforte da Estrela, construção ficcional, tal como a vizinha povoação de Riba Preta que, no entanto, facilmente passam por reais dada a investigação que sem dúvida esteve subjacente à sua criação.
Draka e Kurjak cruzam-se com uma equipa de filmagens inglesa que roda um filme no tal castelo luso, numa história recheada de suspense em que se sucedem as surpresas, muitas delas devidas ao entrecruzar e à sobreposição da narrativa base com as cenas do filme.
Quanto a Tributo de sangue, li-o aqui no Blogue do Tex, à data da sua publicação original em Itália, em Junho de 2012, pelo que remeto os leitores para esse texto.
E, já agora, porque faz todo o sentido, também para as entrevistas que, na época, fiz com os seus autores, o argumentista Giovanni Eccher e o desenhador Maurizio Dotti.
Não quero deixar passar a oportunidade, no entanto, sem salientar uma das características fortes da maioria das edições Bonelli, a qualidade dos desenhadores, como é evidente na forma como Alessandro Bocci – que estará presente nos dias 28 e 29 de Abril, em Anadia, na 5.ª Mostra do Clube Tex Portugal – e Maurizio Dotti recriaram no papel as paisagens portuguesas, sejam as agrestes zonas montanhosas de Trás-os-Montes, sejam as zonas vinícolas do Douro, sejam as urbanas zonas turísticas da Ribeira de Gaia.
*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro
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