As Leituras do Pedro: Dampyr #147 – Tributo di Sangue

As Leituras do Pedro*

Dampyr #147 Tributo di Sangue
Giovanni Eccher (argumento)
Maurizio Dotti (desenho)
Sergio Bonelli Editore (Itália, Junho de 2012)
160×210 mm, 100 p., pb, brochado, mensal
2,90 €

Resumo

Em viagem de turismo pelo Norte de Portugal, Maud, durante uma visita a umas caves de vinho do Porto, em Vila Nova de Gaia, avista um fantasma que parece querer entrar em contacto com ela.

Abalada pela experiência chama Harlan Draka (Dampyr) para investigar o fenómeno, o que os levará até Miranda do Douro e ao confronto com um velho conhecido.

Desenvolvimento

Se a trama e a génese desta história já foram suficientemente dissecadas no anúncio prévio da sua publicação e nas entrevistas a Giovanni Eccher e Maurizio Dotti, confesso que a sua leitura foi uma agradável surpresa.

Desde logo porque a localização da trama em Vila Nova de Gaia e em Miranda do Douro não foi um mero capricho “turístico”, mas faz todo o sentido na forma como a história se desenrola, havendo uma muito conseguida apropriação de algumas das especificidades físicas (caves, zona ribeirinha, eléctrico #1 para o Infante…) e históricas (vinhos, perseguições da inquisição, dialecto mirandês…) dos locais para o desenvolvimento da narrativa.

Que, como é normal na série, é uma história de terror, que tem por base as perseguições aos judeus pela inquisição portuguesa no século XVI, construída de forma competente e bem balizada, com alguma acção mas em que predomina o terror psicológico e um clima de ansiedade que acaba por contagiar o leitor.

Graficamente, Dotti, embora “queixando-se” de ter apenas trabalhado a partir de fotografias, cumpre com distinção a sua missão, não fazendo da banda desenhada uma colectânea de bilhetes-postais mas tornando perfeitamente reconhecíveis os locais escolhidos como cenário da acção (ribeira de Gaia, ponte Luiz I, caves, Miranda do Douro, zona vinhateira) e credíveis os que recriou com base em (outros) elementos reais, como acontece com o fictício Mosteiro de Madalena.

A reter

– O equilíbrio entre os factos e locais reais e a narrativa ficcionada, que resulta numa história interessante e credível.

*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro.

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