As avaliações do Mattheus: “Tex e o Senhor do Abismo”

Tex e o senhor do abismo

| Fiel aos quadradinhos | Cenas de tiroteio | | Enredo desapropriado | Filme parado |

Tex, era (e ainda é) um sucesso absoluto na Itália nos anos 70/80, e com isso, muitos fãs de Águia da Noite sonhavam com um filme da personagem. E em 1985, o sonho dos admiradores do ranger tornou-se realidade: Tex e Senhor do Abismo era o novo filme de Tex (para detalhes, curiosidades e informações, leia este texto).

Estrelado pelo consagrado actor de western Giuliano Gemma, Tex e o Senhor do abismo foi baseado na história El Morisco, que saiu na Itália no n° 101/103. No filme, Tex e seus companheiros se vêem no misterioso caso das pedras verdes.

Trama sobrenatural? Aí não…
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O grande vilão do filme não é Mefisto, Yama ou outros grandes inimigos de Tex, e sim o enredo. Escolher um tema sobrenatural para o filme de uma personagem dos quadradinhos que fez e faz sucesso até hoje por ser do género western, não é só uma escolha equivocada como também chega a ser uma ofensa aos fãs do herói de papel Tex Willer.

O filme poderia até ter ficado bom com esse enredo, se não fosse os péssimos efeitos especiais que a produtora do filme (TV Italiana Rai 3) disponibilizou para o director responsável pelo guião. É sabido que naquela época (1985) os cinemas não tinham os recursos tecnológicos que têm nos dias de hoje, e que o orçamento para o filme era muito baixo. Mas isso mostra ainda mais a “competência” dos responsáveis pelo filme, pois sabendo que o tema sobrenatural era pouco viável, escolheu ele mesmo assim.

Dos quadradinhos para a tela (literalmente)
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Uma das grandes preocupações de G. L. Bonelli, era que Tex fosse respeitado no cinema, e isso, a a Rai 3 (produtora do filme) cumpriu com mestria a missão. Cada detalhe, seja as roupas, os diálogos, a personalidade de cada pard e até mesmo o modo de se agachar ficou idêntico aos quadradinhos.

Os actores que deram vida aos três justiceiros, foram impecáveis na interpretação das personagens. Os fãs de Carson por exemplo, irão à loucura quando o camelo velho começar com a sua onda de pessimismo ou na hora que ele pede um bife com três dedos de altura sepultados do tamanho do prato. Já quem é fã do ágil Jack Tigre, notará que Carlo Mucari (actor que interpreta o navajo) estudou bem a personagem, agachando-se para ver os rastros tal como nos quadradinhos.

São mínimos detalhes como esses, que enriquecem as adaptações de quadradinhos para o cinema. Muitos filmes famosos como Batman, Homem Aranha, Super Homem e vários outros, têm alguns detalhes alterados no cinema, e quanto a isso, os fãs de Águia da Noite podem se orgulhar de terem a sua personagem favorita respeitada nas telonas.

Zzzzzzz
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Se o filme já desagrada por ter um enredo que não combina muito com Tex, a coisa piora mais ainda com os longos intervalos de uma cena de acção para a outra. Enquanto nada de interessante acontece, o telespectador é capaz de ficar com sono, ainda mais com a trilha sonora do filme, que parece ser uma canção de ninar.

Longos diálogos, longas cavalgadas, explicação demorada de El Morisco em relação às pedras verdes e muitos outros factores fazem com que o filme se torne cansativo e talvez chato. Embora seja importante prestar atenção nessas cenas para entender a trama do filme, a vontade de continuar assistindo vai diminuindo junto com o tempo do filme.

O bom e velho bang bang
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Como foi dito acima, enquanto “nada de interessante” acontece, o telespectador é capaz de ficar com sono. Mas quando o bang-bang começa, o telespectador fica vidrado na frente da tela, e a lamentação é automática: por que não uma história só com o enredo de faroeste…

Como qualquer filme de bang-bang, as cenas de acção de Tex e o senhor do abismo são de tirar o fôlego. A Rai 3 foi competente nesse quesito e o resultado é maravilhoso. Assim como nas BD’s, Tex, Kit e Jack Tigre empolgam quando colocam a artilharia para trabalhar. E no fim,o telespectador ficará um gostinho de quero mais.

Conclusão:
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Tex e o senhor do abismo tinha tudo para ser uma das melhores (senão a melhor) adaptações de quadradinhos para o cinema. Personagens bem interpretadas pelos actores, diálogos idêntico aos quadradinhos, cenários e situações fieis e etc. Tudo às mil maravilhas. Porém, apenas um detalhe, um ÚNICO detalhe, estragou totalmente o filme: o enredo. Escolher um tema sobrenatural para o filme do ranger foi uma péssima ideia. Se fosse outro, qualquer outro enredo, o filme seria daqueles de encher os olhos dos fãs de Tex ou de faroeste.

O pior de tudo, é que ficaram “sequelas” do filme. Como o o filme foi um fiasco, hoje nenhuma produtora se arriscaria a fazer outro filme do ranger, ainda mais que o género western é pouco explorado no cinema  nos dias de hoje.

Nota para o filme: 3,5

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*Material apresentado no blogue críticas texianas em 05/01/2013;
Copyright: © 2013, Mattheus Araújo

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

5 Comentários

  1. Eu até gostei muito do filme, claro que Tex e a seus companheiros mereciam muito melhor, hoje em dia fazem filmes de tudo e mais qualquer coisa, porque não um desse personagem, que é um dos títulos mais bem vendidos no mundo?
    Mas ainda acredito que um dia vem aí um filme muito bom dele, talvez um bom grupo de amigos se juntam e se ajudam a realizar, quem sabe hoje em dia tudo é possível….
    Estou a gostar muito de ver um bom amigo Mattheus arrasar aqui no blogue, assim mesmo Mattheus!!!
    Nota 10 Grande para ti amigo, muitas felicidades, muita saúde!!!
    Grande abraço amigo de
    Marco Avelar

  2. Não concordo com esta análise sobre o filme do Tex. Para mim é um belo western cheio de ação e aventura muito fiel aos livros.
    O sobrenatural é um tema frequentemente abordado em Tex (não tanto como Zagor, por exemplo). A banda sonora de Gianni Ferrio é de boa qualidade.
    O filme tem cerca de 100 minutos de duração. Se o Matheus acha que o filme “tem diálogos muito longos, longas cavalgadas e explicações demoradas“, então não o aconselho a ver um daqueles filmes épicos de 4 horas!

  3. Obrigado pela nota, pard Marco Avelar

    Emanuel Neto

    Respeito e entendo seu ponto de vista, pard Emanuel Neto. Como expliquei na crítica, os efeitos especiais do filme são HORROROSOS e longos diálogos eu me referi ao El Morisco explicando sobre as pedras verdes.

    Abraço pards!

  4. Particularmente gostei do filme, e me agradou bastante a trilha sonora, já os efeitos para a época – ERA O BICHO.
    HAHAHAHAHA
    Mas gostei da análise colocando teu ponto de vista.

  5. Vei, na boa! Concordo em gênero, número e grau com esta resenha. , o Tex tem uma porrada de histórias que seriam até mais fáceis de gravar em filme e renderiam uma história muito boa. Nesse filme por vezes fiquei com vontade de passar as cenas rápido, não veio empolgação. Claro que tem seus bons momentos, mas parece uma colagem de elementos do personagem em meio a uma trama enfadonha. Achei que só eu tinha ficado com essa sensação de que faltou algo.

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