Por Mário João Marques
Milanês de nascimento (1961), Giampiero Casertano é hoje um dos grandes nomes do fumetto, com uma carreira que se iniciou logo na sua adolescência, quando aos 15 anos, ao mesmo tempo que frequentava o Liceu Artístico de Milão, se tornou assistente de Leone Cimpellin, elaborando a arte-final da série Jonny Logan e alguns episódios da série Guerra d’Eroi da Editoriale Dardo. Posteriormente, passou a colaborar com a publicação Boy Music, desenhando algumas bandas desenhadas com argumento de Giorgio Pelizzari, as quais chamaram a atenção de Alfredo Castelli, que lhe endereçou um convite para ingressar na Sergio Bonelli Editore.
Na editora da Via Buonarroti, começa por coadjuvar Carlo Ambrosini na realização de uma aventura de Ken Parker, integrando posteriormente a equipa de Martin Mystère, fazendo a sua estreia com “Tunguska”, em 1984. Em 1986, surge um dos maiores fenómenos do fumetto, Dylan Dog, o que leva Casertano a transferir-se para a série de Tiziano Sclavi, onde vai permanecer durante muitos anos como um dos seus desenhadores mais consagrados e apreciados, desenhando até à data 36 aventuras. Entretanto, desenhou as capas para a série Nick Raider, o que lhe valeu a obtenção do prémio ANAF.
Em 1997, publica na francesa Soleil o álbum Guerres, no ano seguinte desenha um dos números de Napoleone ,“Racconto d’autunno”, e em 2008, desenha o primeiro álbum de Decio de Giorgio Albertini para a editora ReNoir Comics. Em 2012, é o desenhador de “I boia di Parigi”, o primeiro número de Le Storie, publicação onde ainda vai apresentar outros trabalhos como “La pattuglia” em 2013 e, no ano seguinte, o primeiro Speciale “Caravaggio!”. No mesmo ano, surge como um dos desenhadores do quarto Color Tex e, em 2017, desenha um dos números da série Mercurio Loi. Em 2021, o autor entra em pleno em Tex, através de dois trabalhos de grande fôlego: o Texone “Old South” e o cartonado a cores “Aguas Negras”. Recentemente, saiu nas bancas italianas a aventura “I quattro vendicatori”, que marca a estreia de Casertano em mais uma publicação de Tex, desta vez o Maxi.
A arte de Casertano é um perfeito espelho da qualidade dos fumetti, com um traço poderoso, realista e detalhado, que alcança uma maior expressividade devido aos seus potentes contrastes. Outra característica do desenho de Casertano é o extremo cuidado quando se trata de desenhar histórias de época, sendo o próprio autor a admitir o seu entusiasmo em trabalhar no género “histórico” em geral, sublinhado em publicações como Le Storie, Mercuro Loi e também no Velho Oeste de Tex.
A versatilidade e a capacidade artística de Giampiero Casertano vem demonstrar que não estamos perante um mero executante de indicações específicas, mas um verdadeiro intérprete capaz de conferir o seu toque pessoal às obras, como um músico que, defronte de uma partitura, confere o seu próprio sotaque.
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