Entrevista com o fã e coleccionador: Jorge Gomes

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Jorge GomesPara começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Jorge Gomes: Nasci em Amares, distrito de Braga em 1967, portanto tenho 43 anos. Mas vim viver para o Laranjeiro, Almada ainda muito novo, passei toda a minha infância num bairro militar (Marinha), onde vivi com os meus pais até me fazer homem e casar, e talvez por isso tenha envergado pela carreira militar onde profissionalmente exerço na Armada desde 1985, há 25 anos.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Jorge Gomes: O meu interesse pela banda desenhada surgiu muito cedo, ainda na minha juventude, quando tinha os meus 10 ou 11 anos, e logo comecei a devorar revistas de quadradinhos: Falcão, Mandrake, Mundo de Aventuras, Zagor, e muitas outras que na altura faziam parte da nossa imaginação e fantasia de crianças.

Quando descobriu Tex?
Jorge Gomes: Foi também por essa altura da minha juventude, havia várias bancas de BD usados, onde depois de ler as nossas revistas trocávamos por outras, nomeadamente uma em Cacilhas, onde eu ia a pé de minha casa todos os fim-de-semana trocar as minhas revistas, sei que foi aí que pela primeira vez vi uma revista de Tex.

Parte da colecção de Jorge GomesPorquê esta paixão por Tex?
Jorge Gomes: Desde sempre que sou um apaixonado por Western, as paisagens, as armas da época, a forma de vida onde o “Colt” .45 era a lei, tudo isso me apaixona. Ainda hoje faço colecção também de todos os filmes Western que encontro; tenho mais de 600 dvd´s.
Tex enquadra-se nessa época e nesse estilo que tanto aprecio e depois o cuidado que ao longo dos tempos as editoras tiveram em escolher os desenhadores e romancistas que nunca descuidaram o carácter forte das personagens, os detalhes históricos da época e a forma apaixonante e mágica como as histórias são contadas.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Jorge Gomes: Na minha juventude não havia as facilidades que hoje temos de vermos um filme quando nos apetecer, seja em formato DVD seja através das novas tecnologias, como a Internet, etc. Era nas revistas de quadradinhos que encontrávamos os nossos heróis, O Fantasma, Major Alvega, Zagor, Tex e tantos outros, faziam parte da minha fantasia e imaginação mas Tex era diferente dos outros, como já disse a forma como as histórias eram contadas e desenhadas tinham a magia de me transportar para dentro das mesmas, é como se fizesse parte daquela aventura e mais tarde podia mesmo fantasiar com a mesma alterando até alguns desenvolvimentos, essa era e é a magia que Tex tem em mim.

Jorge Gomes e os seus Tex'sQual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Jorge Gomes: Não tenho muitas, só recentemente  (acerca de 4 anos) é que redescobri Tex e foi tudo através da Internet até recentemente pensava que as revistas de Tex tinham desaparecido, pois aqui na margem sul não são fáceis de encontrar, mesmo as bancas que as vendem não recebem todas as edições nem todos os números. Mas sempre que encontro uma que não tenho, compro. Actualmente tenho cerca de 500 revistas todas armazenadas em caixas na minha arrecadação, o meu próximo projecto é arranjar umas prateleiras para as poder organizar e expor.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Jorge Gomes: Gostava de coleccionar tudo o que diga respeito à personagem, mas como já disse anteriormente não é fácil de encontrar revistas muito menos objectos, por isso só colecciono revistas.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Jorge Gomes : Gostava de possuir os bonecos das personagens principais do mundo Tex, sei que existem, pois já as vi em fotos de colecções privadas, como por exemplo na colecção do José Carlos.

Monte TexianoQual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Jorge Gomes: As minhas histórias favoritas são todas aquelas que entram os arqui-rivais de Tex, Mefisto ou o seu filho Yama.
Embora goste muito dos traços de Ticci, sou um clássico, para mim A. Galleppini que deu vida a Tex foi o melhor desenhador de Tex de todos os tempos, os seus traços que à primeira vista parecem “toscos”, e que depois de observarmos com mais atenção, têm uma subtileza ímpar e revelam pormenores de mestria, só alcance de um grande mestre. E por falar de um grande mestre, o criador de Tex, Gianluigi Bonelli é o argumentista que na minha opinião nos traz toda a magia do oeste selvagem, na personagem de Tex Killer, desculpem, Tex Willer. Descrevendo cada aventura de forma tão real e cativante como de um filme se tratasse.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Jorge Gomes: O que mais me agrada em Tex é a forma como as diversas personagens se interligam ao longo dos tempos como uma verdadeira saga.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Jorge Gomes: Penso que embora com passar dos anos as aventuras do herói tenham sido contadas e desenhadas por vários autores a sua essência permanece a mesma, graças à força e personalidade que o seu criador lhe impôs, criando uma personagem quase mítica.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Jorge Gomes: Por acaso não, já tive por diversas vezes vontade de ir aos encontros que por vezes se organizam, mas por uma razão ou outra não tenho tido disponibilidade. Espero na próxima oportunidade não falhar.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Jorge Gomes: Tex ganhou um estatuto de ícone, alcançou uma grande popularidade, sendo seguido por uma verdadeira legião de fãs e enquanto houver amantes de quadradinhos Bonelli, enquanto a sua essência se mantiver, enquanto os responsáveis pela sua distribuição e publicação continuarem com o que é hoje um património de todos nós passando de pais para filhos, a epopeia texiana continuará.

Tex's

Prezado pard Jorge Gomes, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
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(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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