Por Sílvio Raimundo
No Almanacco del West 2012 o editorial de Graziano Frediani tem por título Um sonho leiloado. O texto é muito interessante, pois trata das nossas manias de coleccionadores e faz-nos pensar sobre até onde vamos para ter em nossas colecções aquilo que tanto sonhamos:
Os apaixonados por histórias de faroeste (não diferente daqueles que amam os outros géneros narrativos) são, em geral, também fetichistas. Possuir a primeira edição de uma revista em quadradinhos ou de um romance, o cartaz de um filme cult, o desenho original usado para a capa de um álbum raro, equivale a ter totalmente para si, ali, entre as próprias mãos, uma pequena parte de uma emoção difícil de explicar a quem não tem a mente e o coração de um verdadeiro aficionado.
Digo isso porque no Outono de 2011, em Hollywood, aconteceu um leilão de objectos e roupas cenográficas do acervo pessoal de John Wayne, o mais famoso intérprete de filmes de faroeste, uma lenda ainda viva no imaginário colectivo, apesar de já fazer trinta anos da sua partida para o paraíso dos Cowboys Hollywoodianos. Além da sua licença de guia, do seu cartão do sindicato e da sua agenda telefónica, os caçadores de ”memorabília” puderam comprar a boina que o actor usou no filme Os boinas verdes (arrematada pelo valor record de cento e oitenta mil Dólares, como anunciou o “Corriere della Sera”) e também a venda que lhe cobria o olho esquerdo em Bravura Indómita, esta vendida pela módica quantia de quarenta e sete mil e oitocentos Dólares. Comentando acerca dessa notícia, aqui na redacção (da SBE) colocamos – um pouco por brincadeira, um pouco a sério – a seguinte questão:
Que objecto cinematográfico nós estaríamos dispostos a investir uma bela quantia para tê-lo em mãos? Bem, os nossos sonhos de consumo da sétima arte, são os seguintes:
- O caixão arrastado por Franco Nero em Django,
- A lingerie de Angie Dickson em Onde começa o inferno;
- O poncho de Clint Eastwood na trilogia do Dólar (Por um punhado de Dólares, Por uns Dólares a mais e Três homens em conflito) ;
- O chicote com cabo de prata que Lee Marvin usou em O homem que matou o facínora;
- O fuzil “um em mil” personagem principal de Winchester ’73;
- A bandeira desfraldada por Errol Flynn em o Intrépido General Custer;
- A machadinha manipulada por Daniel Day-Lewis em O último dos Moicanos;
- O sabre de Charlton Heston em Juramento de vingança;
- A garrafa de nitroglicerina sob protecção de James Coburn em Quando explode a vingança (Era uma vez a revolução).
E você, quanto estaria disposto a investir para colocar as mãos no objecto dos seus sonhos?
Pergunta difícil esta que o Graziano nos faz, não?
Mas, e se saíssemos da sétima arte e fôssemos para a nona, mais precisamente para o mundo Bonelliano. Quais seriam os nossos objectos de desejo?
Os meus seriam os seguintes:
- A arte original de Galep para a capa de El Muerto;
- O texto original de Bonelli para Terra Prometida, de Tex;
- As aguarelas de Ticci para as primeiras páginas do Tex #500;
- A arte original de Milazzo para a capa de Chemako – Aquele que não se lembra;
- Qualquer arte original de Villa usada na saga do retorno do Mefisto, de preferência com os quatros pards juntos;
- Texto original da saga A guerra das Black Hills do MV escrito pelo Manfredi;
- Texto original de Marcheselli e Sclavi, para o álbum Johnny Freak, do DyD;
- Texto original de Berardi para o álbum A terra dos heróis, do KP;
- Texto original de Nolitta para A origem de Zagor;
- Arte original de Brindisi para a capa do Texone Os predadores do deserto.
(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)
Fantásticos!!!! Tanto o Grazi quanto o Rai.
Oi Carsan!
Sinto-me honrado que tenhas gostado. Não vais deixar também a tua lista dos “desejos”? 🙂
Abraços,
Sílvio Introvabili
Caro Sílvio, parabéns pela matéria.
Interessante o assunto. E muito legal ter traduzido. Pena que a Mythos optou por cortar as matérias quando publica a versão brasileira.
E bela imagem, é de sua autoria? Muito criativa, com Tex batendo o revolver no lugar do martelo.
Vou pensar, e depois farei minha ‘lista dos desejos’.
Abraço.
Oi Ezequiel, tudo certinho?
Sim, muito interessante, tanto que achei por bem compartilhar.
Eu quero crer que a opção da Mythos em fazer algo mais “enxuto” se deva ao fator custo e encarecimento do produto final, mas, como a versão italiana é muito recheada de coisas boas, acho que o leitor brasileiro e português não ficaria chateado de pagar um pouquinho a mais por uma versão brasileira traduzida na íntegra, não é?
A carica do Tex é sim de minha autoria, pensei na imagem assim que li o editorial do Graziano. Obrigado pelo elogio 🙂
Faça mesmo a sua lista, vai ser muito interessante tê-la por aqui, afinal, esse foi o intuito ao fazer a minha, incentivar os Pards a que fizessem as suas e, claro, matar um pouco da minha curiosidade a respeito 🙂
Abraços,
Sílvio Introvabili