UM COZINHEIRO NA CORTE BONELLI

Por Júlio Schneider*

Júlio Schneider e Giorgio Giusfredi

Giorgio Giusfredi e José Carlos Francisco

Pouco antes da edição italiana de Color Tex n° 12 ir aos quiosques da Velha Bota, em novembro de 2017, o argumentista Giorgio Giusfredi participou numa cavaqueira com David Padovani e Giuseppe Lamola, do sítio Lo Spazio Bianco (O Espaço Branco), da qual transcrevemos a seguir alguns pontos. Nas fotos acima, Júlio Schneider e José Carlos Francisco (tradutores de Tex no Brasil e em Portugal, respectivamente) com Giusfredi na redação da Sergio Bonelli Editore, em 2017, quando o volume estava em preparação.

Provas gráficas do Color Tex #12

Giorgio, nascido em 1984 em Lucca, é um pouco de tudo: cozinheiro, enólogo, escritor e, há uma meia dúzia de anos, tornou-se redator da SBE e, em seguida, argumentista. Escreveu o seu primeiro argumento bonelliano em 2014, para Zagor, e dois anos depois contou uma história de Dampyr. Mais um ano e foi a vez de estrear com Tex. Mas isso tudo foi antecedido de uma mudança de vida, graças a um vizinho: “Eu era um leitor voraz, e quando a minha mãe viu que eu guardava uma quantidade enorme de papel impresso, tentou entender a minha paixão, até que se lembrou de um vizinho nosso que se tinha mudado para Milão e que trabalhava na Sergio Bonelli Editore. Era Graziano Frediani, atual diretor de muitos títulos, jornalista e editor, que me convidou para ir a Milão , onde me apresentou a Sergio Bonelli. Se não fosse o Graziano, eu estaria até hoje em cozinhas a exalar cheiro de frituras“.

Zagor; Il signore dell’isola

As tentativas para se tornar argumentista começaram mais de dez anos antes, quando mandou um argumento de Zagor a Moreno Burattini, o editor da personagem: “era uma porcaria intragável de dezasseis páginas que ele leu e, claro, recusou, não sem antes me receber amigavelmente e me dar uns bons conselhos“. Anos e repetidas tentativas mais tarde, Giorgio foi contratado para trabalhar como redator na SBE: “Eu fui o primeiro redator contratado por Davide Bonelli – não que seja motivo de orgulho para ele, mas para mim certamente é – que contratou-me, assim como os meus mestres da redação foram contratados por Sergio Bonelli, com intuição, paixão, simpatia e afinidade. Se a intuição de quem decidiu contratar-me estava ou não certa, depois serão os leitores a dizer“. Da convivência com mestres do argumento (como Mauro Boselli e Maurizio Colombo, entre outros) que lhe deram bons ensinamentos, finalmente Giorgio teve uma ideia aprovada, e essa tornou-se a BD O Senhor da Ilha (publicada no Brasil em Zagor n° 163, em 2015). Muitas vicissitudes depois, Giorgio foi desafiado por Mauro Boselli, de quem tornou-se assistente direto, a contar uma história curta de Tex. O título sugerido pelo próprio Giusfredi, Eu Matarei Tex Willer, mostrou-se uma bela declaração de intenções para um estreante que, na primeira prova com a personagem histórica, sentia a necessidade de matar o cowboy. Questionado pelo entrevistador, o jovem autor defendeu-se: “Mas eu garanto que na minha história Tex não vai morrer… ou talvez sim?“. A entrevista completa, em italiano, encontra-se no endereço www.lospaziobianco.it/giorgio-giusfredi-cuoco-corte-bonelli.

Dampyr; Il Dio del massacro

O citado Tex colorido foi publicado no Brasil em fevereiro de 2019 e logo chegou às mãos de vários leitores do Clube Tex Portugal. Curiosidade final: a revista de Dampyr exibida na foto por José Carlos é uma história curta escrita por Giusfredi e desenhada por Marco Will Villa, filho de Claudio Villa, o capista de Tex, e jovem desenhador de futuro promissor.

Tex Edição Especial Colorida #12

* Texto de Júlio Schneider publicado originalmente na Revista nº 10 do Clube Tex Portugal, de Junho de 2019.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima clique nas mesmas)

3 Comentários

  1. Amigo Zeca, primeiramente te desejo um 2024 abençoado cheio de saúde e sucesso, aproveitando o tema acima, tenho algumas curiosidades sobre o mundo de Tex imagino que você possa nos informar pois está bem mais próximo do mundo SBE e tem mais acesso a informações e novidades sobre, hoje qual o valor de uma revista mensal do TEX em Portugal/Itália, outra curiosidade, sou muito fã do Kit Carson e Jack Tigre e sempre achei que os dois tem um potencial gigantesco e que mereceriam um especial ou uma mini série da dupla ou solo, saberia informar se esse tipo de idéia já passou pelos argumentistas da SBE?

    • Antes de mais nada, muito obrigado pelos seus votos, pard Edilson. Para si também votos de um maravilhoso 2024 e aproveito para agradecer a sua fidelidade e participação no Tex Willer Blog.
      Sobre preços, a edição mensal de Tex em Itália custa actualmente 4.90€, ou seja cerca de 26 Reais, ao câmbio de hoje. Em Portugal não temos edições regulares de Tex, mas apenas edições especiais, de certo modo em formato grande e luxuosas e em média um volume de Tex custa cerca de 15,00€, ou seja, cerca de 80 Reais.
      Sobre mini-séries em dupla ou a solo, só há muitos anos é que a Bonelli pensou dedicar uma série a Kit Willer, mas ela não chegou a avançar. O que agora fazem é na série Magazine, publicarem histórias com a participação de apenas um personagem, como já tivemos com Carson, Jack Tigre, Kit Willer e actualmente nas bancas italianas, com Morisco, mas mini-série mesmo para já não há planos para nenhum personagem… mas pode ser que no futuro possa haver… porque também acho que renderia belas histórias… porque qualquer dos três pards tem enormes potencialidades para terem histórias próprias!

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