Argumento de Claudio Nizzi, desenhos de Andrea Venturi e capas de Claudio Villa. Com o título original Oppio!, a história foi publicada em Itália nos nº 451 e 452 e no Brasil pela Mythos Editora nos nº 365 a 367.
Jones é um ranger que se encontra a investigar um caso de tráfico de ópio. Quando estava bem perto de descobrir uma pista concreta, acaba por ser assassinado por Rick Duvall, actor numa companhia de teatro itinerante. Rick e Eva Morgan, aproveitam-se do facto da companhia viajar de cidade em cidade para traficarem o ópio. Mas depois da morte de Jones, a companhia abandona o local apressadamente e sem realizar o seu último espectáculo, levantando suspeitas. Tex e Carson vão investigar a morte do colega.
Aventura bem construída por Nizzi, misto de investigação policial e trama amorosa. Tex e Carson embrenham-se num caso de assassinato devido a um tráfico de ópio, mas cedo se deparam com um grupo teatral onde reina a traição e o ciúme. Neste ponto em concreto Nizzi ganha pontos, uma vez que consegue construir um grupo de personagens rico e movido por sentimentos díspares: John Morgan, o chefe do grupo, que é traído pela sua mulher Eva que, por sua vez, ama Rick Duvall. Ruby, o corcunda, que acabará por descobrir o tráfico de ópio e vai chantagear Eva. Big Joe, a quem cabem os trabalhos pesados, e que se vai revelar fulcral no desenlace da aventura. Finalmente, Angy, a filha de John, mulher de aspecto frágil e que parece colher um sentimento misto de amor e afeição por parte de Big Joe.
Mas é na investigação de Tex e Carson que Nizzi acaba por fraquejar, uma vez que as pistas vão sendo apresentadas aos dois rangers, sem que estes forcem o que quer que seja. Personagens como o bêbado e, posteriormente, Big Joe, acabam por funcionar como reveladoras dos factos e como meio privilegiado que o autor utiliza para levar Tex e Carson ao desenlace final. A investigação nunca é conduzida pelos rangers, sendo antes conduzida até eles.
Poderíamos mesmo ser levados a pensar que a relação amorosa serviria de suporte à ideia base do tráfico de ópio, mas é precisamente o contrário que vai acontecer, porque Nizzi não desenvolve eficazmente o tráfico e o negócio do ópio.
Os chineses têm um papel pouco preponderante, sobretudo Wuang Ching, personagem que prometia, mas que acaba por ser abandonada pelo autor sem daqui colher dividendos. Nizzi opta pela relação entre as personagens de um grupo teatral, preferindo, de certo modo, contrapor a ambição material cultivada por Rick, Eva e mesmo Ruby, com o amor pela representação e pelos valores morais, caracterizados nas personagens de John, Angy e Big Joe.
Segunda aventura desenhada por Venturi para Tex, com a curiosidade de tudo se iniciar numa noite de chuva, tal como em “O Matador de Índios” (Almanaque do Faroeste – Editora Globo, 1996), a sua aventura de estreia.
Venturi parece construir um Tex ao jeito e modo de Villa. Um Tex altivo, determinado e extremamente elegante, como é aliás todo o seu desenho. Venturi investe muito do seu talento na composição física das personagens, com lucros evidentes na expressividade de cada uma. As personagens representam eficazmente a realidade, sendo fácil para o leitor decifrar sentimentos e motivações em cada uma. Venturi assume-se, assim, como um valor a ter em conta no universo texiano.
Texto de Mário João Marques
Outra aventura envolvendo chineses, e que vale até como sugestão para ser resenhada é “Atentado em Washington”, do Tex Ouro 16, do Nizzi e Letteri. Li recentemente e achei maravilhosa.
Yudae,
Para que saiba, eu também já li essa que refere e, na altura, elaborei também a minha resenha. Ora aí está uma sugestão a ver no futuro.
Um abraço