Tex Série Normal (Itália): Omicidio in Bourbon Street

Tex 576 – “Omicidio in Bourbon Street “Tex 576 – “Omicidio in Bourbon Street “, de Outubro de 2008, Tex 577 – “Il vecchio di mezzanotte“, de Novembro de 2008 e Tex 578 – “La casa dell’alchimista“, de Dezembro de 2008.
Argumento de Mauro Boselli, desenhos de Marco Santucci (lápis) e Marco Bianchini (arte-final) e capas de Claudio Villa. História inédita no Brasil e Portugal.

Em Nova Orleães dois bandos rivais estendem a sua zona de influência. De um lado, Diamond Johnny o rei dos negros. Do outro, Gaston Lagrange que domina a zona francesa. No entanto, uma série de misteriosos homicídios com contornos esotéricos, deixa o xerife Nat Mac Kennett impotente perante estes crimes. Tex e Carson são chamados a ajudar o amigo, no que contarão com a presença de Henri Carfax, um comissário da Surété de Paris, também ele em busca de uma resposta aos crimes, que acredita terem começado em França. Por detrás de tudo parece estar um segredo escondido em certos livros de alquimia.

Tex de Santucci e BianchiniEis o regresso em força da temática do sobrenatural, do horror e do misterioso às aventuras de Tex. Desta vez, Boselli parece ter reunido quase todos os ingredientes, aliando a componente mágica e fantástica à alquimia e ao esoterismo. O resultado é agradável, se nos é permitida a expressão para caracterizar uma aventura que vive muito do horror e que vai buscar raízes a ambientes tão do agrado dos leitores. Agradável no sentido em que busca algo das raízes de muitas aventuras bonellianas que deram fama à série. Agradável também porque tudo está bem escrito e construído, com fluidez e onde se nota um investimento do autor no sentido de trazer algo de novo.

Arte de Santucci e Bianchini

Tex 577 – “Il vecchio di mezzanotte“Mas à força de querer seguir um caminho diferente, que pudesse dizer ao leitor que o ranger estaria de volta aos velhos tempos bonellianos, Boselli acaba por construir uma aventura mais racional que emocional, algo com qualidade, mas onde falta alguma chama. Ou seja, onde aventuras como “Os Invencíveis” ou “O Passado de Kit Carson” apelavam a um certo lado emocional, a sentimentos fortes, a elementos de epopeia, desta vez Boselli afirma-se mais racional e previsível.

Sem tirar qualquer mérito ao autor, a verdade é que se trata de uma aventura onde o sobrenatural vem juntar alguma coisa, um certo mistério, um ambiente muito próprio, fascinante mesmo, mas sem o aprofundamento tão característico em Boselli, sobretudo no tratamento das personagens.

Tex 578 – “La casa dell’alchimista“Também o desenvolvimento é muito clássico, com o autor a não misturar pistas, salientando um caminho que nunca deixa de seguir, levando a captar a atenção do leitor na intriga e na dissipação sucessiva dos eventuais suspeitos, até ao desenlace final. Ou seja, uma boa aventura, num argumento onde falta talvez ânimo, algo que em lugar de chegar do coração vem mais da razão.

Graficamente, o traço de Santucci, com os acabamentos de Bianchini, deixa-nos uma impressão geral muito boa, mercê de um detalhe e de um rigor extremo sobretudo em ambientes e cenários, verdadeiramente espantosos. No entanto, a construção do ranger afirma-se pouco conseguida, com uma figura algo incaracterística para a personagem altiva, vigorosa e determinante que conhecemos.

Kit Carson de Santucci e BianchiniFruto talvez de um primeiro trabalho, a verdade é que ao longo das páginas o ranger vai manter-se sempre na mesma bitola, não se lhe notando uma evolução no sentido de o aproximar mais dos cânones. Ficamos a aguardar o trabalho de Bianchini numa próxima aventura, desta vez já totalmente a solo, onde o autor poderá expressar um nível de qualidade que sabemos ser capaz, em função do que lhe vimos fazer no recente Festival da Amadora.

Texto de Mário João Marques

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