Tex Série Normal (Itália): Il villaggio assediato

Tex 552Tex 552 – “Il villaggio assediato” de Outubro de 2006 e Tex 553 – “Tiro al bersaglio” de Novembro de 2006.
Argumento de Claudio Nizzi, desenhos de Mario Milano e capas de Claudio Villa. História inédita no Brasil e Portugal.

Algumas aventuras texianas ficam na história da série por variados motivos. Esta marca a estreia de Mario Milano a desenhar Tex e isso acaba por ser um acontecimento que importa realçar. Para mais, o jovem artista italiano consegue convencer brilhantemente a plateia e assina um trabalho de grande qualidade.

Falemos primeiro da história: Greystoke é um pequeno povoado perdido num vale do Colorado e onde as suas gentes se dedicam à extracção do ouro. O bando de Lee Ramsey ameaça a tranquilidade do povoado ao fazer um ultimato, uma vez que, se no prazo de três dias não lhe for entregue o ouro extraído das minas, Ramsey invade o povoado. Ao chegar ao local, Tex depara-se com os naturais receios de uma população amedrontada e resolve organizar os meios disponíveis para enfrentar o bando.

Vinheta TexEste argumento de Nizzi é simples, linear e mesmo previsível, exaltando um Tex justiceiro e decisivo, mas também perspicaz. Um Tex mais bonelliano do que aquele que Nizzi nos vinha apresentando ultimamente. Um ranger que, mesmo sem a companhia dos seus habituais pards, surge como peixe na água a organizar uma população a enfrentar as investidas de Lee Ramsey. Tex assume sempre uma atitude dominante e acaba por ser perspicaz não só na estratégia para o combate, mas sobretudo no modo como desconfia que algo não bate certo e na maneira como vai desmascarar o espião que se encontra na aldeia a soldo de Ramsey.

2ª Vinheta TexA aventura marca pontos sobretudo numa característica que Nizzi poucas vezes evidencia, na construção psicológica das personagens. Ao contrário de Boselli, Nizzi investe sempre mais na pura aventura, não privilegiando esta densidade psicológica dos actores. O facto de estarmos em presença de um conjunto de pessoas apavoradas e sitiadas num espaço concreto, acaba por realçar um pouco das características de cada uma, o seu modo de pensar e de agir. A bela e simpática Liza, a família Carter, o pujante Otis Brand, o velho caçador Moses, Hoper ou ainda os gémeos Norton, acabam por espelhar fielmente os receios e as ambições da população.

Tex 553Apesar de uma primeira parte bem delineada, desenvolvida e envolvente para com o leitor, Nizzi cai num certo facilitismo na parte final da aventura. Ramsey nunca se assume como um verdadeiro adversário à altura de Tex e o ranger acaba por dominar sempre as situações. A cena final, apesar de bem construída, acaba por demonstrar as fraquezas de Ramsey, que surge sempre numa posição de inferioridade perante Tex que, facilmente, acaba por se opor ao malfeitor.

Jean Giraud parece ser uma das influências de Milano e convenhamos que o estilo, a forma e o detalhe do excelente desenhador francês acabam por estar presentes ao longo de uma aventura onde Milano consegue convencer em praticamente todas as páginas. Aliando um traço muito elaborado (que por vezes lembra Andrea Venturi), ao detalhe de cenários e ambientes próprio em Giraud, Milano assegura um Tex onde se notam influências ticcianas, sendo no entanto mais patente uma certa modernidade presente no Tex de Villa. Um Tex que ainda não está perfeito, mas onde se nota um desenvolvimento gradual ao longo da aventura.

Milano consegue sempre transpor eficazmente todos os ambientes da aventura. Seja em plena aldeia, nas montanhas vizinhas (que belos cenários) ou mesmo no calor do tiroteio, o artista denota uma facilidade em interpretar o argumento de Nizzi, construindo páginas de rara beleza e intensidade dramática. Uma bela aquisição para o staff texiano.

Texto de Mário João Marques

2 Comentários

  1. Eu já li esta excelente história e gostei bastante, não só dos maravilhosos desenhos do Mario Milano, mas também da história escrita pelo Nizzi.
    2006 na minha óptica foi o ano em que Claudio Nizzi renasceu das cinzas tal Fénix, isto porque depois de um ano de 2005 onde Nizzi fez histórias muito fracas na maioria das opiniões dos apreciadores de Tex (onde em parte me incluo), 2006 foi uma excelente safra… um fantástico Almanaque, um Maxi Tex muito bom, um Tex Gigante bem satisfatório e várias histórias na série principal muito boas, como ainda esta última.
    Enfim, para quem pensava que o Nizzi estava com os seus dias contados na saga de Tex, enganou-se redondamente porque o Nizzi ainda tem muito para dar ao Tex… na minha opinião, a melhoria qualitativa das histórias teve boa parte de razão de ser, no facto do Nizzi ter mais argumentistas a auxiliá-lo em tão difícil tarefa, fazendo com que ele escreva em simultâneo menos histórias do Tex, já que chegou a escrever ao mesmo tempo mais de 15 histórias e depressa e bem, há pouco quem…

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