Tex 571 – “Il killer“, de Maio de 2008 e Tex 572 – “Il fuggiasco“, de Junho de 2008. Argumento de Mauro Boselli, desenhos de Ernesto Garcia Seijas e capas de Claudio Villa. História inédita no Brasil e Portugal.
No passado, Frank Harris logrou escapar à justiça e aos rangers que o perseguiam, Tex Willer e Sam Donovan. Apesar de se ter convertido à lei e à justiça, quis o destino que estes surgissem novamente no caminho de Frank, agora um advogado de sucesso. Ele é agora um homem diferente, apesar de incapaz de demonstrar a sua reconversão e os seus novos propósitos. A sua única esperança está em eliminar os dois rangers, o que colide com os seus princípios.
Após uma grande e épica aventura como “Buffalo Soldiers” “Il killer” surge como um episódio de retoma de fôlego, uma breve aventura onde um Tex solitário confronta-se com uma personagem que se esfumou no tempo, um pistoleiro simpático e com valores. Frank Harris de seu nome prometeu mudar de vida à sua mulher, mas quem é que afinal consegue fugir ao nosso ranger, convicto de que Harris é daqueles cuja têmpera nunca muda?
Boselli constrói uma história com mestria, revelando que uma pequena aventura pode conter ingredientes suficientes para captarem a nossa atenção. Uma aventura que, ao contrário de muitas que recentemente insistem em apresentar episódios do passado, não utiliza o artifício do flash-back, inicia-se sim no próprio passado para depois saltar até à acção presente. As semelhanças com “Caçada Humana” de Nolitta são evidentes, mas Boselli opta aqui por um final positivo e por uma afirmação de esperança na personalidade humana e na sua capacidade de mudar e de se moldar se os acasos da vida assim o permitirem.
Trata-se da primeira história desenhada por Ernesto Garcia Seijas para a série normal de Tex, depois do autor argentino ter feito “Polícia Apache” para o Almanaque. Uma aventura rica em personagens femininas, que Seijas apresenta com grande beleza, muito por culpa do seu traço expressivo e polido que é um regalo para os olhos. Já em “Polícia Apache” tínhamos ficado com essa impressão, tal como nessa altura nos pareceu que o Tex de Seijas era algo incaracterístico quando comparado a modelos anteriores. Um Tex mais romântico do que duro, mais simpático através do seu sorriso aberto e expressivo, mas algo em contrário aos cânones bonellianos.
Texto de Mário João Marques