Tex Série Normal: Chinatown

Tex nº 115Argumento de Gianluigi Bonelli, desenhos de G. Lettèri e capas de Aurelio Galleppini.
Com o título original Quartiere cinese, a história foi publicada em Itália nos nº 171 a 175 e no Brasil pela Editora Vecchi nos nº 115 a 117.

Após uma bela refeição num dos muitos restaurantes chineses em São Francisco, Tex, Carson, Kit, Tigre e Tom Devlin testemunham uma tentativa de homicídio entre chineses. Um grupo tentava estrangular um chinês com um laço de seda negro, mas a rápida intervenção de Tex e os pards consegue evitar o assassinato. Começa então uma investigação que leva aos meandros de uma misteriosa e terrível seita que domina os negócios do jogo e do ópio em Chinatown, além do comércio de jovens chinesas que, desde muito novas, são vendidas na cidade depois de compradas às próprias famílias na China.

A presença de emigrantes chineses nas ruas das grandes cidades americanas, o tráfico do ópio ou as casas de jogo onde domina a prostituição, remetem-nos para o imaginário das grandes aventuras clássicas.
Tex nº 116Talvez por isso, esta longa aventura escrita por G. L. Bonelli encontra-se sempre presente no altar das recordações do leitor texiano, sendo considerada como um verdadeiro clássico no universo da série, daquelas que se leu e nunca se esqueceu. Bonelli e Letteri estavam no auge das suas carreiras e esta boa forma nota-se por todas as páginas da aventura, uma história da idade de ouro que talvez possa ser considerada como a melhor decorrida em ambientes citadinos.

O argumento de Bonelli ilustra na perfeição o velho confronto entre a justiça das leis e a justiça dos homens, um confronto sempre presente na série, uma imagem de marca da personagem que sempre viu na sua conduta e na sua acção, guiada pelos valores da honra e da lealdade, a verdadeira justiça. Muitos autores tocaram neste ponto, porque ele está sempre presente, mas nesta história em concreto, toda a acção de Tex em contraponto e fora da alçada da conduta policial personificada em Tom Devlin, limitado por uma justiça de tribunais e de leis, é por demais evidente no alcance que Bonelli pretendeu para a aventura.

Tex nº 117Interessante também o facto de Bonelli trazer à baila, de quando em vez, temas importantes não só no contexto histórico onde tudo decorre, mas também que podem ultrapassar essa fronteira temporal, o que neste caso acaba por acontecer. Repare-se no tema da escravatura aqui representado no comércio de jovens chinesas que, desde muito jovens, eram vendidas pelas próprias famílias, por considerarem o seu nascimento uma desgraça. Bonelli não só foca este ponto, como vai mais além, deixando bem vincada a diferença entre padrões ocidentais e outros de determinadas religiões e povos.

No resto, estamos em presença de uma aventura espectacular, no sentido em que tudo vai em crescendo de dinamismo, com Tex e os seus pards a demolirem literalmente os interesses da seita e do “perigo amarelo”, tudo servido pelo traço algo estanque mas seguro de Letteri.

Texto de Mário João Marques

Um comentário

  1. Amigos,
    “Chinatown” foi uma das histórias que eu li comprando Tex usado nas bancas pois o primeiro exemplar que li da série normal da Vecchi foi o 127 (o primeiro Tex que li foi “Quando explodem os canhões”, da 2a edição da Vecchi). Eu era garoto e fiquei sem folego! Coloco essa história ao lado de “El Muerto” como um dos clássicos de todos os tempos de Tex!

    Saludos!

    Magno

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