Argumento de Claudio Nizzi, desenhos de José Ortiz e capas de Claudio Villa.
Com o título original La Maschera dell’Orrore, a história foi publicada em Itália nos nº 494 a 496 e no Brasil, pela Mythos Editora nos nº 409 a 411.
A pedido do chefe Dakota Urso Silencioso, Tex e Carson vão até às florestas de Montana no norte do território norte-americano, em pleno dealbar do Inverno. O chefe índio anda preocupado com o abandono de alguns jovens da sua tribo, iludidos e atraídos por uma misteriosa personagem que pretende provocar uma rebelião na zona. Com o início das investigações, os dois rangers cedo descobrem um tráfico clandestino de armas com o conluio do agente índio local.
Esta aventura é um perfeito exemplo do papel actual de Nizzi na série. Uma aventura que se lê bem, que guarda até alguns elementos interessantes (por exemplo, a justificação que o caveira guarda para pretender atacar o forte militar), mas que não consegue inovar nem sobretudo surpreender o leitor texiano. Isso mesmo, continuamos a gostar de acompanhar as aventuras dos nossos rangers preferidos, sabendo de antemão que a capacidade de Nizzi em inovar é quase nula, resultando desse facto qualquer ausência de surpresa nas suas aventuras.
A estrutura narrativa mantém-se a mesma com Tex e Carson a serem chamados a resolver um problema; personagens bem vincadas mas ausentes de grandes construções psicológicas, primando antes pelo seu maniqueísmo; diálogos muitas vezes supérfluos e que acabam por repetir muito daquilo que o leitor já compreendeu pelo decorrer da acção; temas já muito debatidos como o tráfico de armas ou a atracção de jovens guerreiros índios pela luta e guerra ao branco; enfim, nada que não estejamos habituados a ver e apreciar, sabendo de antemão que este é o estilo standard de Nizzi.
A questão está em inovar, em surpreender, em trazer algo de novo, mesmo utilizando os mesmos temas. E é aqui que, uma vez mais, esta aventura não consegue dar esse passo, indo mais além, no sentido de uma certa lufada de ar fresco. A fórmula, certamente apreciada, não deixa de ser a mesma, mas a verdade é que Nizzi sente-se incapaz de dar um passo rumo a uma certa modernidade que alguns leitores texianos vêm reclamando e que, por exemplo, tinha até acontecido com a aventura anterior “Conspiração contra Custer”.
Voltando ao início, a verdade é que apesar de pouco nos surpreender em Nizzi, o autor ainda consegue manter vivo algum interesse nas suas aventuras e esta, seja pelo cenário onde decorre, seja pela presença de uma misteriosa personagem, seja pelas inúmeras situações vividas, seja enfim por continuarmos simplesmente a apreciar a presença de Tex e Carson e dos seus saborosos diálogos, a aventura guarda em si um certo interesse que importa não negligenciar.
O cenário das montanhas e das florestas do norte permite a Ortiz construir uma aventura graficamente positiva. Apesar do ritmo do seu trabalho, que acaba por deixar marcas em passagens menos cuidadas, o autor espanhol apresenta um resultado final globalmente de qualidade muito por força da utilização de cenários agrestes e frios, de cenas de acção e tiroteio bem conseguidas e uma construção dos rangers muito equilibrada e onde sobressai um Carson, desta vez, menos envelhecido daquilo que é habitual em Ortiz.
Texto de Mário João Marques