Tex Ouro 20: A Volta de Zhenda

Capa Tex Ouro 20Argumento de Claudio Nizzi, desenhos de Fabio Civitelli e capa de Aurelio Galleppini.
Com o título original Gli spiriti della notte , a história foi publicada em Itália nos números 346 a 349 em 1989 e no Brasil pela Mythos Editora emSetembro de 2005.
 
Afinal a bruxa Zhenda não está morta e, aliada a um contrabandista de armas, vai enfeitiçar o seu próprio filho Sagua, com o objectivo de o colocar como legítimo chefe dos Navajos. Com a ajuda de uma primitiva tribo de índios, Zhenda pretende liquidar Tex e os seus parceiros e dominar os Navajos.
 
Nizzi utiliza um tema que não prima pela originalidade, não só porque a questão da usurpação do poder não é nova, mas também porque ela já está associada à personagem de Zhenda, desde que G.L. Bonelli a criou em 1965, uma espécie de Mefisto de saias, também ela com o objectivo dominante de liquidar Águia da Noite.

A ira de ZhendaA história é simples e resume-se em poucas palavras: Flecha Vermelha, antigo chefe Navajo, teve um filho com uma outra mulher, Zhenda. Esse filho é Sagua, que a feiticeira reclama como sendo o verdadeiro e legítimo chefe navajo e não Tex, que veio a tornar-se em Águia da Noite pelo seu casamento com Lilyth, a filha mais velha de Flecha Vermelha.

Bonelli já tinha apelado à magia e à feitiçaria para este caso “político”, tão ao gosto do leitor texiano e o que Nizzi vem agora relatar parte da mesma base e busca a mesma inspiração, os mesmos artifícios, em detrimento da originalidade que poderia ter guindado a aventura a outros patamares. Esta não foge muita da questão da usurpação do poder, uma ideia que não colhe os favores de Sagua, porque este nunca concorda com as ideias de Zhenda.

SaguaÁguia da Noite conseguiu unir os Navajos, levando-os a trilhar os caminhos da paz, o que é bem mais importante do que questões dinásticas ou de sangue. Eventualmente neste preciso ponto poderá encontrar-se algo de novo em relação a Bonelli, porque Nizzi vem contrapor a ambição do sangue à realidade dos acontecimentos e ao bem estar da população navajo.

Passado o momento inicial de uma certa surpresa e inquietação decorrente do regresso de Zhenda, alguém que todos julgavam ter desaparecido para sempre, a verdade é que toda a aventura deambula nessa ideia base da questão do sangue como sendo a mais legítima para a obtenção do poder. Mas para Zhenda, isso mais não é do que uma auto justificação para os seus anseios e objectivos que passam por se vingar de Águia de Noite.

Zhenda e TexAliada a Koster, um branco que negoceia em armas e que apenas pretende enriquecer, assim como aos Sinaguas, uma desconhecida tribo de índios primitivos, Zhenda serve-se dos seus dotes e artifícios mágicos para tentar obter os seus intentos. No final, tudo leva a crer que Nizzi poderá recuperar uma vez mais a personagem, a acreditar no destino de Zhenda que, no fundo, permanece uma incógnita.

O desenho de Civitelli é muito limpo, seguro e de rara beleza. Apesar de estar à vontade em qualquer registo, o seu desenho  assume-se em toda a sua plenitude em ambientes urbanos.

Sagua e TexAqui, em expensas pradarias e montanhas rochosas, Civitelli não desilude, muito pelo contrário, mas a verdade é que fica sempre uma sensação de asfixia, decorrente de uma certa repetição dos cenários. O desenho de Civitelli entra mais pelos olhos quando o detalhe faz a diferença, enriquecendo cada quadrado com a sua marca. Pelo contrário, esta aventura acaba por não permitir ao autor deixar esse algo mais, apesar de um trabalho irrepreensível, muito dinâmico e elegante.

Texto de Mário João Marques

4 Comentários

  1. Pois, pra mim, essa é uma das melhores aventuras de Tex de todos os tempos!
    Sagua e Zhenda são dois personagens muito fascinantes, e a história tem muitos perigos pra Águia da Noite e seus pards poderem dar conta! Eles veem a morte muitas vezes! Além do mais, o tempo todo essa história toma rumos inesperados, e sempre muito perigosos!
    Mesmo após encontrarem Sagua, os perigos ainda não param pra Tex, Kit e Carson! Os perigos vão se sucedendo em cascata, e acabam numa história muito parecida com O Signo da Serpente, que também é uma das melhores aventuras do Grande Chefe dos Navajos!
    E os desenhos de F. Civitelli sempre transbordando de beleza!
    Dou nota dez com louvor à história “Os Espíritos da Noite”! Apesar de ela ser uma bandida, fiquei fã da bruxa Zhenda, pelo fato de que as duas histórias em que ela apareceu foram excelentes! Essa, que é a volta de Zhenda, é melhor ainda! Zhenda sabe mesmo se impor e pôr à prova o título de Chefe dos Navajos outorgado a Tex, pelo Grande Flecha Vermelha!

  2. A primeira história de Zhenda apareceu em Tex Coleção 106 a 109 e em Tex Edição Histórica 40, com o título de Sinistros Presságios. Saberia me dizer em qual edição de Tex Mensal Regular ela apareceu?

    • A história “Sinistros presságios” também conhecida por “A marca de Zhenda” não foi publicada na série de Tex Mensal Regular, prezado pard Moisés Isaias.

  3. Olá, meu caro José Carlos Francisco.
    Muito obrigado pela informação. Então a Editora Vecchi deixou essa passar?

    Até mais.

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