Por Hugo Pinto [*]
Tex – “O Homem das Pistolas de Ouro“, de Pasquale Ruju e r.m. Guéra
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Neste segundo Tex desta coleção, que dá pelo nome de O Homem das Pistolas de Ouro, temos novamente Pasquale Ruju aos comandos do argumento. Mas, desta vez, as ilustrações são feitas por r.m. Guéra.
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A história desenrola-se poucos anos depois da guerra civil, quando o guerrilheiro Juan Gonzales – que se julgava morto – regressa para se vingar dos Texas Rangers que o perseguiram, nomeadamente Kit Carson que, há 20 anos, era um dos mais jovens rangers do Texas. Assim, um a um, todos os antigos companheiros de Carson começam a jazer, fruto dos tiros certeiros das pistolas de ouro que Gonzales carrega com vista a vingar os seus irmãos. Agora que Kit Carson é o próximo nome a abater na lista de Gonzales, é o momento certo para que o primeiro, acompanhado de Tex Willer, possa parar Gonzales e as suas malditas pistolas de ouro.
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Isto dá à narrativa uma clareza e uma simplicidade que acabam por funcionar muito bem. Sendo a história bastante linear, parece-me que a mesma está pontuada pela existência de um vilão muito bem construído pelo autor, que acaba por nos prender ao natural desenvolvimento da história.
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Destaque ainda para a planificação bastante dinâmica que altera entre vinhetas de vários tamanhos e que permite incrementar, ainda mais, a tal noção de movimento e dinâmica narrativa que referi atrás. Sem dúvida um excelente trabalho visual e que ainda é sedimentado por uma boa aplicação de cores. A paleta de cores altera para tons mais sépia no flashback temporal que, mais uma vez, oferece à obra dinâmica e beleza.
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Se há alguma coisa onde, para muitos leitores, eu inclusive, este livro pode pecar, será no facto de ser uma história curta. É o “calcanhar de Aquiles” desta obra como também já o havia sido em A Chicotada. Porque, de facto, as histórias são apelativas e a arte visual – incluindo ilustrações e cores – também o é. Simplesmente, estas aventuras sabem a pouco e acabam por ser histórias algo superficiais que não vão ao âmago de si mesmas.
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A edição d’A Seita mantêm-se excelente tal como em A Chicotada. Capa dura (e diferente em relação à edição original italiana), bom papel, boa qualidade na encadernação e impressão e, para além disso, os extras do livro têm uma ilustração inédita e exclusiva, um texto de Pasquale Ruju e um conjunto de esboços de Guéra. Tudo muito apelativo.
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Em suma, este Tex eleva ainda mais a qualidade do anterior A Chicotada! Muito por culpa de um argumento mais bem conseguido e uma arte de Guéra que, em determinados momentos, sobressai pela sua qualidade e talento. Altamente recomendado para todos os fãs do género western. Bem, e quanto aos fãs de Tex, passa de recomendado a obrigatório!
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