Texto da secção Etcetera de 15 de Dezembro de 2004
Banda Desenhada
F. Cleto e Pina
Tex é o cobói da banda desenhada que não deixa ninguém indiferente
* 1500 é o número de objectos que José Carlos Francisco possui do seu herói da banda desenhada, Tex Willer
* 1 é o número da revista do Tex italiano, editado em 1948, que o coleccionador anda à procura
* PAIXÃO » José Francisco é o maior coleccionador do mundo deste herói
É um dos maiores coleccionadores mundiais de Tex, o célebre cobói da BD italiana, chama-se José Carlos Pereira Francisco, tem 36 anos, é casado, natural de Moçambique, e reside na Malaposta, Anadia, onde é chefe de produção, numa indústria de mobiliário metálico.
Aos 5 anos, “passava horas a ver as revistas Disney que a minha mãe vendia, em Lourenço Marques (Maputo). Adorava os seus desenhos coloridos e foi nelas que aprendi a ler. Depois, descobri Astérix, Lucky Luke, Tintin e Tarzan e, aos 9, 10 anos, a BD a preto e branco, lida no “Mundo de aventuras”, “Falcão”, “Condor”, etc., sobretudo histórias de cobóis “Bonanza”, “Mascarilha”, “Tex Tone”…“. Curiosamente, só descobriu Tex já em Portugal, “em 1980, quando os meus avós foram morar para Vila Nogueira de Azeitão. Durante as limpezas, descobri uma caixa com revistas de BD, entre elas o Tex 94“. Foi “amor à primeira vista” e, de leitor a coleccionador foi um passo, pois “mal li a história, fui a um quiosque comprar o número que estava nas bancas (114). A partir desse dia, comprei as novas edições e corri alfarrabistas e feiras de livros e antiguidades à procura das que me faltavam“. Paixão que continua, pois “a curiosidade e a gula com que li a primeira permanecem. Quem lê Tex não consegue ficar indiferente ao ranger que me tem propiciado momentos inolvidáveis…“
Mas o que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos? “Tex agrada a adolescentes e adultos, de ambos os sexos, porque representa o irmão mais velho, o grande companheiro e amigo, o anjo da guarda… Não às injustiças, solidariedade com os amigos e necessitados, coragem a toda prova, rapidez e eficiência com as armas, humor e seriedade na medida certa, obstinação e motivação no cumprimento da lei são ingredientes que ajudam a solidificar Tex e a mantê-lo nas nossas mentes“.
A colecção foi crescendo… Vinte e quatro anos depois, são cerca de 1500 os objectos que possui, onde se destacam “as colecções completas das Tex brasileira e italiana e álbuns em 12 outras línguas“, para além de originais, posters, camisolas, puzzles, o filme “Tex e o Senhor dos Abismos“, postais, marcadores de página, pins, porta-chaves, tapetes de rato, catálogos, pinturas, cromos, bonecos e até um maço de cigarros “pirata” de Tex! As peças mais raras são “a Revista Júnior 61 de 1951 e o Tex finlandês 2, de 1964“.
Mas o que o toca especialmente é “um original autografado de Claudio Villa, a caneta de nanquim, autografada e com uma belíssima dedicatória, com a qual Marcos Maldonado legendou, durante décadas, muitas edições brasileiras de Tex, e o poster contendo as primeiras 400 capas de Tex no Brasil, de que só existem oito exemplares no Mundo“. E reserva um lugar especial “para as revistas “Tutto Tex” 395, de Fevereiro último, com editorial de Sergio Bonelli dedicado a Portugal, onde sou citado, e as brasileiras 396, 397 e 412, que têm artigos e fotos dedicados a mim“. O seu sonho é “um dia conseguir o nº 1 original do Tex italiano, de Setembro de 1948.“
Como “coleccionador e fã de Tex, concretizei um outro sonho, há dois anos; visitei a editora onde ele é produzido, em Itália, e conheci Sergio Bonelli, o seu grande responsável, bem como os desenhadores e argumentistas.“.
Mas Tex não lhe proporciona apenas horas de leitura apaixonada porque, “através dele, são inúmeros os amigos que tenho feito, ao longo dos anos, em vários países. É maravilhoso descobrir como Tex quebra barreiras, constrói pontes e cria fortes laços”.
A par da sua actividade profissional, é “representante, em Portugal, da Mythos, correspondente do site www.texbr.com/tex, e responsável pela organização de jantares texianos com admiradores nacionais e estrangeiros do cobói.“
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QUEM É O COBÓI TEX WILLER?
»»»Tex surgiu pela primeira vez nas páginas da revista “Collana del Tex“, a 30 de Setembro de 1948. Os seus criadores foram os italianos Giovanni Luigi Bonelli (texto) e Aurelio Galleppini “Galep” (desenho). De seu nome completo Tex Willer, um dos célebres rangers do Texas, assume, simultaneamente, o papel de justiceiro, investigador e até de chefe índio, sob o nome de Águia da Noite. A seu lado encontra-se quase sempre o seu velho amigo Kit Carson e, muitas vezes, o índio Jack Tigre e Kit Willer, seu filho e da bela índia, Lilyth, morta em circustâncias trágicas.
Pondo a justiça e a legalidade – a par da amizade – antes de tudo, não hesita em assumir o papel de vingador quando tal é necessário, colocando-se muitas vezes ao lado dos índios para combater a violência gratuita e os excessos dos colonizadores brancos. Apesar de beber parte da sua inspiração nos grandes westerns cinematográficos, Tex não é um western tradicional, pois muitas vezes são os índios que têm o papel de “bons” e um certo misticismo é presença recorrente nas histórias, quer através das habilidades dos feiticeiros índios quer através dos estranhos poderes do mago Mefisto, o seu grande inimigo.
Ao longo de mais de 50 anos, Tex tem vivido as mais díspares aventuras, não só no território norte-americano, mas percorrendo quase todo o Mundo e, sinal dos tempos, chegando até a enfrentar dinossauros! Foi com base nesta personagem – e em uma boa dezena mais de criações suas – que Bonelli desenvolveu o seu império editorial de histórias aos quadradinhos de características populares que, nos seus tempos áureos, em Itália, atingiram tiragens de algumas centenas de milhar de exemplares. Em Portugal, as histórias de Tex chegaram desde sempre em edição brasileira, estando actualmente nos quiosques as editadas pela Mythos Editora.
Copyright: © 2004 Jornal de Notícias; F. Cleto e Pina
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