Tex em Cuba, de Nolitta, Boselli e Suarez foi notícia no jornal diário “As Beiras”: 7 de Dezembro de 2012

Texto do jornal Diário “As Beiras“, de 7 de Dezembro de 2012

João Miguel Lameiras

TEX EM CUBA

Com o regresso das publicações da Mythos aos quiosques nacionais, regressou também um título que tem tido presença regular neste espaço. O Tex Gigante. Os Tex Gigantes, ou Texones, como saberão os leitores habituais desta coluna, são edições anuais em formato maior e com uma produção mais cuidada, em que autores de renome na Banda Desenhada mundial, têm a oportunidade de imprimir a sua marca pessoal ao mais popular cowboy da BD italiana, em histórias de longo fôlego, com mais de 200 páginas de acção.

No caso deste “Tex Gigante”, publicado originalmente em Itália em 2010, Tex vai até à Ilha de Cuba, acompanhado do seu amigo Montales, para tentar resgatar uma criança raptada por um poderoso feiticeiro, que se dedica à “Santeria”, um rito mágico próximo do Vodu haitiano. Um mero pretexto para levar Tex até um cenário exótico, com bons resultados, embora não tão bons como os conseguidos no “Texone” anterior, um dos melhores títulos da série, já referido neste espaço, também escrito por Mauro Boselli, em que o cowboy Tex foi até à Patagónia.

Neste caso, Tex troca temporariamente as pradarias do velho Oeste, pela Ilha de Cuba, onde dá apoio aos “mambises”, os guerrilheiros que combatem o domínio espanhol, numa história concebida pelo próprio Sergio Bonelli, na sequência de uma viagem a Cuba, para participar num Festival de Banda Desenhada e desenvolvida por Mauro Boselli, para o traço de Orestes Suarez, um dos raros (se não mesmo o único) desenhadores profissionais cubano.

A escolha de Suarez, para além de lógica, face à sua origem, resulta bem, pois o desenhador cubano é possuidor de um traço realista extremamente detalhado e não poupa nos pormenores dos cenários e mesmo alguns problemas de movimento, patentes em algumas cenas iniciais (por exemplo, as cenas em alguém lança uma faca, funcionam mal) são resolvidos ao longo da história, em que é visível a evolução do seu traço e uma maior confiança do desenhador. Por exemplo, o duelo final à chuva entre Don Rafael e o Coronel espanhol é notável em termos de movimento e de planificação.

Resumindo, não sendo dos melhores “Texones” que já li, este “Rebeldes de Cuba” é uma obra muito sólida e de grande competência, servida pelo traço rigoroso e dinâmico de um desenhador, para mim, perfeitamente desconhecido, mas que mostra qualidade mais do que suficiente, para assinar um Tex Gigante. A mais prestigiada das publicações da Bonelli, por onde já passaram alguns dos maiores nomes da BD mundial, como Jordi Bernett, Guido Buzzelli, Magnus, Carlos Gomez, Manfred Sommer, Joe Kubert, José Ortiz, entre outros e que continua a ser obrigatória para quem aprecia a aventura clássica e as possibilidades estéticas da Banda Desenhada a preto e branco.

(“Tex Gigante nº 24: Rebeldes em Cuba”, de Guido Nolitta, Mauro Boselli e Orestes Suarez, Mythos Editora, 242 pags, 9,00 €)

Copyright: © 2012 Diário “As Beiras“; João Miguel Lameiras; crítico e especialista de BD, autor do blogue Por um punhado de imagens (versão aumentada do texto publicado no Jornal As Beiras de 7 de Dezembro de 2012, para publicação na Internet)

(Para aproveitar a extensão completa das imagens, clique nas mesmas)

Um comentário

  1. O que não me atraiu neste Texone foi o roteiro. Fraco, previsível, pobre em soluções…
    Pena por Orestes Suárez que merecia algo melhor.

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