Tex “Il prigioniero di Yuma” (“O Prisioneiro de Yuma”): Entrevistas exclusivas com os autores Mauro BOSELLI & Alfonso FONT

ALERTA: As entrevistas que se seguem com Mauro BOSELLI & Alfonso FONT revelam algumas surpresas da história “Il prigioniero di Yuma(Tex italiano nº 640, 641 e 642, de Fevereiro, Março e Abril de 2014), e a sua lida antes da publicação da revista no Brasil e Portugal pode tirar toda a graça, emoção e suspense que se cria com relação à aventura.

Alfonso Font & Mauro Boselli, por Bira Dantas

Entrevistas conduzidas por José Carlos Francisco, com a colaboração de Raffaele De Falco e Sandro Palma na formulação das perguntas, de Bira Dantas nas caricaturas e de Júlio Schneider (tradutor de Tex para o Brasil) e de Gianni Petino nas traduções e revisões.

MAURO BOSELLI

A vingança familiar é um tema recorrente na literatura aventurosa. De onde surgiu a ideia de abordar tal tema nesta aventura de Tex? Porque decidiu transformar em protagonista uma personagem que você havia inserido como coadjuvante numa BD de mais de cinco anos atrás? E quando surgiu a ideia de criar uma nova história centrada na família Rainey? Em suma, como nasceu a história O Prisioneiro de Yuma?
Mauro Boselli:
Que diacho de pergunta, hein? 😉 Como se sabe, eu sempre escrevo mais de uma dúzia de histórias ao mesmo tempo, e não consigo recordar onde pesquei a ideia de todas elas! Geralmente elas me vêm da Sexta Dimensão! Em todo caso, há tempos eu pensava no retorno de Durango e do Kid, mas sinceramente não me recordo de quando eu soube que os dois eram irmãos! Eu deveria suspeitar, porque eles tinham alguma coisa em comum. Deve-se ter em mente uma coisa importante: é verdade que Durango estava ausente há pouco tempo, mas Kid Rodelo fazia parte da quadrilha de Jack Thunder, tinha e tem um carisma superior, e o seu retorno certamente era esperado. E ele ainda não nos deixou… vai ressurgir de modo inesperado!

A bela novidade desta história é que, pela primeira vez na série, assistimos ao retorno de duas personagens (Kid Rodelo estreou no Verão de 1999, o irmão Durango naquele de 2008) dos quais descobrimos uma insuspeitável relação familiar com um terceiro, a bela Molly Rainey, aliás, Dallas, que é uma criação nova. No futuro poderemos ver surgir novos irmãos ou irmãs que, com sua presença, garantam uma cativante espécie de continuidade de outras histórias do passado?
Mauro Boselli:
Novos irmãos e irmãs? Eu diria que não. Esses são suficientes.


Sobre a caracterização dos três irmãos que compõem um triângulo emotivo e caracterial, quanto foi difícil administrar essa família com equilíbrio, evitando a predominância de um sobre os outros?
Mauro Boselli:
Técnica narrativa serve como resposta?

Para a caracterização dos três irmãos, você inspirou-se em alguém, em particular?
Mauro Boselli:
Não, é tudo fruto da fantasia.

A grande quantidade de chumbo que voa nos confrontos não poderia fazer a tensão do momento desviar para uma situação menos realística de ligeiro exagero?
Mauro Boselli:
É Tex, não é a realidade! Por isso, há chumbo de monte, DEVE haver.

Numa história tão rica de situações e tons dramáticos, porque esse final com um Kid Rodelo (criminoso e assassino convicto) por demais conformado com a sua condição de invalidez e que mostra até uma veia humorística? Não é meio forçado?
Mauro Boselli:
Tudo bem que foi percebido um tom mais leve, mas na minha visão foram só dois quadradinhos irónicos. Deve-se ter em mente que Kid é um durão e não podia começar a chorar. Na próxima história a sua incapacidade de administrar essa condição assumirá tons dramáticos. Mas aqui ele devia comportar-se de modo cool, como dizem os americanos, e nós também devíamos chegar logo ao inesperado final sem arrastar muito a narrativa.

A personagem de Molly, forçada a se desdobrar entre dois irmãos pistoleiros, não é uma santa, mas jamais transmite a ideia de ser uma maçã podre – e você sua até o fim para impedir que isso aconteça. Durante a leitura surge a impressão de que, dos três, é a única sacrificável e, no fim, ela é a que ainda tem nas mãos algumas cartas para jogar. A esta altura, fazer previsões sobre o que acontecerá em seguida, sem muita surpresa, é quase impossível, não?
Mauro Boselli:
Eu gosto de Dallas, é uma personagem que recorda um pouco Dawn, outra mulher forte e esperta. Quem sabe, talvez elas se tornem amigas.

É evidente que há uma espera trepidante pelas duas continuações previstas para 2016. Porque você não passou a trilogia da família Rainey a um único desenhador? Font é bastante rápido e Bruzzo tem um estilo completamente diferente.
Mauro Boselli:
A próxima história está realmente a ser desenhada pelo próprio Font e haverá uma ENORME surpresa, totalmente top secret. Quanto à segunda continuação, é só uma história vagamente ligada às outras, fala de outra coisa e será ambientada no PROFUNDÍSSIMO Grande Norte, onde Tex nunca esteve!

ALFONSO FONT

O roteiro de Mauro Boselli foi recebido na Itália com um consenso unânime. Estamos curiosos para saber das suas impressões sobre essa última história que, para nós, é quase uma obra-prima.
Alfonso Font: Mauro Boselli é um óptimo roteirista, realmente grande. É um homem inteligente e muito responsável em seu trabalho. Eu tive muita sorte quando o nosso querido Sergio Bonelli decidiu me juntar ao Mauro para que trabalhássemos juntos.

Você já havia desenhado o jovem Rodelo na história Tornado!, também escrita por Boselli. O que você sentiu ao voltar a desenhar uma personagem depois de mais de cinco anos, e vê-la passar de coadjuvante a protagonista?
Alfonso Font: É difícil de explicar. Eu gosto das minhas personagens, ainda que sejam vilões. Na história Tornado!, o jovem pistoleiro é Durango, e a sua aparência física – o rosto, o modo de se vestir, a personalidade – deu-me algumas horas de trabalho, até que cheguei a pensar “sim, este é Durango“. Reencontrá-lo depois de tanto tempo foi como reencontrar um velho conhecido. E, ainda que seja um assassino brutal, é difícil vê-lo morrer definitivamente.


Nas suas páginas as personagens movem-se alternando poses clássicas com outras modernas e elaboradas. É um estudo propositado na elaboração da página ou é um dom instintivo e natural?
Alfonso Font: Para desenhar um simples quadradinho eu preciso antes vê-lo na mente, fecho os olhos, imagino uma cena de filme. Desse modo, tudo depende do filme que se tem na cabeça naquele dia.

Nas histórias que escreve para você, Mauro Boselli sempre insere personagens femininas que, na série de Tex, costumam ser usadas com parcimónia. Certamente o mérito está no facto de que você é mestre em caracterizá-las graficamente. Como nasceu, desta vez, a graciosa Molly Rainey?
Alfonso Font: Mauro disse-me: “Desta vez deve ser uma mulher bonita, não como aquelas que você sempre fez. Entendeu?“. Mauro é durão.

Nesta história se vêem cenas de vários tipos: emboscadas, duelos, assaltos. Que cenários você mais gosta de desenhar, quais situações mais o divertem?
Alfonso Font: Eu não tenho preferências específicas. Quem sabe, eu poderia mencionar grandes paisagens, as montanhas cobertas de neve, as cidades com todas as casas de madeira, coisas assim. Eu sinto-me mais à vontade.

Os seus desenhos detalhados e seus exteriores nocturnos são fantásticos porque, além de nos fazer ver o escuro, também nos fazem sentir a atmosfera. Como você consegue? Qual é o truque?
Alfonso Font: O truque? Que truque, que nada! Não há truque algum. A única coisa que entra é o trabalho. Realmente eu gostaria de ter uma varinha mágica, mas…


Actualmente você está a trabalhar na sequência desta aventura, que terá uma ambientação nórdica. Quantas páginas você já fez e quando pensa em terminá-la?
Alfonso Font: Estamos quase a concluir a história completa. Isso se Mauro permitir, porque às vezes ele me surpreende com reviravoltas inesperadas.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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