Resgatando o passado: Que os sonhos sejam eternos

Por Fernanda Martins*

Havíamos chegado a Florença debaixo de uma chuva fina, o que não nos impediu de apreciar a maravilhosa capital toscana. Éramos cinco, Fernanda, Carlos e Teresa, três texianos do Clube Português do Tex, e mais um casal de amigos brasileiros que conheciam Tex das leituras da infância e adolescência, Alice e Álvaro. Fazíamos um tour de uma semana pela Itália, de Veneza a Roma, de trem e carro, em visita a cidades já conhecidas mas também em busca de lugares especiais. E nessa busca encontramos e reencontramos vários texianos pelo caminho.

Era o começo da noite, mas as belezas de Florença realçam em qualquer momento do dia e assim, após nos extasiarmos com o Duomo e a réplica do David de Michelângelo, defronte ao Palazzo della Signoria, entre outras maravilhas, decidimos experimentar uma das famosas especialidades da cozinha toscana: a Bisteca Fiorentina, um prato que deixaria certamente Tex e Carson com água na boca, pois é um bife com quatro dedos de altura (não me espantaria se descobrisse que Bonelli se inspirou nessa culinária para caracterizar as preferências alimentares dos nossos conhecidos heróis).

E foi atrás dessas bistecas que conhecemos Giulliano, garçom – e talvez mais que isso – do restaurante Hot Spot, cujos olhos azuis brilharam de espanto e surpresa quando dissemos que éramos fãs de Tex Willer. Entre um prato e outro, Giulliano nos contou momentos da sua vida, e nos fez retornar, junto com ele às nossas infâncias quando os sonhos eram muito reais e ao alcance das nossas mãos. Contou-nos da primeira vez que sua mãe o levou a tirar uma fotografia com um fotógrafo lambe lambe e como aquela explosão do flash o traumatizou por muitos anos. E nos contou também quando sua mãe deitou suas revistas fora porque não havia mais espaço em casa. E perguntamos: o que fizeste? Ele nos olhou e respondeu, sorrindo: deixei de falar com ela.

Ao final do jantar e depois de muitas risadas, uma excelente refeição e um vinho delicioso, Giulliano nos disse: vocês me fizeram retornar à infância, onde nossos sonhos são eternos. Que maravilha o que vocês fazem. Não deixem os sonhos morrer jamais.

Depois de Florença descemos de carro pela Toscana e, após nos perdermos e nos acharmos novamente, terminamos por reencontrar, em Pienza, os texianos Paola e Fabio, que nos levaram a conhecer a pitoresca cidade San Quirico D’ Orcia. De lá fomos ao pequeno “paese” Sant’ Angelo in Colle onde nos ofereceram um jantar com produtos típicos toscanos, em um dos dois únicos restaurantes do local. E a conversa, em italiano e português, nos levou novamente ao mundo dos sonhos e da fantasia de Tex, mas também dos encontros reais do Clube Português de Tex e dos nossos convívios tão conhecidos e agradáveis.

A eterna Roma também nos agraciou com outro encontro com dois amigos que também tinham em Tex um pouco da infância e dos sonhos da juventude: Dario e Lorenzo nos acompanharam em uma noite de passeio e conversas pelas ruas da cidade eterna, nos mostrando o Parlamento, a igreja de San Lorenzo e outras praças e vielas de Roma. Terminamos a noite jantando em um restaurante onde a política é servir produtos locais, favorecendo a produção agrícola da Região, neste caso, o Lazio.

A semana passou rápido, mas, como um sonho, inesquecível. E, como disse Giulliano, os sonhos não devem morrer nunca, assim como as grandes amizades, novas e velhas, que devem ser cultivadas e alimentadas pela vida inteira… como um sonho bom.

* Texto de Fernanda Martins publicado originalmente na Revista nº 5 do Clube Tex Portugal, de Dezembro de 2016.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima clique nas mesmas)

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