Pela primeira vez, Sergio Bonelli, dedicou um editorial de uma edição italiana de Tex, a Portugal, mais precisamente para falar da trajectória do Tex no nosso país. Tal aconteceu na edição #395 de Tutto Tex, de Fevereiro de 2004.
Devido à tradução de Júlio Schneider, tradutor e consultor Bonelliano da Mythos Editora, podemos ver o texto escrito pelo responsável-mor de Tex na Itália, na nossa língua:
“Caro Sergio,
por que você não fala com mais frequência das edições estrangeiras de Tex e dos quadradinhos bonellianos em geral? Em Dezembro, por exemplo, estive em Portugal a trabalho, e senti uma grande emoção ao ver numa banca algumas revistas do Ranger… Há quanto tempo eles desembarcaram no País de Fernando Pessoa, meu escritor preferido?“. Para responder a esta pergunta, que me foi enviada por um leitor romano, que assina simplesmente Lorenzo, pedi ajuda a um amigo, que também é um super conhecedor de quadradinhos. O seu nome é José Carlos Pereira Francisco, e vive justamente em Portugal. Com prazer, deixo a ele a palavra!
“Assim como na Itália e no Brasil“, diz José Carlos, “também em Portugal a mais popular personagem dos quadradinhos italianos é justamente Tex Willer que, depois de alguns anos de ausência, voltou às nossas bancas, retomando o contacto que, há mais de trinta anos, os leitores tinham com ele. Graças à brasileira Mythos Editora, agora estão presentes em Portugal – em versão brasileira – Zagor, Mister No, Mágico Vento, Nick Raider, Dylan Dog, Martin Mystère e Ken Parker, além de oito séries (entre inéditas e reedições, almanaques e especiais) dedicadas a Águia da Noite. Ainda que pequeno em relação ao italiano, o mercado português de quadradinhos é constituído por leitores fiéis, entusiastas e pacientes, pois têm que esperar que as suas revistas preferidas venham do outro lado do Oceano, do Brasil. De facto, Tex nunca foi publicado por uma Editora portuguesa; a única excepção, no campo bonelliano, foram dezasseis edições de Zagor e doze de Mister No, lançadas a partir de 1978, sem a autorização da sua Editora. De 1971 a 1999, quando, das edições da Via Buonarroti em Portugal, só havia Tex, as revistas só chegavam depois de seis/nove meses do lançamento no Brasil. Se o editor brasileiro não tinha mais edições disponíveis nos seus depósitos, alguns números não eram enviados, e nem os pedidos de edições atrasadas eram atendidos.
Tudo se interrompeu em 1999, quando a Editora Globo suspendeu a publicação de Tex; mas em 2002, quando os direitos dos seus personagens já eram da Mythos, Tex e Cia desembarcaram de novo, e com sucesso, em terras lusitanas. Hoje, o intervalo entre o lançamento no Brasil e o ‘desembarque’ em Portugal varia de quatro a seis meses. Esta nova proposta dos quadradinhos Bonelli foi bem aceite tanto pela imprensa, que fala frequentemente do assunto nas suas rubricas especializadas, quanto por aqueles que discutem a ‘banda desenhada’ (é como são chamados por aqui os quadradinhos) nos vários fóruns da internet“.
Espero ter esclarecido a sua curiosidade, caro Lorenzo. E, para deixar mais completo o “relato” do informadíssimo amigo Pereira Francisco, quero mostrar a você e a todos os outros aficcionados a capa de uma edição “made in Brasil” que atingiu uma marca realmente importante.
Trata-se do número 200 de Tex Coleção (corresponde ligeiramente ao nosso Tutto Tex), publicado em Setembro de 2003; junto a uma história clássica escrita por Gianluigi Bonelli e ilustrada por Giovanni Ticci, são apresentadas todas as capas da série, em 24 páginas coloridas.
Sergio Bonelli.
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