Pasquale Frisenda: De Mágico Vento para Tex!

Epopeya del desierto en el sur argentinoCaros Texianos,
Esta imagem que vem reproduzida aqui ao lado é a capa de um raríssimo livro que Sergio Bonelli teve êxito em encontrar depois de uma não fácil procura durante uma sua viagem à Argentina há muitos anos atrás.
Como deixa intuir o seu título, o volume conta as vicissitudes que levaram ao extermínio da parte dos colonos e sobretudo dos militares, da população indígena que vivia nas vastíssimas pradarias da zona meridional do país. Em suma, na segunda metade do século XIX, a história daquele Estado sul-americano reflectia os trágicos acontecimentos que no norte da América levaram à chamada conquista do Oeste.

Arcos e flechas contra espingardas, em seguida, fortins isolados no deserto, incursões selvagens de guerreiros vingativos, cargas da cavalaria; os elementos que sempre fizeram Sergio Bonelli pensar que o nosso Ranger naquela parte do globo e naquelas condições poderia dar vida a um Texone rico de motivos insólitos e fascinantes.

Capa de Mágico VentoA reforçar essa convicção contribuía o facto que os índios daquela região tinham costumes e viviam em acampamentos bem diversos daqueles habitualmente mostrados nas páginas dos álbuns de Tex.

Até os uniformes do exército do general Julio Argentino Roca (um dos principais “protagonistas” e artífices daquela época sanguinária) constituem uma interessante alternativa às casacas azuis das tropas americanas.

Decidida com entusiasmo esta insólita transferência texiana, Sergio convenceu-se que a ambientação seria mais envolvente se, ao mesmo tempo, pudesse oferecer uma mudança gráfica mais inovadora, respeitando a tradição bonelliana.

Assim, enquanto Sergio Bonelli debatia com o argumentista Mauro Boselli, o desenvolvimento dos acontecimentos, o seu pensamento estava numa série western com quem convive há já longuíssimo tempo, e que o havia conquistado também pela qualidade dos seus desenhadores. Aludimos, obviamente a Mágico Vento de Gianfranco Manfredi e, em particular, a Pasquale Frisenda, um desenhador “alistado” no seu staff artístico, que tinha fascinado Sergio Bonelli, seja quando descrevia atmosferas místicas e sobrenaturais como no episódio intitulado “Windigo”, seja quando evocava os mais tradicionais combates nas guerras índias, como em “Rosebud”.

Auto-retrato de Pasquale FrisendaMilanês de 1970, Frisenda – de quem mostramos um auto-retrato aqui ao lado – iniciou-se no mundo da banda desenhada, ilustrando “Tenebra”, uma história escrita por Michele Masiero e publicada na revista “Cyborg”, da Star Comics. O passo seguinte, foi fazer parte da equipa que ilustrava as aventuras de Ken Parker, passando a colaborar com Mágico Vento, do qual virou o desenhador das capas do nº 32 ao nº 75 da série.

Terminada a experiência com Mágico Vento, tinha a intenção de mudar de género, passando talvez a Dylan Dog ou Dampyr, mas a proposta de desenhar um Texone é uma grande ocasião profissional, que não podia deixar fugir”, disse-nos o desenhador. “ O western em si, é um género que me é muito familiar, e a única dificuldade foi superar o temor reverencial que uma personagem do calibre de Tex Willer provoca inevitavelmente em quem nunca o tenha encarado. A história de Boselli porém, não é ambientada nas clássicas terras de Fronteira, e portanto não pude apoiar-me na minha habitual documentação.

Pasquale FrisendaA dar-me uma ajuda fundamental, foi, acima de tudo, um volume que reúne as ilustrações de Manuel Blanes (um grande artista da época, quase contemporâneo do mais famoso ilustrador do Oeste, Frederic Remington), que representou de maneira magistral a figura e a vida quotidiana dos gaúchos argentinos. Mas pude tirar numerosas sugestões gráficas também de filmes, mesmo que difíceis de encontrar, como ‘Savage Pampas’ e ‘L’ultimo gaúcho’…

Do western agrada-me sobretudo o aspecto gótico, fantástico, rico de atmosferas sombrias. Mas admito que a minha verdadeira paixão, por motivos generalizados e por gostos pessoais, é a ficção científica. Quem sabe se, no futuro conseguirei realizar também este sonho…”.

Texto de José Carlos Francisco, baseado na rubrica “Caro Tex…“, de Sergio Bonelli, inserida em Tex Nuova Ristampa nº 176 de 30 de Janeiro de 2007.

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