Continuando a apresentar os novos autores que já se começaram a estrear ou se estrearão num futuro próximo, nas páginas de Tex, vamos deter-nos desta vez no desenhador, cujo auto-retrato podem ver aqui ao lado. O seu nome é Pasquale Del Vecchio, e a primeira história de Águia da Noite ilustrada por si estará nas bancas italianas no próximo Verão, dividida por duas edições: não vos antecipamos o enredo, mas mostramo-vos em estreia, um pouco mais abaixo, como é o rosto do “seu” Tex.
Descobrir o traço gráfico de Del Vecchio, fará seguramente felizes quantos perguntaram a Sergio Bonelli, com uma certa apreensão, que fim teria tido – do ponto de vista profissional, obviamente – este jovem cartoonista que no passado colaborou com a série Napoleone, encerrada em Julho de 2006. E precisamente nas histórias do detective entomologista criado por Carlo Ambrosini, Pasquale Del Vecchio demonstrou ter alcançado plena maturidade profissional.
Nascido em Manfredonia, na província de Foggia, em 17 de Março de 1965 e diplomado em Arquitectura em 1992, dá os primeiros passos no mundo da banda desenhada já depois da maturidade científica, com a publicação de algumas pequenas histórias de banda desenhada na revista “1984”. Colabora, além disso, com “Il Giornalino” e transforma em imagens, para a editora Baldini, as aventuras em África de Walter Bonatti. Em 1991, desenha com Davide Tuffolo a história “Memphis Blue”, com argumento de Daniele Brolli e publicada em “Cyborg”.
Poucos anos depois, entra em contacto com a Sergio Bonelli Editore, que o recruta para o universo policial de Nick Raider, se bem que a primeira prova bonelliana de Del Vecchio tenha sido uma história para “Zona X” permanecido inédito. A sua estreia oficial, portanto, acontece em 1993, quando ilustra um episódio do detective nova-iorquino (“Duri a morire”), com texto do grande Gino D’Antonio.
Em seguida, entra no staff de Napoleone, ainda que dois anos após se empenhará novamente na série “Zona X”, com um episódio assinado por Pier Carpipara, para depois passar, como já dissemos anteriormente, à de Tex.
“O western foi sempre uma minha paixão desde quando era criança”, diz Del Vecchio. “Tex era a minha personagem preferida, juntamente a Zagor, à série História do Oeste e a Ken Parker. Posso dizer que era um estudioso do Oeste (gabava-me de conhecer até algumas palavras na língua dos Sioux Lakota), e devorava um após outro, todos os romances que saíam numa colecção de livros de bolso, da editora Longanesi, numa inconfundível série de capa verde; ali encontrei escritores como Louis L’Amour e Gordon D. Shirreffs, dos quais recordo em particular algumas histórias ambientadas num perdido fortim em território Apache.”.
Quando na época dava na televisão um filme western, para mim era dia de festa nacional! Em torno dos doze, treze anos descobri outro tipo de revistas (por exemplo os super-heróis) e as várias experiências profissionais levaram-me para longe do Selvagem Oeste. Com efeito, o trabalho com Nick Raider foi a minha escola: eu sou um desenhador realista e não me desagradavam as suas aventuras metropolitanas, que me recordavam as atmosferas de telefilmes dos anos setenta, como “Sulle strade di San Francisco”. Com Nick Raider aprendi a não me exceder nos detalhes do ambiente, a não me concentrar demais nos particulares, perdendo de vista ao mesmo tempo o principal da vinheta. Mostrar quanto somos bons, por vezes, pode ser pernicioso.
Com Napoleone, pelo contrário, diverti-me porque pude mover-me sobre dois planos diversos, um realista e um lírico… A história de Tex que estou a terminar por estes dias desenvolve-se no Deserto de Gila, e, no início vi-me em situação delicada, porque não sabia bem como “dosear” os pretos e brancos naqueles fundos ora planos, ora rochosos, ofuscantes devido ao sol. Para a documentação revi os livros de um artista do Oeste que tinha idolatrado muito no passado, Frederic Remington e procurei os DVD de grandes obras cinematográficas, desde “Ombre rosse” a “Il massacro di Fort Apache”, que podiam ajudar-me a render melhor as várias sequências. Em suma, posso dizer, que graças a Tex, rememorei um sonho, que finalmente se realizou”.
Texto de José Carlos Francisco, baseado na rubrica “Caro Tex…”, de Sergio Bonelli, inserida em Tex Nuova Ristampa nº 180 de 31 de Março de 2007.