Por José Carlos Francisco
Embora esta rubrica do blogue seja denominada de “Entre vinhetas“, o assunto que abordarei é “Entre capas“, ou melhor, entre um esboço inicial de uma capa e o resultado final dessa mesma capa.
Capa essa da história “O Homem de Atlanta“, editado no Brasil, pela Mythos Editora, em Março de 1999, no número 1 da colecção “Tex Gigante“, originária da série italiana ”Albo Speciale“, conhecida popularmente por “Texoni“, número 10, que deveria ser somente editado em 1997, mas ao ver o fantástico trabalho de Jordi Bernet, Sergio Bonelli não pôde resistir à tentação e alterou para Novembro de 2006 a aparição da história do criador de Kraken, tornando-se assim a primeira e única vez na história dos “Texoni” que uma segunda edição saísse num mesmo ano.
Como dissemos, “O Homem de Atlanta” aparece em Novembro de 1996. O seu escritor é Claudio Nizzi que para a ocasião fez um guião especialmente pensado para Bernet. Para ele cria uma personagem feminina à qual dá um grande protagonismo na narração para permitir o brilho do desenhador; algo que não é habitual nos argumentos de Nizzi, já que nos quais não abundam personagens femininas com verdadeiro peso nas histórias. No arranque da história, Tex e Carson encontram-se a caminho ante um pedido de ajuda por parte de Johnny Butler, um ex-oficial do exército confederado que salvou a vida a Tex durante a Guerra Civil Americana. E aqui é onde entra em jogo Lola Dixieland, cantora de salão e noiva de Johnny, que será quem serve de contacto entre o seu companheiro sentimental e os protagonistas.
E paramos por aqui, porque é precisamente sobre Lola Dixieland, a curiosidade que pretendo abordar, mais precisamente, a sua presença num primeiro esboço feito por Jordi Bernet, para a capa deste “Texone“.
Esboço inicial aliás, um pouco na linha das suas bedês eróticas, com a imagem da rapariga sentada sobre o piano, que faz lembrar a Marilyn Monroe no filme “Rio Sem Regresso“, como se pode ver nesta imagem ao lado.
Fica agora uma dúvida, que deixo ao critério de cada um tentar desvendar… teria sido o autor espanhol que pensou que estava a ir longe demais, até por ser a sua estreia (e única presença até ao momento) no Mundo de Tex? Foi o editor Sergio Bonelli que julgou que o desenho não se adequava à saga de Tex? Ou foi apenas um de vários esboços, optando o desenhador pela versão final, onde a imagem principal de Tex é a mesma do esboço acima, mudando totalmente o fundo, considerando este mais “natural”?
O que posso afirmar, é que foi pena o esboço inicial não ter sido finalizado (ou aprovado), porque está muito longe, apesar de tudo, das imagens provocantes que Jordi Bernet costuma desenhar e porque estamos na presença de uma série especial de Tex, como o próprio nome da colecção o prova.
Finalizo esta curiosidade, aproveitando para mostrar em todo o seu esplendor, o desenho de Jordi Bernet, que serviu então para a capa da história ”L’uomo di Atlanta”.
(Para aproveitar a extensão completa dos desenhos, clique nos mesmos)