Chamado de bandoleiro, mas na realidade fervoroso patriota (e por isso perseguido pelos tiranos contra quem combate), Montales é por excelência, o amigo mexicano de Tex Willer.
Quando aparece, no número 3 italiano, vem definido como “um homem de fibra que fez inimigos entre pessoas que hoje estão no governo“. Um rebelde, tal, como rebelde é Tex. Entre os dois inevitavelmente, nasce uma sólida amizade, destinada a durar longamente: Montales tornar-se-á uma das mais simpáticas “personagens recorrentes” da saga, envolvendo o ranger vindo do outro lado da fronteira na turbulenta atmosfera de um país que passa de um golpe de estado a outro. Terá a honra de ser citado no título de um álbum “Il ritorno de Montales) e estará presente na série até aos nossos dias, com os cabelos um pouco esbranquiçados e com o cargo de governador do México.
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QUEM É MONTALES
No decurso das suas aventuras, Tex Willer aventura-se frequentemente e voluntariamente para além das margens do Rio Grande, para dar uma mão ao amigo Montales, “um homem de fibra”, que de rebelde em luta contra o corrupto regime mexicano, tornou-se depois governador de um Estado, o de Chihuahua, politicamente em contínua ebulição.
Que coisa sucede, quando o revolucionário que luta contra o poder constituído abate finalmente os prepotentes contra os quais lutava em campo?
O habitual, encontra-se defronte da responsabilidade de substituí-los e, portanto é investido ao poder pelos que estão à sua volta.
Um belo gato para esfolar, porque não é garantido que quem demonstrou ser hábil com as armas, seja também entretanto a governar.
Montales, pelo contrário , é um revolucionário que superou a prova mais difícil, que não é aquela de vencer combatendo, mas aquela de convencer governando. De bandoleiro e revolucionário, a chefe de um pequeno bando, a general e governador, com o destino de um Estado nas mãos, o amigo mexicano de Tex, revela-se um daqueles raros homens em que a política não conspurca as mãos nem retira a coragem.
No momento do primeiro encontro com o nosso herói, Montales (de quem Gianluigi Bonelli jamais revelou o nome de baptismo) guia um grupo de cerca de vinte homens que têm o seu esconderijo na Sierra e que se batem contra o governo mexicano: não roubam gado, não assaltam pessoas. São denominados “bandoleiros” somente pela reacção à violência da trupe governativa, expressão de um regime tirânico que será substituído por um mais democrático executivo, liderado por Manuel Perez.
Com Águia da Noite a seu flanco, Montales consegue dar uma viragem fundamental à revolução, num crescendo de sucessos, devido também ao sólido contributo de Tex, que não tardou a tornar-se o estratega do grupo: “Até agora limitaste-te a descer a algumas aldeias para ires buscar víveres. Mas porque não atacas? Deverias espalhar o terror entre as tropas mandadas para ocupar esta província!“, é o primeiro conselho de Tex a Montales.
Em seguida, quando os revoltosos já tinham conquistado força e prestígio, o ranger não teve dúvidas: “Teremos de mudar de táctica de agora em diante. Teremos de procurar atingir os chefes, aqueles que estão cómodos e seguros atrás de uma secretária, e mandam os outros para o massacre. Temos de angariar a simpatia do povo, fazer os soldados entenderem que não lutamos contra eles, mas contra os espoliadores do país. Os soldados constituem um perigo dependendo dos chefes que os lideram, mas se os privarmos dos chefes, a quem obedecerão? Atirarão sem ter essa ordem contra aqueles que lutam para defender os pobres e oprimidos? Não, Montales!… Eles não dispararão. Eles passarão cada vez em maior número para o teu lado, Montales e tu tornarás não um célebre bandoleiro mas um herói nacional!“.
E as previsões de Tex, depressa se confirmam. Depois da fuga dos tiranos governantes, Perez é aclamado como Presidente do México, e Montales, de bandoleiro que era, encontra-se no cargo de Governador do Estado de Chihuahua.
A revolução está terminada, é hora de arregaçar as mangas e reconstruir o país.
Tex Willer e o amigo mexicano se encontrarão todavia várias vezes, e Montales sempre se mostrará digno da confiança de Águia da Noite, seja voltando a empunhar as armas, quando necessário, seja manobrando as rédeas do poder, se a situação assim o exigir.
Texto de José Carlos Francisco, baseado no fascículo nº 10 de “Il Mondo di Tex”, editado pela Hachette Fascicoli sob autorização da Sergio Bonelli Editore, em 11 de Fevereiro de 2006.