Argumento de Claudio Nizzi, desenhos e capas de Claudio Villa.
Com o título original Mefisto!, a história foi publicada em Itália nos nº 501 a 504 e no Brasil, pela Mythos Editora na primeira mini-série de Tex, publicada em Abril e Maio de 2004.
Narbas é um estranho feiticeiro hindu que se encontra numa tournée em Paris. Um das suas especialidades é fazer regressar do reino das sombras os espíritos perdidos. Eis que Lily Dickart, a irmã de Mefisto, agora condessa Leonov e a viver actualmente na cidade luz, anseia pelo regresso do irmão, propondo a Narbas que o traga de volta do reino das sombras. Mas Narbas precisa do cadáver do velho inimigo de Tex e a única pessoa que conhece o acesso ao segredo do castelo onde se encontram os ossos de Mefisto é Mambo Loa. Partindo de França com o seu marido, Lily Dickart viaja até à Florida para trazer de volta o velho Mefisto e a luta absoluta entre o bem e o mal vai finalmente recomeçar.
Mefisto é talvez o mais carismático inimigo de Tex, um daqueles que os leitores apreciam e anseiam, quer pela sua inteligência, mas também pelo facto de que representa o lado obscuro e a incarnação da magia na saga texiana. Daí que um filão destes pudesse sempre ser aproveitado, o que Nizzi em boa hora fez, apresentando aqui uma aventura muito interessante, iniciada cerca de sete anos antes da sua publicação.
O confronto com as anteriores aventuras escritas por G.L. Bonelli era difícil e as diferenças são notórias. Começa pelo facto de Mefisto desta vez rodear-se de simples homens, puros cowboys, ao contrário de Bonelli que sempre aliou ao velho feiticeiro seitas misteriosas, descendentes de aztecas ou índios hualpais. Em puro entendimento, parece-nos que Nizzi pretendeu sempre mais homenagear a personagem mais negra da série do que propriamente entrar em comparações com o homem que a criou. E é assim que esta aventura deve ser lida, no fundo como mais uma luta entre Tex e Mefisto, entre o bem e o mal mais diabólico.
Nizzi idealiza bem a aventura, com o regresso de Lily Dickart, agora uma poderosa condessa, casada com o conde Boris, um homem sem escrúpulos e que desde o início está do lado da mulher, revelando ser uma personagem interessante. Mas depois o autor foge de todas as características que Bonelli trouxe sempre para as aventuras com Mefisto, o lado misterioso e divino ou mesmo os ambientes secretos e misteriosos, para um confronto mais psicológico, baseando tudo numa cidade, onde o mal se rodeia de homens simples e onde Mefisto se esconde debaixo da identidade de um Dr. Parker que mais não é do que uma semelhança com o Dr. Fiesmot, revelando aqui alguma identidade com G.L. Bonelli.
Por seu lado, o desafio de Claudio Villa em desenhar esta aventura e compor Mefisto era também enorme. Mas o grande desenhador italiano soube sair da melhor maneira possível e o seu trabalho é mais uma esplêndida prova dos dotes daquele que é um dos melhores desenhadores de sempre na série.
Todo o seu trabalho é de uma expressividade estonteante, e cada desenho revela uma capacidade gráfica notável. O seu Mefisto é, numa palavra, estupendo, superior mesmo ao de mestre Galleppini, porque representa convenientemente um verdadeiro diabo em carne e osso. Os seus olhos, as suas expressões de ódio, de alucinação, de surpresa, revelam que estamos em presença de uma galeria de obras-primas na representação de uma só personagem, que por si só parece querer viver e sair dos limites que o papel a confina.
Texto de Mário João Marques
Muito boa idea de fazer mini-séries assim como nos Estados Unidos com os comics Marvel, Pode ser mais atractivo para os leitores.
Ademais é uma eventura muito gira, inédita em França, e que nao pude ler…
Foi a minha primeira história que li do TEx, e logo de cara trombei com o traço de Villa.